Entrevista

Especialista fala sobre causas, sintomas e tratamento da osteoporose

A reumatologista Ana Tereza esteve no programa Acorda Cidade para tirar dúvidas sobre o assunto.

Daniela Cardoso 

Esta semana comemorou-se o Dia Mundial da Osteoporose. Data propícia para esclarecer a sociedade sobre essa doença que se caracteriza pelo enfraquecimento dos ossos. A reumatologista Ana Tereza esteve no programa Acorda Cidade para tirar dúvidas sobre o assunto. Confira a entrevista.

Acorda Cidade: O que é a osteoporose?

A osteoporose é uma doença do osso, em que a pessoa perde a sua massa óssea e o osso fica enfraquecido. Não é uma doença das articulações, é uma doença própria do osso, que fica mais fraco e ao longo do tempo essa fraqueza leva a fratura. Se formos olhar o osso no microscópio, ele é formado por umas traves, e essas traves são grossas. Ao longo do tempo, com a osteoporose, essas traves vão ficando finas e vão se rompendo, então, isso deixa o osso mais frágil.

AC – Quais são as causa da doença?

São diversos os sintomas que levam à osteoporose. A osteoporose mais comum, a clássica, que nós mais falamos, é mais comum nas mulheres e ela acontece depois da menopausa. Quando ocorre a menopausa o ovário deixa de produzir alguns hormônios, ou, produz em níveis muito baixos. Esse estrógeno é um protetor do osso, ele mantém o osso forte. Então, quando a mulher entra na menopausa, com a baixa desse hormônio, o osso fica desprotegido, e aí, começa a perder cálcio, começa a perder a sua massa óssea. Mas algumas pessoas, independente do sexo, ou até da idade, podem ter a osteoporose por outras doenças ou por alguns remédios, como, por exemplo, o uso crônico de corticoide. Algumas pessoas que tem asma e usam muito o corticoide, podem ter osteoporose. Alguns pacientes que usam remédios para convulsão também podem ter osteoporose. Mas, uma coisa importante, é a parte genética. Então se a família tem por tradição ter o osso forte, geneticamente forte, certamente, essa pessoa vai ter menos chances de ter osteoporose. E algumas famílias, pelo contrário, têm o osso mais frágil, então, esses pacientes ficam mais predispostos a ter fratura.

AC – O uso de leite e derivados é importante?

Sem dúvidas. Hábitos de vida de uma forma geral. Daí, a gente inclui uma dieta rica em cálcio que, basicamente, é o leite e os derivados do leite, chamando a atenção que pode ser o leite desnatado. O leite desnatado tem uma quantidade excelente de cálcio se comparando ao leite integral. Todos os derivados do leite, como iogurte, tem bastante cálcio. Algumas folhas também são ricas em cálcio, principalmente, aquelas de cor mais escura, lembrando que a exceção é o espinafre. O espinafre atrapalha um pouco a absorção do cálcio no intestino, então não é muito bom para o osso.

AC – O café dificulta a absorção, ou é folclore?

Não é folclore não. Na verdade, o café pode favorecer a osteoporose, mas não porque dificulta a absorção intestinal de cálcio, e sim porque ele aumenta a perda de cálcio na urina. Ele faz com que nosso rim libere mais cálcio e, por isso, é orientado que as pessoas não devem se exceder de quatro xícaras ao dia.

AC – A osteoporose dá sinais?

Inicialmente não. Ela é tradicionalmente uma doença assintomática, ou seja, não tem sintoma ou tem pouquíssimos sintomas, como dores, porém muito inespecíficas.

AC – E como é que descobre?

Nos casos avançados, temos as alterações posturais, que é aquela famosa “corcova da viúva”. Aquela corcova nas senhoras mais idosas, que são bem curvadas. Mas o ideal é que não espere chegar nesse estado. Então, a forma que a gente tem de conhecer a quantidade de osso do nosso paciente é através de um exame que é muito rápido, fácil e que não é caro. Ele, inclusive, é feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que é a Densitometria Óssea. Esse exame nos dá vários dados, e um desses dados, é a quantidade de ossos que o paciente tem no esqueleto. Através daí, o médico, juntamente, com um exame físico, vai chegar a conclusão de qual é a melhor tratamento que esse paciente vai merecer. O ideal é que a pessoa seja tratada em um estágio antes da osteoporose, que nós chamamos de Osteopenia, que é um estágio que o paciente já perdeu uma massa óssea, mas não perdeu o suficiente pra ser caracterizada osteoporose, mas isso não quer dizer que não precise ser tratada. Inclusive, uns trabalhos mais novos, mostraram que a maioria das mulheres que tem fratura, tem nesse período da osteopenia. É importante, conversar, esclarecer sobre a doença, chamar a atenção para a importância das medidas preventivas, de hábitos de vida saudável, não só alimentação, mas também o exercício físico, a caminhada, que estimula a produzir um osso mais saudável.

AC – Quando a doença é identificada como é feito o tratamento?

O principal tratamento são as medidas de orientação, que são as dietas, exercícios físicos. Mas, uma vez que a paciente já tem indicação de tratamento, a gente tem a reposição do cálcio e da vitamina D, que é um hormônio importante e que parte da população tem em níveis baixos. Isso favorece a osteoporose. Além da suplementação do cálcio e da vitamina D, tem ainda os remédios propriamente ditos, que vão atuar no osso para prevenir que essa perda óssea se acentue ao longo dos anos.

AC – A osteoporose é mais comum em pessoas acima dos 50 anos?

Na mulher, a parir da menopausa. Então, normalmente é a parir dos 45, 50 anos. No homem é um pouco mais tarde, pois o osso é mais forte e a queda do hormônio masculino acontece mais tarde, então o osso se preserva por mais tempo. Mas o homem também desenvolve osteoporose, embora seja mais tarde, por volta dos 70 anos. Porém algumas vezes, quando o homem tem fratura, é um evento até mais agressivo do que na mulher, exatamente por ele fraturar em uma fase de mais idade.

AC – Quem já fez quimioterapia corre o risco de ficar com os ossos fracos?

A quimioterapia e a radioterapia são fatores de risco para uma perda de massa óssea e os oncologistas estão atentos a isso. A grande maioria já faz uma reposição de cálcio e vitamina D, além do uso de medicações para tentar prevenir essa perda de massa óssea. 

Colaborou o estagiário Thiago Mascarenhas 

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