Diversos condomínios de Feira de Santana estão apostando na criação da galinha-d’angola (nome científico: Numida meleagris) para combater o aparecimento de animais peçonhentos. A medida tem se tornado uma prática cada vez mais comum, pois o popular saqué é o predador natural de escorpiões, baratas, insetos e cobras de pequeno porte.
O Acorda Cidade conversou sobre o tema com Everaldo Santana, gerente de um condomínio no bairro Lagoa Salgada, e Márcio dos Santos, síndico de um condomínio no bairro SIM. Eles detalham como está sendo a experiência de contar com os saqués no combate ao aparecimento de escorpiões.
“Os moradores que viram em outros condomínios, não só aqui em Feira de Santana, mas também em outras cidades do interior, deram essa ideia para a gente. Nós fizemos o teste e deu certo. A maioria dos condomínios vem implantando e, após a gente colocar as galinhas-d’angola, diminuiu bastante o aparecimento de escorpiões”, disse Everaldo Santana, gerente do condomínio Parque das Cores.
“O aparecimento de escorpião era bem frequente. Os moradores ficavam receosos, pois apareciam nos quintais, nos ralos dos banheiros. E a gente viu diminuir esse aparecimento após a implantação dos saqués”, disse Márcio dos Santos, síndico do condomínio Terra Nova 1, afirmando que a ação também foi tomada após solicitação dos moradores.
O preço da expansão humana
Durante a entrevista, os responsáveis pelos condomínios reconheceram que o aparecimento de animais peçonhentos é uma resposta ao fato de que os dois empreendimentos foram construídos em antigas áreas de natureza, locais comuns para a vida desses animais.
“Nosso condomínio está situado no local onde era uma lagoa e parte dela foi aterrada para construir as casas, o que restou da lagoa fica ao fundo do condomínio. Então sempre aparece cobra, escorpião, aranha, lacraia, esse tipo de bicho, por estarmos muito próximos à lagoa. E quando chove, então aí que eles aparecem mesmo”, disse Everaldo.
Para o síndico Márcio, o aparecimento de cobras e escorpiões no condomínio do bairro SIM também pode ser justificado pelo fato de que o empreendimento, que possui cerca de 15 anos, foi construído em um local que pertencia anteriormente aos animais.
“Nós invadimos o habitat deles. Quando chegamos, tinha um ecossistema, tinha bastante sapo, lagartixa, sariguê, que são predadores também do escorpião. Mas com a chegada aumentou o barulho, os carros, e esses animais acabaram se afastando e ficou só o escorpião e as serpentes. Por isso a necessidade de implantar galinha-d’angola”, declarou o síndico.
Apesar do aparecimento constante de escorpiões e do grande número de moradores, os dois condomínios não registraram até o momento nenhuma picada do animal nos locais. O Condomínio Parque das Cores possui 203 unidades e o Terra Nova 1 possui 618.
Custo-benefício
Seja pelo conhecimento popular ou pela experiência prática, a utilização das galinhas-d’angola no combate aos escorpiões está em alta. Mas nem tudo são flores, a presença de animais andando livremente nos condomínios traz também alguns efeitos colaterais.
“Eles fazem muito barulho, principalmente quando estão no período de reprodução. Elas gritam, entram nas garagens das casas, é uma zoada, bagunçam e ciscam o jardim, deixam fezes nas garagens. Mas, por outro lado, combate o escorpião. Os moradores sabem que é uma causa justa. É muito barulho, muita sujeira, mas, por outro lado, é uma causa justa”, disse Everaldo.
Comércio Aquecido
E a fama de bom predador já está influenciando o comércio da galinha-d’angola. Em entrevista ao Acorda Cidade, o vendedor Berilvo Machado de Lima, o popular Du, explicou que a procura pelo animal no Centro de Abastecimento de Feira de Santana está razoável.
“Muita gente vem aqui procurar, e aí eu pergunto para que é, me respondem que é devido ao escorpião dos condomínios. Dizem que é para comer escorpiões. Tem gente que tem fazenda também e procura para soltar, para criar. Um saqué está custando R$ 60. A gente compra na mão desse pessoal da roça e entrega aqui”, concluiu o vendedor de 72 anos, que há 20 trabalha no Centro de Abastecimento.
Com informações dos repórteres Ed Santos e Paulo José do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estudante de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves.
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