Salvador
Coreógrafa vai processar a Gol por veto ao neto em voo
'Espero conseguir dinheiro para terapia genética', diz coreógrafa. Criança de 3 anos tem doença que causa bolhas na pele.
Acorda Cidade
A coreógrafa Deborah Colker afirmou nesta terça-feira (20) que vai entrar na Justiça contra a Gol, após o constrangimento passado por seu neto de 3 anos – que tem uma doença de pele chamada epidermólise bolhosa – em voo da companhia na segunda-feira (19). A aeronave só decolou após um médico da Infraero ter sido chamado e atestar que a doença não era contagiosa.
"Vou processá-los, quero que sirva de exemplo para que não aconteça com nenhuma doença rara. Doença faz parte da vida, temos que proteger essas crianças. São crianças frágeis, que precisam ser protegidas, não atacadas. A Gol vai ter que servir de exemplo", afirmou, acrescentando que o dinheiro da indenização deverá ser usado para ajudar a financiar pesquisa científica. "Espero reverter isso, conseguir dinheiro para terapia genética no Brasil, não quero dinheiro pra mim. É uma causa que luto há muito tempo, agora explodiu. Todo mundo vai pensar duas vezes antes de abordar", completou.
A Gol se manifestou, ainda na segunda-feira (19), sobre o caso em nota: "A GOL preza pelo respeito aos clientes e as normas de segurança. Em relação ao voo G3 1556 (Salvador/BA – Rio de Janeiro / RJ), esclarece que está analisando o ocorrido e tomará as medidas cabíveis.".
Colker afirma que está habituada a viajar com a criança, inclusive para outros países, e que essa foi a primeira vez que enfrentou problemas em um voo. "Nós fomos de Gol para a Bahia na sexta-feira. Meu neto tem pai baiano, irmã baiana, costuma fazer esse trajeto. Ele já viajou para os Estados Unidos, Chile, foi a Chicago comigo sem problemas. Explicamos no check in do que se tratava, fomos para a sala de espera, entramos no avião, sentamos e já estávamos de cinto", conta.
A coreógrafa diz ainda que a família foi abordada por três profissionais diferentes, que pediam um atestado médico sobre a doença da criança. "Precisamos de atestado médico, diziam, e eu argumentava que já tínhamos explicado que era uma doença genética, mas só falavam que eram regras. Cheguei a falar até com o piloto", lembra ela, que considerou a abordagem da tripulação da Gol "totalmente deselegante e despreparada".
"No check-in a gente já tinha dito que ele tinha essa doença, que não era contagiosa. E mesmo assim, depois de ter ficado na sala de espera, de ter entrado no avião, começou essa abordagem na frente do Theo, na frente de todo mundo, de uma maneira completamente deselegante, despreparada", disse mais cedo Deborah Colker, em entrevista à GloboNews. "É um absurdo".
Para Deborah, a tripulação deveria ter agido com discrição, poupando a criança de qualquer constrangimento. "Me chamava no canto, é assim que se faz. Vieram pra tirar a gente do avião. Já que queria atestado, como se pede dentro do avião inteiro?", comentou, acrescentando que seu neto notou que havia algum problema.
"Ele percebeu que era com ele, a mãe chorava, o pai nervoso, todos olhando para ele, outras crianças vinham, uma situação constrangedora", contou a coreógrafa. "No táxi, perguntei e ele disse que falavam dele. A gente explicou que todo mundo estava do lado dele. À noite, ele disse a um dançarino amigo nosso que 'tinha um homem e uma mulher muito chatos dentro do avião, mas todo mundo ficou junto comigo'. É uma criança muito cognitiva, observadora".
Epidermólise bolhosa
De acordo com a médica Valéria Petri, professora do Departamento de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a epidermólise bolhosa é uma doença genética rara em que, devido à falta de adesão entre as células da epiderme, qualquer traumatismo – ainda que leve – pode levar ao descolamento da pele.
“A epidermólise bolhosa não é uma doença infectocontagiosa. Os pacientes podem viver uma vida livre e feliz e frequentar ambientes públicos normalmente. É profundamente lamentável que isso tenha acontecido”, diz a dermatologista, referindo-se à situação vivida pela família de Deborah Colker.
Ela sugere que, para evitar constrangimentos como esse, os pacientes levem consigo uma declaração médica de que a doença não traz absolutamente nenhum risco de contágio. “O mesmo problema acontece com pacientes de psoríase e vitiligo, que também não são doenças contagiosas, mas passam por situações parecidas.” As informações são do G1.
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