Acorda Cidade
A Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), unidade de Feira de Santana, vai realizar mais uma ação de incentivo à doação de sangue, durante a programação de aniversário da Rádio Sociedade de Feira. A campanha ocorrerá no espaço Marcus Moraes na próxima segunda-feira (8), a partir das 8h. A coleta das bolsas de sangue é algo que pode ajudar a salvar vidas.
Para esclarecer dúvidas da população sobre como e quem pode doar, é que o médico José Rogério Carneiro, responsável pela unidade de coleta e transfusão do Hemoba em Feira, esteve no Acorda Cidade e foi o entrevistado da Sala do Povo nesta sexta-feira.
Acorda Cidade – O que é Hematologia e Hemoterapia?
José Rogério – A Hematologia estuda as doenças do sangue. A Hemoterapia é a logística de transfusão de sangue para as pessoas que precisam. Hoje quando a gente pensa em bolsas de sangue, a gente pensa logo em acidentes de carro, de motocicleta e na violência urbana. Então a gente fala que a doação de sangue é um ato de cidadania. E eu gosto sempre de frisar que a gente tem essa demanda grande de necessidade de bolsas de sangue para os pacientes que são vítimas da violência urbana. Mas nós temos uma demanda muito grande também para os pacientes que estão internados com patologias e precisam também de sangue. Isso porque tanto o fígado como o rim ajudam na fabricação do sangue; doenças que consomem o paciente como a tuberculose, a Aids, elas consomem muito também desses pacientes.
AC– Quem pode doar?
José Rogério – Qualquer pessoa entre 16 anos e 69 anos, sendo que abaixo dos 18 anos precisa da autorização dos pais. Pessoas que gozem de boa saúde, que tenham dormido bem, mais de 6 horas. Que não tenham feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas, que não tenham fumado em menos de duas horas, não estejam gripados, que não tenham feito nenhum tratamento cirúrgico nos últimos seis meses. E lá a gente vai fazer uma triagem, um questionário que é baseado no protocolo do Ministério da Saúde, com uma série de perguntas que a gente faz para a segurança de quem vai doar o sangue e para quem vai receber o sangue. Porque não adianta a gente ter uma quantidade grande de bolsas de sangue e não ter a qualidade desse sangue.
AC – Qual a influência do sono no sangue?
José Rogério – A pessoa pode passar mal doando sangue. Então é preciso que ela esteja bem descansada e bem alimentada. Isso é um ponto interessante para frisar, pois quando a gente pensa em tirar sangue a gente lembra logo dos exames de sangue, que são feitos em jejum. Mas no caso da doação de sangue não, a pessoa tem que estar muito bem alimentada e que não sejam também alimentos muitos gordurosos.
AC – Algumas pessoas têm medo de doar sangue. Tem algum problema de as pessoas passarem mal?
José Carneiro – Tem algumas pessoas que na hora que veem sangue passam mal. Elas têm uma espécie de síncope. Mas são problemas menores quando isso ocorre, pois a gente hidrata o paciente e ele sai de lá bem e não tem risco nenhum para poder doar o sangue. A gente lembra que vai ter essa campanha dia 8, e de 9 a 12 de setembro a gente vai estar lá na unidade coleta e transfusão no Clériston Andrade com uma campanha de doação de medula óssea, que é um cadastramento que a gente faz de medula óssea que salva vidas também. A medula óssea é uma indústria do sangue que a gente tem no corpo, e em alguns pacientes essa indústria de sangue não funciona, então ela precisa de uma nova indústria de sangue. A medula óssea é um líquido em gel que tem dentro dos ossos da gente, e a pessoa recebe uma anestesia, é retirado esse gel. É uma doação normal, mas primeiro a gente faz um cadastramento, ele vai entrar num banco de dados para comparar o sangue dele com um receptor aonde esse receptor estiver, porque esse banco de dados é nacional e internacional também. Então a pessoa é chamada, a gente faz uma nova avaliação e retira uma nova amostra de sangue e então ela vai ser encaminhada para o local onde vai ocorrer a doação de medula óssea. O procedimento é extremamente simples, a pessoa vai tirar um pouquinho dessa quantidade de sangue que tem dentro do osso, geralmente da bacia, ela é anestesiada, é um procedimento indolor. E essa medula óssea vai salvar a vida de uma pessoa.
AC – É verdade que a gente precisa sempre doar sangue, ou é mito?
José Rogério – É necessário doar sangue por um gesto de cidadania para a gente poder salvar vidas. O sangue da gente é sempre renovado a cada 120 dias. O próprio organismo faz isso. Lembrando que o homem pode doar sangue quatro vezes ao ano e a mulher três vezes ao ano por conta da menstruação da mulher.
AC – Quem usa piercing e tatuagem pode doar sangue?
José Rogério – A pessoa só poder doar sangue após um ano de ter feito a tatuagem, a mesma coisa o piercing, sendo que o piercing na cavidade oral e na região genital somente um ano depois de removê-lo. Isso porque são lugares que têm muitos micro-organismos e o piercing favorece uma contaminação. A tatuagem a mesma coisa, porque existe o risco de contaminação mesmo com toda a assepsia. Por isso o Ministério da Saúde recomenda que seja depois de um ano.
AC – Quem tem herpes pode doar sangue?
José Rogério – Se não estiver na vigência da doença, sim. Porque a herpes é intermitente. É um vírus que faz uma bolhinha no canto da boca, fere, a pessoa passa um creme e passa, a mesma na região genital.
AC – Quem fez tratamento de hipertireoidismo pode doar?
José Alfredo – Quem tem hipertireoidismo não. Só quem tem hipotireoidismo. Porque a tireoide é uma carne que a gente tem na frente do pescoço que produz substâncias que comandam o organismo da gente. Quem produz demais essas substâncias da tireoide, se torna uma pessoa agitada. E quem produz pouco é uma pessoa mais lenta. É um controle fisiológico do organismo da gente. Então a gente sempre raciocina sobre quem vai receber esse sangue. Então se você pensar em uma bolsa de sangue de quem está mais agitado em um paciente que está numa UTI, que já está com os órgãos trabalhando no limite, e você dá uma bolsa de sangue com algumas substâncias que vão aumentar o metabolismo dele, a gente pode colocar em risco a vida do paciente.
AC – Qual é o destino dessas bolsas de sangue doadas?
José Rogério – Os principais pedidos que a gente tem são do Hospital Clériston Andrade e o Hospital da Criança. A Fundação Hemoba é uma rede, e nós temos unidades de transfusão em diversas cidades como Alagoinhas, Camaçari, Itaberaba. Então onde estiver unidade hospitalar que estiver precisando de bolsa de sangue, a gente fornece. Hoje a média que a gente tem de pedidos são de 400 bolsas mensais, e a gente consegue coletar 300 bolsas. Por isso que a gente faz essas campanhas periodicamente.
AC – Quem tem menos de 50 kg pode doar? E quem teve Hepatite pode doar?
José Alfredo – Acima de 50 kg. É pelo peso, porque a gente pode tirar até 450 ml. Quem teve hepatite A não oferece problema e pode doar sangue. Quem teve Hepatite B ou C não pode doar sangue.
AC – Quais são as recomendações pós- doação de sangue?
José Alfredo – A gente pede que a pessoa não faça muito esforço físico depois de doar sangue. Beba muita água, que é para o coração não estranhar essa quantidade de líquido que saiu.
AC– Quem é diabético pode doar sangue?
José Alfredo – Se ele for um diabético tipo 2, ele pode doar sangue se ele tiver com a glicemia controlada. O diabético tipo 1 não, pois ele faz uso de insulina e ela pode alterar várias funções da pessoa que vai receber o sangue.