Na última quarta-feira (26), a Justiça Federal decidiu manter o bloqueio dos recursos oriundos de precatórios da educação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) em Feira de Santana até que sejam esclarecidas as controvérsias jurídicas sobre a destinação dos valores.
Ao Acorda Cidade, o advogado representante da APLB Sindicato, Maximiliano Ataíde, explicou que a decisão judicial impede a Prefeitura de realizar o rateio dos precatórios ou contratar um banco para distribuir os recursos, enquanto não houver consenso sobre a validade do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado pelo Ministério Público e a prefeitura.
“O juiz determinou que essa controvérsia jurídica gerada pelo não cumprimento do dever do município de respeitar a participação da APLB como única representante dos professores tem que ser resolvida e que só vai poder liberar o valor depois que o município sentar com a APLB e a gente fizer nosso TAC, com a APLB convalidando essa questão do TAC ou a questão da liberação. O que o juiz não aceitou é que, diante de uma clara discussão sobre a validade do documento, o município pudesse prosseguir sem a participação da APLB”, destacou o advogado ao Acorda Cidade.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região admitiu a participação da APLB como terceiro interveniente no processo, reconhecendo sua legitimidade na defesa da verba dos professores. Devido a controvérsias sobre a legalidade na destinação dos recursos, foi determinado o bloqueio dos valores e solicitado ao Ministério Público (MP) a formalização do TAC.
A APLB Sindicato alega que o acordo firmado pelo município apresenta irregularidades, entre elas:
- O TAC contraria a lei municipal sobre a venda de precatórios, que exigia a participação da categoria nas negociações.
- Professores têm o direito de participar do acordo, pois são os titulares do direito ao recebimento das verbas, e correm o risco de sofrer prejuízos.
- Falta de transparência nos critérios de distribuição dos recursos e exclusão do Sindicato da formalização do TAC.
- A antecipação pode reduzir valores destinados à educação, representando um risco.
Ao Acorda Cidade, o advogado ainda ressaltou que a APLB não é contra a antecipação dos pagamentos, mas defende que a entidade deve estar presente na formalização do acordo.
“A partir do momento que o município parar e discutir a decisão judicial e convocar a APLB para a gente poder sentar e definir isso de uma vez por todas, não tem problema porque a APLB não é contra pagamento do TAC, o que a APLB é contra, é a gente ter ganhado o direito de fazer o TAC com sua participação, ganhado o direito do professor receber o valor, e está sendo excluído. É uma discussão que temos que convalidar, temos que estar presentes”, afirmou.
A decisão da Justiça Federal reforça que o impasse pode ser resolvido caso haja um novo acordo entre as partes, com a participação do sindicato. Até lá, os recursos seguem bloqueados, e o caso aguarda manifestação do Ministério Público sobre a validade do TAC.
O que diz a prefeitura
O Procurador Geral do Município, Guga Leal, também conversou com o Acorda Cidade para contrapor a fala do advogado. Ao Acorda Cidade ele disse que segundo uma decisão judicial de 2023, tanto a APLB e/ou a prefeitura poderiam procurar o MP para formalizar o pagamento dos precatórios.
“A APLB e/ou município, então significa que juntos ou separados, devem procurar o Ministério Público Federal e/ou o Estadual para viabilizar o Termo de Ajuste de Conduta para que se garanta o emprego de 60% em prol dos servidores públicos substituídos”, disse o procurador, destacando o que dizia na decisão judicial.
Segundo Guga, neste sentido que a prefeitura buscou o MPBA e assinaram o TAC no último dia 10 de fevereiro para concluir a antecipação dos 60% dos recursos do Fundef. O que ele justifica é que não era necessária a participação da entidade, apenas de um dos dois (Prefeitura ou APLB) para concluir essa etapa.
No momento, a APLB também repudiou a assinatura do termo, sem a participação da entidade.
De acordo com Guga, no documento que saiu na quarta (26), a decisão do juiz se mantém referente a de 2023.
“Os valores permanecem bloqueados desde aquela data de 2023, até que a Prefeitura divulgue quanto será o deságio, quanto será que cada professor vai receber. Então não tem nenhum tipo de suspensão de precatório, não tem nenhum tipo de suspensão de valores. Os valores já estavam bloqueados desde 2023”, disse ao Acorda Cidade.
Ainda conforme Guga disse em entrevista, é obrigatório ainda que o TAC passe para a homologação do Conselho do Ministério Público em Salvador. Ele será votado em sessão para ser homologado ou não. Só depois, ele retorna para que a prefeitura junto a homologação nos autos do processo.
“Não mudou nada, a gente tem que acalmar os professores, porque o interesse do município é que todos eles recebam os valores, de acordo com quem quer antecipar, não é obrigatório antecipar, é com quem quer antecipar”, acrescentou o procurador.
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