Acorda Cidade
– Não tem palavras, não consigo nem falar direito. Nosso time sofreu muito neste ano e batalhou para caramba para conquistar um título para essa torcida. Foi um ano inteiro de críticas, mas a gente nunca se abateu. A gente se fechou de tal jeito que ia ser duro perder aqui hoje. Eu já falei que se depender de mim eu vou ficar, mas é muita coisa envolvida. Não é só o Sporting, tem empresários também. Nem queria falar sobre isso antes dos jogos, focar só em vencer, mas agora, praticamente de férias, vamos pensar nisso com Walim, meu pai e o Sporting – disse o volante.
– Com 60 mil (torcedores), não poderia ser outro resultado a não ser o título. Mas para todos que estão aqui, queria dizer que a união faz a força, e a torcida empurrou o time. Não estou nem acreditando. Voltei do intervalo e falei que o gol do título eu faria, e Papai do Céu me abençoou. Agora é comemorar.
A conquista do Flamengo tem a cara de Jayme de Almeida, que ganhou a missão de conduzir um time destroçado pelo pedido de demissão de Mano Menezes após a derrota para este mesmo Atlético-PR, só que pelo Brasileiro, por 4 a 2. Dali a poucos dias aconteceria a primeira partida das quartas de final contra o Botafogo. Eliminar o rival, um mês depois, com uma sonora goleada por 4 a 0, deu liga ao elenco na competição, já credenciado por ter deixado pelo caminho o campeão brasileiro Cruzeiro. O
Rubro-Negro passou com certa facilidade pelo Goiás na semifinal, até chegar diante do Furacão, para fechar o ciclo, do quase apocalipse à redenção com a taça. No fim, o técnico foi cercado pelo jogadores, abraçado e consagrado como comandante do título. A torcida, no entanto, não esqueceu a atitude do antigo treinador e gritou palavras de ofensa a Mano após o apito final.
– Se estamos aqui comemorando, temos que agradecer ao Atlético-PR, porque, se não perdêssemos aquele jogo, não teríamos dado a virada. Agora estamos aqui comemorando esse título – disse o goleiro Felipe.
O primeiro tempo começou nervoso, como é bem comum em uma decisão. A bola queimava nos pés e, com isso, as jogadas combinadas eram raras. O Flamengo, dono de uma pequena vantagem e atuando em casa, sentia-se mais confortável. A arma do Furacão, como aconteceu na partida de Curitiba, era a velocidade de Marcelo. No entanto, sem Everton, suspenso, o atacante virou presa mais fácil para a marcação. Vanger Mancini optou por Felipe para o lugar de Everton, e o time paranaense, além de não ganhar poder de criação, sofreu com um buraco na frente da sua área. Um espaço, que, aos poucos, o time de Jayme de Almeida começou a aproveitar.
Entra em cena Luiz Antonio, que acabou eleito o melhor jogador da partida. O primeiro chute logo ali no início do jogo já mostrava que outra vez ele atuaria mais avançado, e Elias, mais contido. A medida, assim como já havia acontecido em Curitiba, confundiu a marcação do Furacão. Aos 11, em contra-ataque, o volante entrou sozinho pelo meio da área, mas Carlos Eduardo fez a opção errada pela esquerda e estragou uma jogada que parecia gol certo. A torcida, que apoiou o camisa 20 e gritou seu nome antes do apito inicial, contrariando um hábito frequente de vaias, foi ao desespero.
Embora Hernane insistisse em sair da área, trazendo os zagueiros para perto dos armadores, Luiz Antonio conseguiu quatro finalizações das sete do Flamengo na primeira etapa. Na mais perigosa delas, em cobrança de falta, acertou a junção da trave com o travessão. O Atlético-PR pouco ameaçava, só chutou uma vez ao gol de Felipe. A torcida empurrava. O Rubro-Negro controlava as ações.
Os times voltaram do intervalo sem alterações, e o panorama da partida também seguiu semelhante ao da primeira etapa nos primeiros minutos. Em uma escapada rápida, Hernane sairia na cara do gol, mas o impedimento foi incorretamente marcado. Insatisfeito, Mancini resolveu dar uma sacudida no time.
Sacou Felipe e lançou Delatorre. O Furacão adiantou as suas peças, passou a ocupar mais o campo adversário, e Jayme de Almeida contra-atacou. Para reforçar o sistema de marcação, colocou Diego Silva no lugar de Carlos Eduardo, que dessa vez saiu aplaudido e com o nome gritado.
Os esquemas de jogo mudaram, o tempo passou, mas Luiz Antonio seguiu sendo o jogador mais efetivo do meio-campo do Flamengo. O volante colocou a bola na cabeça de Hernane, que cabeceou mal, para fora. Com maior presença do rival no ataque, o rubro-negro carioca se desarticulou e começou a fazer faltas próximas de sua área, o que criou boas chances para os paranaenses. A torcida, que apoiava sem parar, ficou apreensiva. O Atlético-PR, com a necessidade de um gol, ganhou confiança e esboçou uma pressão, embora não tivesse quem carregasse com qualidade a bola até os atacantes. Paulo Baier, aparentemente cansado, não estava bem.
Paulinho quase marcou em contra-ataque, e a torcida sentiu que era hora de voltar com sua força. O Flamengo recuou para segurar o empate, e os dez minutos finais foram de roer os dedos para os dois lados. O Brocador acertou voleio que Weverton salvou. Em seguida, perdeu outra chance, mas Paulinho pegou o rebote, fez jogada sensacional em cima de Deivid, e deixou Elias na cara do gol para fazer 1 a 0.
O resultado já valia o título, mas faltava o gol de Hernane. E Luiz Antonio deixou o Brocador em condições de cumprir sua promessa e fazer um gol na decisão. Na comemoração, fez sinal com as mãos, indicando que a decisão acabara. E que as comemorações começavam. As informações são do globo esporte.com