
O prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (União Brasil), acredita que a paralisação das aulas da rede pública municipal, anunciada pelo sindicato dos professores (APLB) para ocorrer de 31 de março a 2 de abril, tem motivações políticas. A fala do gestor foi feita durante uma entrevista ao programa Acorda Cidade na manhã desta quinta-feira (27).
“A cidade inteira sabe que há uma instituição envolvida dentro desse processo que age rigorosamente de uma maneira partidária. Aquele sindicalismo sem partidarismo de antigamente, com Eduardo, Germano, não existe mais. Eu acho que a vida é feita de diálogo, discussões, debates, e o governo está sempre disposto a sentar, discutir, debater os assuntos, mas fazer o que está às suas condições”, disse José Ronaldo.
Cronologia dos fatos
No dia 18 deste mês de março, professores e integrantes da APLB realizaram uma manifestação em frente ao prédio da Secretaria de Educação de Feira de Santana. O ato pedia um retorno da prefeitura sobre 13 itens solicitados pela categoria.
Na época, em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da APLB, professora Marlede Oliveira, afirmou que o sindicato esperaria um retorno da prefeitura até o dia 25 e, caso a categoria não fosse atendida, realizaria naquela data uma assembleia para mapear os próximos passos.
Na data limite e após o final do prazo, seguindo o cronograma anunciado, os professores da rede municipal de ensino de Feira de Santana decidiram paralisar as atividades de 31 de março a 2 de abril como um alerta.
Impasse orçamentário
Durante a entrevista, o prefeito lembrou que a Secretaria Municipal de Educação emitiu uma nota reafirmando o compromisso da pasta com os profissionais da educação e disse que a gestão fará o possível para atender as solicitações na forma da lei.
“O município não vai agir de forma irresponsável e fazer algo que não tenha condição. O que nós faremos é o que a gente fez a vida inteira: agiremos rigorosamente de acordo com a lei. O que a lei determinar, nós faremos; o que a lei não determinar, nós não faremos”, disse.
Lista de solicitações
A lista de reivindicações dos professores contém pontos que a categoria considera essenciais para a manutenção da qualidade do ensino e a valorização da carreira dos profissionais. Algumas das solicitações são:
- Pagamento do piso nacional;
- Enquadramento de carga horária;
- Mudança de referências;
- Concessão de licenças-prêmio e licença pecuniária;
- Reserva de carga horária para professores Reda e da EJA;
- Reformulação do plano de carreira.
José Ronaldo explicou que, apesar do caráter de urgência, a prefeitura deve analisar individualmente as reivindicações, ação que, em alguns casos, precisa da colaboração de outras pastas além da Secretaria de Educação.
“Tem assuntos que precisam ser analisados com a Secretaria de Administração, com a Procuradoria do Município. O secretário de educação [Pablo Roberto], com seus conhecimentos a respeito do assunto, com certeza absoluta já conversou e está disposto a sentar e continuar a conversar.”
Uma coisa de cada vez
José Ronaldo disse que, em todas as ocasiões em que foi prefeito, sempre tratou com atenção as reivindicações dos professores e nunca deixou de realizar enquadramentos, mas que, nesses três primeiros meses de governo, teve que se dedicar a assuntos que ele considera um pouco mais urgentes.
“Era muito chato você acordar de manhã, levantar e ficar ouvindo [no programa Acorda Cidade] pessoas falando que tinham dois, três meses sem receber, com dificuldade de sobreviver. Isso dói muito na gente, isso incomoda muito a gente. Então, a nossa luta era justamente fazer esse processo. Acho que evoluímos nessa questão, mas continuamos fazendo um trabalho criterioso de levantamentos”, disse.
O prefeito afirmou que, além do compromisso de quitar os salários atrasados com funcionários, o município vem desenvolvendo outras ações para fortalecer a educação, como o anúncio da convocação de cerca de 190 professores aprovados no último concurso, divulgado no Diário Oficial desta quinta-feira (27), e a aquisição de novas carteiras para as escolas.
Canal aberto
José Ronaldo colocou um ponto final no assunto da greve durante a entrevista, ressaltando que está aberto, junto com toda a gestão, a dialogar com a categoria, deixando claro que, se o município não tiver condições de atender qualquer ponto, não vai enganar ninguém.
“Ninguém faz nada com uma varinha de condão ou com ‘espelho, espelho meu’, não é assim. Devemos buscar a realidade dos fatos e analisar caso a caso. Farei o que estiver ao meu alcance de forma responsável. O secretário de Educação, a secretária de Administração e o procurador do município estão à disposição para sentar, discutir e debater o assunto”, concluiu o prefeito.
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Daniela Cardoso
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