Saneamento e ensino técnico, dois dos temas mais abordados nesta campanha pelos dois principais candidatos ao Planalto, foram tratados à base de dados falaciosos e comparações distorcidas no debate de ontem. Uma tentativa de acusação de José Serra ao governo Luiz Inácio Lula da Silva acabou exemplificando, involuntariamente, mais identidades que diferenças entre as administrações dos arquirrivais tucanos e petistas.
Ao prometer zerar os tributos federais sobre o saneamento, Serra culpou Lula pelo aumento das alíquotas de PIS e Cofins, duas contribuições federais, sobre as obras do setor -um feito que, como outros do lulismo, tem suas raízes no tucanato.
Uma lei aprovada em 2002, último ano do governo FHC, mudou a forma de cálculo e elevou de 0,65% para 1,65% as alíquotas do PIS.
A mesma lei determinou que o mesmo deveria ser feito até 31 de dezembro de 2003 com a Cofins, cujas alíquotas saltaram, já sob Lula, de 3% para 7,6% -a mesma taxa de aumento utilizada no PIS. A proposta de Serra foi microscópica: a desoneração do saneamento traria um alívio de R$ 2 bilhões em uma arrecadação total de R$ 1,2 trilhão, somando União, Estados e municípios.