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Racismo e imprensa

Uma sociedade sem informação é uma sociedade estéril.

Vivemos em um momento midiático, diferente daquele em que nossos avós, pais e Zumbi dos Palmares viveram. Também temos consciência que a imprensa é responsável pela informação que produz, edita e distribui; e da importância disso para o desenvolvimento da sociedade. Uma sociedade sem informação é uma sociedade estéril.

GRAÇAS às novas tecnologias, ao advento das redes sociais na internet, à inclusão digital, ao acesso facilitado à informação, passamos de expectadores a produtores de conteúdos. Saímos da invisibilidade.

NESTE cenário, recentemente, uma jovem assistindo a um jogo de futebol em um estádio, passou de torcedora invisível a “personalidade” culpada por um ato de racismo. Uma imagem de segundos, captada por um dispositivo móvel e distribuída em redes sociais, multiplicou-se aos milhares e, por si só, condenou tal jovem, que virou “bode expiatório”.

A PERGUNTA é: quem errou? Aquela que cometeu um ato de racismo ou os que buscam incessantemente encontrar culpados para questões coletivas mal resolvidas? Personificar um ato isolado de discriminação não isenta a sociedade da responsabilidade por manifestações racistas em toda parte. Erramos todos! Esta na hora de aprendermos com nossos erros.

TUDO o que publicamos ganha interpretações diversas. A verdade pode ser única, mas tem muitas formas de ser escrita, fotografada ou filmada; e variadas formas de ser compreendida. Portanto, cuidemos o que publicamos. Isso vale para nós, para a imprensa e para o cidadão, novo produtor de informação. Racismo não se vence com incitamento público ao linchamento moral, mesmo que midiático, tampouco com violência brutal. Temos leis.

O PAPA João Paulo II, na sua visita ao Brasil, em 1997 disse: “Estes brasileiros de origem africana, merecem, tem direito e podem, com razão pedir e esperar o máximo respeito aos traços fundamentais da sua cultura”. Respeito aos afro-americanos é um desafio que nos interpela para viver o verdadeiro amor a Deus e ao próximo. E até que não tomemos todos consciência de que nós, seres humanos de todas as raças, somos iguais em direitos, deveres, e dignidade, celebremos o Dia da Consciência Negra.

+ Itamar Vian – Arcebispo Metropolitano
[email protected]

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