Feira de Santana

Sapateiros de Feira de Santana falam sobre dificuldades na profissão e necessidade de melhorias na Praça Senadinho

Um sapato, uma bolsa que podem estar prestes a serem descartados são recuperados e melhor aproveitados pelas mãos, pela precisão e capricho destes profissionais.

Rachel Pinto

A Praça do Senadinho, mais conhecida como Praça dos Sapateiros é localizada em frente a Prefeitura Municipal de Feira de Santana e abriga há mais de 40 anos dezenas de profissionais da área. O ofício é passado de geração em geração e se o assunto é conserto de algum calçado, bolsa, ou mochilas é na praça que é encontrada a solução.

Há mais de 46 anos trabalhando no local, Paulo Beirão conta que o sustento de toda a família vem do trabalho como sapateiro. Com a ajuda do filho ele fatura em média, R$ 50,00 a R$ 100,00 por dia e é esse dinheiro que garante as suas despesas semanais. “Chequei aqui em 1960. Faço todo tipo de costura manual e com máquina. Tem dias que faço até R$100,00. Meu filho divide o trabalho comigo e mantenho a minha família daqui”, diz.

O sapateiro conta também que no final e início do ano o movimento é menor em comparação com as festas juninas. Nesse período os consumidores optam por fazerem suas compras utilizando o cartão de crédito e os sapateiros ainda não utilizam deste recurso. Os serviços ficam concentrados na forma de pagamento à vista, ou quando o conserto fica pronto.

Sobre a concorrência com as grandes lojas de sapato, os baixos preços e a grande quantidade de promoções no setor, Paulo diz que não sente muita dificuldade e não vê a concorrência como um problema. “Dá para concorrer com as sapatarias porque as pessoas trazem pra fazer um serviço que sapataria não faz. Quando elas vendem o sapato, com alguns dias ele pode precisar de conserto. São serviços, que custam 10,00 até 30,00 e a gente faz”, explica.

Para Dinho Rasta, que também atua na Praça do Senadinho há mais de 30 anos a concorrência com as sapatarias pode ser considerada até como um ponto positivo. “Eu não vejo como um problema; enxergo como algo positivo. Eu vejo que se o sapato está saindo mais da loja e se ele estiver no pé do cliente e der defeito, o cliente vai vir para cá”, destaca.

Entre os serviços mais comuns realizados pelos sapateiros, há principalmente o conserto de calçados e também de mochilas, bolsas e bolas. Os serviços variam e com a modernização dos calçados a troca de solas que era muito comum, hoje pode ser substituída pelos solados emborrachados e vulcanizados.

Com tantas histórias e com tanto tempo em atividade, a Praça do Senadinho é muito frequentada pelos feirenses e muito conhecida pela capacidade dos sapateiros de consertar o que muitas vezes era considerado perdido. Um sapato, uma bolsa que podem estar prestes a serem descartados são recuperados e melhor aproveitados pelas mãos, pela precisão e capricho destes profissionais.

Algumas reivindicações da classe são em relação à necessidade de melhorias para o local e mais organização e estruturação. Paulo Beirão fala da necessidade de construção de boxes ou de barracas fechadas, que ofereçam melhor estrutura para o trabalho. “Nós precisamos de boxes, ou barracas fechadas para termos segurança para colocarmos a mercadoria. Tem dia que chegamos aqui e as barracas estão abertas. Desse jeito a gente não cresce e fica sem se multiplicar”, completa.

Com informações do repórter do Acorda Cidade, Paulo José.

Fotos: Paulo José/Acorda Cidade
 

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