Com o aumento do consumo impulsionado pelo crédito, mais brasileiros ficaram endividados e inadimplentes neste mês, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pela CNC (Confederação Nacional do Comércio).
O percentual de famílias que declararam possuir dívidas subiu de 58,0% em abril para 58,7% em maio e daquelas com débito em atraso passou de 24,4% para 25,1%. Os dados da pesquisa, feita com 17.800 consumidores desde janeiro deste ano, são coletados em todas as capitais do país e no Distrito Federal.
Carlos Thadeu de Freitas, economista da CNC e ex-diretor do Banco Central, destaca que "o consumidor está mais seletivo". Prova disso é que o percentual de famílias endividadas que apontam o cheque especial, que tem juros altos, como uma das formas de financiamento caiu de 9,5% para 8,8%, enquanto aquelas que indicam o consignado subiram de 3,5% para 4,6%.
"Eles estão ficando mais conscientes de que é preciso procurar crédito com custo mais barato", afirma. No entanto, a fatia relativa ao cartão de crédito, que também tem taxas elevadas, foi ampliada, de 69,8% para 71,2%.
Outro dado positivo apontado por Freitas é a queda no número de famílias que consideram que não terão condições de honrar as dívidas, que passou de 9,0% para 8,5%, mostrando a confiança no cenário econômico nos próximos meses, com crescimento do PIB, aumento no número de empregos formais e elevação da renda.
Consumo
De acordo com outra pesquisa da CNC também divulgada nesta quarta-feira, o acesso ao crédito foi um dos destaques na elevação do indicador de intenção de consumo, que teve expansão de 2,0% em maio ante abril.
Todos os sete componentes do levantamento registraram crescimento, entre eles as compras a prazo. A participação das famílias que perceberam maior facilidade na tomada de empréstimos cresceu 3,6 pontos percentuais nesse período, atingindo 62,1% dos entrevistados.
De acordo com a CNC, 19,1% das famílias endividadas neste mês têm um comprometimento superior a 50% da renda mensal, número próximo ao registrado em abril (19,6%). Freitas ressalta que esse percentual deveria ficar em, no máximo, 30%. "Passando disso, há maior probabilidade de o consumidor ficar inadimplente."
O economista reitera o momento "excelente" pelo qual passa a economia, mas chama a atenção para a esperada desaceleração no crescimento, que pode causar problemas aos mais endividados.
As informações são do folha Online