A formação de profissionais nas áreas de ciências exatas e tecnologia tem sido alvo de debate em instituições de ensino brasileiras, diante do elevado índice de evasão nos cursos que exigem domínio de matemática. O fenômeno acende um alerta sobre o impacto na qualificação da mão de obra para setores estratégicos da economia.
Apesar da relevância das ciências exatas no currículo da educação básica, especialmente para estudantes que almejam carreiras como engenharia civil e tecnologia, o Brasil enfrenta um cenário preocupante: o número de concluintes nessas áreas está em queda, ampliando o déficit de profissionais no mercado e deixando vagas sem preenchimento.
Uma das principais causas desse problema está na deficiência do ensino básico. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicam que 95% dos estudantes concluem o ensino médio sem o nível esperado de conhecimento em matemática, o que compromete a continuidade dos estudos em cursos superiores da área.
Além disso, dificuldades socioeconômicas representam um obstáculo significativo. Muitos estudantes enfrentam limitações financeiras para cursar graduações de exatas, que costumam ter custos mais elevados, tornando o acesso à formação ainda mais restrito.
O cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do ensino de matemática e à ampliação de incentivos para a formação em áreas estratégicas, garantindo a qualificação profissional e o suprimento da demanda do mercado.
Desafios e importância da qualificação do ensino de matemática no Brasil
O ensino básico desempenha um papel fundamental na formação acadêmica dos estudantes, servindo como alicerce tanto para a escolha profissional quanto para o ingresso no ensino superior.
Nesse contexto, a matemática e suas vertentes – como física, química e ciências da natureza – são disciplinas essenciais para o desenvolvimento do raciocínio lógico e a construção de competências fundamentais para diversas carreiras.
No entanto, despertar o interesse dos alunos por essas áreas segue sendo um grande desafio para os educadores. A necessidade de estratégias pedagógicas que aproximem o ensino da realidade dos estudantes é cada vez mais evidente, exigindo investimentos em metodologias inovadoras que tornem o aprendizado mais atrativo e eficaz.
A qualificação do ensino de matemática, portanto, é um fator determinante para a ampliação do acesso às carreiras de ciências exatas e tecnologia, setores estratégicos para o desenvolvimento do país.
O reflexo do déficit no ensino de matemática nas universidades
O baixo desempenho em matemática no ensino básico tem reflexos diretos no acesso às graduações em ciências exatas e tecnologia no Brasil. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que apenas 17% das matrículas em universidades do país estão concentradas em cursos de tecnologia, engenharia e matemática.
O índice evidencia a dificuldade dos estudantes nessas áreas, resultado de lacunas na formação básica que comprometem o preparo para cursos que exigem maior domínio da disciplina.
O cenário reforça a necessidade de investimentos em ensino de qualidade e metodologias mais eficazes para estimular o interesse e a capacitação dos alunos em matemática e suas aplicações e reflete diretamente no mercado, que sofre com a falta de profissionais.
Falta de profissionais de exatas ameaça economia e infraestrutura no Brasil
A escassez de profissionais qualificados nas áreas de ciências exatas tem gerado impactos diretos na economia brasileira, especialmente no setor industrial, que depende de mão de obra especializada para manter seu crescimento.
A demanda por profissionais formados em uma faculdade de Engenharia Civil é um dos principais desafios, já que a falta de engenheiros compromete a execução de projetos de infraestrutura no país.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil precisa de aproximadamente 60 mil engenheiros por ano, mas até 2010 formava menos da metade desse número. Esse déficit não apenas restringe a expansão de obras essenciais, como também limita a inovação e a competitividade do país no cenário global.
O diretor da faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor Hélio Antônio da Silva, aponta que a dificuldade na assimilação dos conhecimentos matemáticos no ensino básico impacta diretamente a formação de profissionais na área de exatas.
Diante desse cenário, especialistas destacam a necessidade de investimentos em educação e políticas de incentivo para ampliar o acesso às áreas de engenharia, tecnologia e matemática, garantindo a qualificação da mão de obra e impulsionando o desenvolvimento econômico do país.
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