Quem diria! O Profeta João Batista, contemporâneo e parente de Jesus, dá um recado para os internautas do século XXI, que vivem da cultura midiática e da visibilização da imagem e, muitas vezes, nutrem aquilo que não são. O que aconteceu com João Batista? Segundo o relato do Evangelista São João, o Batista, foi confundido com o Messias e com uma personagem importante do Antigo Testamento, o profeta Elias.
João teve a chance de ser o cover de Jesus Cristo. Se isso tivesse acontecido, imagine os likes e quantos “seguidores” [discípulos] João teria conquistado a mais!
Se João fosse atrelado à cultura midiática, ele teria usado justamente isso ao seu favor. Possivelmente, teria os seus minutos de fama, na condição de subcelebridade e, provavelmente, teria sido convidado para uma apresentação especial para uma pequena plateia nos arredores do Templo. É comum, hoje, no mundo em que vivemos, encontrar muitas pessoas que tentam vender uma imagem que não têm e que, talvez, nunca terá.
João nunca foi movido pelo sucesso nem, muito menos, pela multidão que o acompanhava, porque, de um certo modo, já era “famoso”, pois era conhecido como o batizador. O sucesso não lhe subiu à cabeça. Apenas se identificava como “a voz que clama no deserto”. Eis a lição para os internautas: é bom recordar que não somos nem a última palavra, nem a única palavra, na verdade, nem palavra somos, mas apenas uma voz no deserto. É isso! João Batista é a voz, mas só Cristo é a Palavra.
O mundo hodierno esbanja um protagonismo de vozes, gerando ruídos ensurdecedores que tentam encobrir a Palavra. O que precisamos, de fato, é de vozes que reverberem a Palavra Revelada nos telhados, nas antenas, nas redes, com a discrição e a coragem de João Batista para dizer que “eu não sou”, pois é “necessário que Ele cresça [e seja] e que eu diminua” (Jo 3, 30).
O Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2024, afirma que “o desenvolvimento duma tecnologia que respeite e sirva à dignidade humana tem implicações claras para as instituições educativas e para o mundo da cultura”. É deste aprendizado que o mundo necessita: contemplar o imperativo da dignidade humana, através das diversas plataformas e instituições. É isso que acontece quando nos aproximamos de Cristo: descobrimos quem Ele é e quem somos nós.
Frei Jorge Rocha, (Ordem dos Frades Menores Capuchinhos)
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