Cirurgia para retirada das agulhas de criança foi um sucesso

Para localizar as agulhas, foi necessária a realização da parada circulatória da criança, realizada por uma máquina durante a cirurgia, e a abertura da cavidade torácica.

 


Foto: Almiro Lopes

Uma equipe de cirurgiões do Hospital Ana Neri conseguiu retirar, na noite desta sexta, quatro agulhas, duas do pulmão e duas na região do coração do pequeno M.S.A., de 2 anos. A informação foi divulgada pela assessoria de comunicação da unidade médica no princípio da noite.  A previsão de tempo da operação era de seis horas.

Até à meia-noite desta sexta, a assessoria do hospital não divulgou detalhes do procedimento cirúrgico. Um novo boletim com informações sobre o estado de saúde da criança após a cirurgia deve ser disponibilizado pela equipe médica até as 11 horas deste sábado. Juntamente com o boletim, será disponibilizado também o arquivo dos exames de imagem feitos para localizar as agulhas no corpo.

O garoto deverá passar ainda por cirurgia na área abdominal e cervical. O menino teve cerca de 30 agulhas introduzidas no corpo pelo padrasto Roberto Carlos Lopes, que diz ter cometido o crime por vingança contra a mulher, que tinha ciúmes dele.

“Nossa prioridade é detectar o que está colocando a vida dele em risco. Lugares que podem piorar a situação, se permanecerem lá”, disse o diretor do hospital, Francisco Reis, após afirmar que o garoto terá de conviver com algumas agulhas no organismo e ser acompanhado por toda a vida pela possibilidade de migração pela corrente sanguínea.  “Parte delas (agulhas) está alojada em local de difícil acesso e podem acabar sendo envoltas em um tecido de cicatrização, gerando uma fibrose. Outras ainda não causaram danos em outros órgãos”, afirmou Reis.

Órgãos vitais – O comprometimento de órgãos vitais foi o critério utilizado para montar a estratégia das cirurgias, que ocorreram em etapas. Segundo a equipe médica responsável pela operação, na primeira intervenção seriam retiradas as duas agulhas inseridas no coração, uma transfixando o ventrículo esquerdo e outra no pericárdio – membrana que reveste o coração –, que apresenta quadro de infecção, para logo em seguida partir para o pulmão.

Quatro médicos, além do anestesista, formaram a equipe do procedimento. “Nossa preocupação é o comprometimento da ventilação do garoto que ainda respira sem necessidade de aparelhos. Mas toda cirurgia cardíaca é de risco, ainda mais com a vigência de um processo infeccioso”, contou a coordenadora da cardiopediatria, Isabel Guimarães.

Para localizar as agulhas, foi necessária a realização da parada circulatória da criança, realizada por uma máquina durante a cirurgia, e a abertura da cavidade torácica. Com a ajuda de afastadores, os médicos pretendiam chegariam ao coração para retirar as agulhas com uma espécie de pinça. “É necessário parar o coração para atuar de forma mais precisa”, explica Isabel.

Se depender da auxiliar de enfermagem Gildete dos Santos, 65, o garotinho M.S.A. tem diversão garantida. Já conhecida pela participação nas festas cívicas e populares por se trajar de verde e amarelo, ela saiu de sua casa no  bairro de Massaranduba e foi ao Ana Neri com uma missão. Em uma sacola, adesivos com temas natalinos, um boneco de Papai Noel, um carrinho azul com cavalos e uma bola azul foram levados para presentear a criança. “Ele precisa saber  que o mundo não é sofrimento. Ele vai sair dessa. Estou rezando para isso. Quero fazer ele sorrir com  esses brinquedos”, disse.
 

Informações do A Tarde

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