Acorda Cidade
Quem nunca ficou incomodado com o ronco do passageiro ao lado em uma viagem? Agora, imagine dividir o quarto com um roncador? Com a proximidade das festas juninas, muita gente se programa para compartilhar uma casa no interior e curtir as comemorações. Mas isso pode não sair como planejado: dividir o quarto com outras pessoas pode acarretar em prejuízos no bom desempenho do sono e, consequentemente, nas atividades diárias.
“Quando alguém dorme ao lado de um roncador, normalmente acorda algumas vezes por conta do barulho. Com isso, não consegue completar as etapas do sono, interrompendo os processos metabólicos que garantem a recuperação do organismo. Nesses casos, no dia seguinte, é comum que apresente quadro de cansaço, sonolência diurna excessiva, dor de cabeça, estresse e dificuldade de concentração”, explica Kenya Felicíssimo, única cirurgiã-dentista na Bahia com título em Odontologia do Sono.
Segundo a profissional, ainda que a pessoa não seja, normalmente, um roncador, o consumo de bebida alcoólica antes de dormir provoca um relaxamento da musculatura da garganta, favorecendo o aparecimento do ronco. O cigarro também influencia: a fumaça quente provoca irritação na mucosa e diminui o espaço da via aérea para a passagem do ar. “As fumaças emitidas pelos fogos e fogueiras, principalmente as geradas pelas guerras de espadas, devido à alta concentração, irritam o sistema respiratório e podem agravar o quadro”, alerta Kenya Felicíssimo.
Tratamento do ronco
Caso seu companheiro de quarto comece a roncar, existem algumas dicas comportamentais que podem diminuir a ocorrência do barulho. “Indique que ele durma de lado, não faça uma alimentação pesada à noite, não ingira bebida alcoólica e não fume próximo ao horário de dormir. Estas dicas podem amenizar o quadro a curto prazo”, explica a profissional.
Kenya Felicíssimo salienta que o tratamento comportamental ajuda, entretanto, o tratamento com o aparelho intraoral individualizado promove a extinção do ronco durante o uso. “Trata-se de um dispositivo pequeno, indolor e discreto que, quando colocado dentro da boca, libera as vias aéreas”, indica.
Afinal, o que é o ronco?
“O barulho do ronco ocorre quando há o estreitamento das vias aéreas, o que dificulta a passagem do ar. Ao tentar respirar com maior força, o indivíduo treme o céu da boca, causando o barulho. Sua ocorrência, portanto, está relacionada à vibração dos tecidos moles da garganta (faringe)”, explica Kenya Felicíssimo.
Segundo a Associação Brasileira do Sono, 24% dos homens e 18% das mulheres de meia-idade roncam; 60% dos homens e 40% das mulheres acima dos 60 anos de idade roncam; e a maioria dos roncadores também apresenta apneia durante o sono. Entre as principais causas, estão o relaxamento dos músculos da garganta, excesso de tecido (hipertrofia de amígdalas ou adenoides, por exemplo) e obesidade (pelo acúmulo de gordura ao redor da faringe).
“Muita gente acredita que não, mas roncar com frequência é prejudicial à saúde do próprio roncador, que pode estar com a qualidade do sono ruim, acordando cansado e sonolento. Além disso, é um indicador de que a pessoa pode ter uma doença grave, a síndrome da apneia obstrutiva do sono, caracterizada por paradas respiratórias durante o sono de, no mínimo, 10 segundos”, esclarece a profissional.