Tradição

Velatio: entenda por que as imagens sacras da Igreja Católica são cobertas durante a Quaresma

O ato, também conhecido como Velatio, é uma tradição e indica o luto antecipado pela morte do redentor, Jesus Cristo.

Foto: Reprodução / Site Templário de Maria
Foto: Reprodução / Site Templário de Maria

Com a aproximação da Semana Santa, período em que a Igreja Católica Apostólica Romana relembra a paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo, é comum ver as imagens dos santos e crucifixos serem cobertos com panos na cor roxa. O ato, também conhecido como Velatio, é uma tradição e indica o luto antecipado pela morte do redentor.

O rito, que se iniciou por volta do século XVII, é uma forma de a Igreja sinalizar, para fiéis e não praticantes, que está vivendo um tempo diferente no calendário litúrgico. As imagens sacras são cobertas no 5º domingo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, onde católicos fazem penitência e preparação espiritual.

A prática milenar, que não tem caráter obrigatório, se encerra na Semana Santa. Tradicionalmente, os crucifixos são descobertos na Sexta-feira da Paixão, durante a adoração da Santa Cruz, e as imagens dos santos são descobertas na vigília pascal, realizada no Sábado de Aleluia.

A cor roxa

O padre Gerson Figueiredo, vigário judicial da Igreja Católica e pároco da Paróquia São Vicente, explicou em entrevista ao Acorda Cidade que o ato de cobrir as imagens sacras com um pano na cor roxa é mais um indicativo de que a Igreja está vivendo um momento especial.

Foto: Reprodução / Site Templário de Maria

O padre explicou que a cor não foi escolhida aleatoriamente e que, na tradição cristã católica, o roxo está associado à penitência e ao sentimento de transformação que o período exige. Fazendo analogia ao espectro de cores, o vigário afirmou que, da mesma forma que a cor roxa não é totalmente clara ou escura como branco e preto, respectivamente, os seres humanos não estão totalmente salvos ou perdidos pelo pecado.

Padre Gerson Figueiredo
Padre Gerson Figueiredo | Foto: Arquivo Pessoal

“É uma cor intermediária para dizer que nós não estamos totalmente salvos e que precisamos sempre da graça de Deus. Nós não nos salvamos por nossas próprias forças, mas nós também não estamos perdidos na escuridão e a cor roxa representa esse momento de mudança. Que nós não estamos totalmente no escuro, mas também nos falta a claridade maior da luz”, disse o padre.

Uma mensagem concreta

O vigário afirmou que o ato de cobrir as imagens, assim como outros ritos feitos exclusivamente na Semana Santa, são uma forma de fazer com que os fiéis se lembrem do sacrifício feito por Jesus. Gerson frisou que, ao cobrir as imagens com o pano roxo, a Igreja faz referência à atitude de Jesus, de cobrir simbolicamente a humanidade com um manto vermelho, cor do próprio sangue.

“A Igreja deseja, com a cobertura das imagens do crucifixo, despertar o coração humano para o arrependimento, para o perdão dos pecados, para o bom propósito de não mais pecar. E nesta época em especial, Jesus nos ajuda a obter esse perdão, visto que a primeira palavra que ele falou no alto da cruz foi uma palavra de perdão. Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem. Lucas 23, 34.”

Cena do Filma A paixão de Cristo (2004)
Jesus Cristo crucificado | Foto: Reprodução / Cena do Filma A paixão de Cristo (2004)

Um Convite Especial

O padre Gerson Figueiredo disse ao Acorda Cidade que todo o momento da Semana Santa é um convite a uma reflexão pessoal. Assim como o ato de encobrir as imagens dos santos, o período é uma excelente oportunidade para uma transformação interna e externa.

“Jesus espera uma mudança de nosso coração, mudança daquelas práticas que não são boas, que são ruins como a corrupção, imoralidade, traição em qualquer nível e perspectiva, a desonestidade, a falsa ideia de felicidade, a busca do prazer pelo prazer. Tudo isso precisa ser deixado para trás e devemos seguir um caminho correto, um caminho de hombridade. O Senhor espera de nós essa mudança”, finalizou o padre.

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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