Luto

Voa uma alma libertária

Mainha foi uma estrela e um farol em nossas vidas.

Os primeiros dias de setembro de 2010 me colheram como uma tormenta. Aos 66 anos, minha querida mãe, Maria Angélica Barros Aras, partiu para uma outra história e uma outra jornada.

Socióloga, como meu pai, Angélica Aras, minha mainha, formou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) nos anos 1960. A formação e a ocasião levaram sua alma contestadora a lutar contra a ditadura militar e pela democracia. Foi perseguida. Para não ser presa como muitos de seus contemporâneos, refugiou-se na casa de parentes no interior da Bahia, enquanto meu pai dava fim a seus livros “subversivos” e também escondia-se no sertão de Canudos.

Nos anos 1970, Angélica Aras foi professora estadual, ajudou meu pai a gerir a extinta Gráfica Subaé e dirigiu a Biblioteca Pública Municipal Arnold Silva, em Feira de Santana.

Participou da fundação da Associação dos Sociólogos do Estado da Bahia (Aseb) e do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Incisa).

Trabalhou com menores infratores na extinta Fundação de Assistência a Menores do Estado da Bahia (Fameb). Depois, foi para a Secretaria Estadual do Planejamento, Ciência e Tecnologia, a antiga Seplantec. Mais adiante, ingressou na Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), onde coordenou cursos de capacitação de recursos humanos, até aposentar-se.

Muito católica, a filha caçula do comerciante Próspero Bacelar de Barros e da professora Alzira Ferreira da Silva Barros, não perdia suas missas nas igrejas de Itapuã e Stella Maris,  e não deixava de ir às praias de que tanto gostava. Muito simpática, alegre e comunicativa, fez amizades em todos os lugares onde esteve.

Seu corpo foi sepultado em 4/set, no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, na presença de seus amigos e familiares. Um padre celebrou sua vida e nós choramos juntos por sua memória. Seu espírito e seus ideais seguirão em mim, em meus irmãos Larissa e Leonardo, e em seus cinco netos.

Mainha foi uma estrela e um farol em nossas vidas. Com seu sorriso, iluminou nossas infâncias. Com suas palavras, nos fez crer em um mundo justo e solidário. Com suas mãos, nos entregou o futuro. Com seu imenso amor, nos fez antever as alegrias e nos encorajou para as lutas e tristezas da vida. Por tudo o que dela recebemos, só temos que agradecer à nossa madrecita! E prosseguir, confiantes no “até breve”, até esse belo lugar que (ainda) não vemos.

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