Mês da consciência Negra
Projeto Sala de Cinema exibe filme sobre desigualdade, cultura e religiosidade afro-brasileira
Jardim das Folhas Sagradas conta a história de Bonfim (Antonio Godi), um funcionário de um banco, bissexual, negro e casado com uma evangélica que tenta levá-lo a um culto na sua igreja.
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Em homenagem ao Mês da Consciência Negra, o projeto Sala de Cinema convida a todos para o Cine Debate: Desigualdade, cultura e religiosidade afro-brasileira, que acontece nesta terça-feira (19), na Sala de Audiovisual da Biblioteca Central da Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana).
A mostra visa, a partir da exibição do filme "Jardim das Folhas Sagradas (2011)", ampliar o círculo de discussão acerca das várias vertentes de uma sociedade multicultural em constante movimento cujos valores devem ser visibilizados.
Sinopse
Jardim das Folhas Sagradas conta a história de Bonfim (Antonio Godi), um funcionário de um banco, bissexual, negro e casado com uma evangélica que tenta levá-lo a um culto na sua igreja, pois acredita que o marido está entregue ao demônio. O protagonista, porém, tem sua vida virada pelo avesso com a revelação de que precisa abrir um terreiro de candomblé. Com os espaços disponíveis cada vez mais raros, ele acaba procurando um lugar na periferia empobrecida e degradada. Afastado da tradição e questionando fundamentos como o sacrifício de animais, Bonfim cria um terreiro modernizado, o que lhe trará graves conseqüências.
Em diversas dimensões da sociedade local, o candomblé responde por considerável parcela do amálgama cultural da capital baiana. Sendo a Bahia o lugar onde a diáspora africana manteve mais acesas as práticas religiosas originais, a abordagem da vida da cidade do ponto de vista do povo-de-santo é, assim, repleta de significados e de importância.
O fio que tece a trama é o enfrentamento entre o candomblé – tradicional religião afro-brasileira ritualmente vinculada à natureza – e a expansão imobiliária, um dos fenômenos decorrentes do crescimento e da modernização de Salvador. A dimensão ecológica do candomblé se revela na necessidade de espaço e ambientes naturais adequados para sua liturgia. Historicamente, os terreiros dispunham deste estoque de natureza, ocupando os arrabaldes da cidade, áreas isoladas alcançadas depois pela expansão urbana. A escassez desses elementos desafia, hoje, a criatividade dos terreiros de Salvador. Kosí euê kosí orixá (“sem folha não há orixá”), ecoa o provérbio iorubá, enfatizando o efeito deletério da redução de espaços verdes e da degradação de reservas naturais.
A intensificação da ocupação do solo urbano de Salvador alterou profundamente a dinâmica dos terreiros e de suas comunidades, impondo-lhes crescentes restrições espaciais, em situações que obrigam a adaptações e diferentes saídas: a luta para consolidar posições e territórios, a transferência para áreas mais periféricas ou a mera extinção.
Ficha Técnica
Nome: Jardim das Folhas Sagradas
Origem: Brasil
Ano de produção: 2011
Gênero: Drama
Duração: 90 min
Classificação: Livre
Direção: Pola Ribeiro
Elenco: Antonio Godi, João Miguel, Harildo Deda, Evelin Buchegger, Aurístela Sá, Sérgio Guedes, Érico Brás.
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