Alerta para os substantivos abstratos

Por Sérgio Augusto*
 
Atenção! Músicos feirenses, em especial, cantores e compositores que sempre se deparam com inúmeros entraves para exercerem suas atividades artísticas neste município. Está aberto um dos espaços mais promissores e democráticos para que os talentos venham à tona.
Antes de revelar esta oportunidade quase única de obtenção de fundos, mediante as aptidões artísticas, darei algumas dicas para os letristas. Tenham sempre no repertório substantivos abstratos: lealdade, bondade, capacidade, humildade, dignidade, amizade, sinceridade, solidariedade, honestidade, habitação, transporte, lazer, segurança, educação, cultura, saúde, esporte, esperança, compromisso e ética.
Após esta dica, contendo uma série de palavras positivas, é óbvio que eu estou me referindo às eleições. Caros amigos compositores, desde que não comprometa seus valores éticos e morais, é época de ganhar dinheiro. Os substantivos abstratos têm grande relevância na estratégia de publicidade da maioria dos políticos.
O Brasil tem uma diversidade incrível de ritmos. Partindo desse pressuposto, quem melhor utilizar – nas canções – os inúmeros problemas sócio-políticos, econômicos, culturais e ambientais, associados com as supostas soluções, em 2010, terá uma ocasião favorável para fazer negócio. Os candidatos precisam aparecer como “Salvadores da Pátria”. Outra dica: usem a criatividade, mas exijam seus direitos (cachê).
 
 
Quem anda antenado com a realidade musical feirense, compreende o que eu estou dizendo. Há vários pontos que devem ser levados em conta a favor dos músicos locais. Entretanto, vale salientar que esta cidade sempre exportou grandes talentos para bandas famosas do Brasil e do mundo, inclusive as de peso do “Axé Music”.
 
Paradoxalmente, os setores públicos e privados costumam tratar com indiferença os artistas “Prata da Casa”, mesmo havendo um calendário extenso de festas, inaugurações e um número satisfatório de clubes, bares e casas de shows, além de poderosos meios de comunicação de massa.
 
É simplesmente inadmissível. Quando acontece um evento que é considerado importante, em Feira de Santana, o músico da “terra”, independente do tempo de carreira e performance artística, é persuadido para não cobrar cachê, ou na melhor das hipóteses, tocar por um valor bem abaixo do estipulado.
Portanto, nobres artistas feirenses tenham em mente os substantivos abstratos: união, coragem, valorização e informação para que seus sonhos não sejam também atropelados durante as campanhas eleitorais.
 
 
*Sérgio Augusto é músico e jornalista.

 

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