Diretor conta desafios de administrar Colégio Estadual de Tempo Integral de Conceição do Jacuípe

O professor Josuel Pereira, conhecido popularmente como Ginho, tem pela frente um grande desafio: gerir a mais nova escola estadual de tempo integral da Bahia, localizada no município de Conceição do Jacuípe. A inauguração da unidade ocorreu nesta segunda-feira (10) em um evento que contou com a participação do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

“A gente sabe da responsabilidade, mas é como eu disse há muito tempo atrás: ‘Senhor, se fosse um fardo, que ele afastasse de mim esse cálice‘. Mas como ele me deu o desafio, me deu essa carga, e ele não dá a carga que a gente não consegue carregar, eu aceitei. Então, estou muito consciente do meu trabalho, do que tenho que fazer. Para mim, não vai ficar pesado, porque, quando a gente faz o que gosta, não vê peso”, disse o diretor.

A escola

O colégio, que substitui a antiga unidade carinhosamente chamada de Cemec, conta com 36 salas de aula, sete laboratórios, salas de dança, música, artes marciais e matemática; laboratórios de química e biologia; piscina, quadra esportiva, teatro, áreas de convivência, restaurante e uma biblioteca com dois andares. Uma estrutura grandiosa que deve atender cerca de 2.500 estudantes.

“Estamos bem equipados para melhorar a educação do nosso município. Conceição do Jacuípe já merecia um empreendimento dessa envergadura. Acho que o governo estadual foi feliz em conceder à nossa cidade esse benefício, é um marco. Estou muito feliz e contente por várias razões: contente por estar presente nesse momento, por ter a possibilidade de fazer a gestão da escola e contente pela minha terra, porque o ganho é para a minha cidade e para o meu povo”, disse Ginho.

Trajetória de vida

Todo morador de Conceição do Jacuípe que passou em algum momento pelo Cemec conhece muito bem a personalidade séria do diretor. Ginho comandou a antiga escola tempo suficiente para quase se transformar em sinônimo do colégio. Durante o discurso de inauguração, muito emocionado, o diretor destacou a importância dos estudos como fator de transformação da própria trajetória de vida.

“A minha história é como a maioria da história de todo o povo brasileiro, principalmente a do povo preto. Quando entrei no antigo Cemec, só tinha eu de negro na sala. Foi uma luta constante, meus pais eram pobres e não foram para a escola. Chegar onde eu cheguei com a educação é muito significativo”, disse.

O diretor complementou a fala afirmando que sempre norteou sua carreira na tentativa de servir de exemplo para os alunos. Ginho afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade, que fica muito feliz quando escuta de uma aluno que ele quer ser igual ao diretor.

“É muito bom saber que você pode ser espelho e influenciar outras pessoas. Esse é o meu objetivo. O que importa é o legado que vamos deixar. Quero que o meu povo lembre de mim como aquela pessoa que pôde influenciar os alunos a não escapulir por outros caminhos. Quero que eles procurem trilhar o caminho do bem. Isso é bom para a gente, para as famílias e para a sociedade”, declarou o professor.

Uso do celular

Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos meses foi a proibição do uso de celulares por alunos durante as aulas. Em alguns colégios do país, os aparelhos estão sendo deixados na portaria ao chegarem à escola. O tema foi alvo de declarações do governador diversas vezes no evento de inauguração do colégio de tempo integral de Conceição do Jacuípe.

Para o diretor, não se trata de uma simples proibição. Ginho lembrou que o governo do estado forneceu tablets para os alunos utilizarem em aulas específicas e que o novo colégio vai adotar o modelo implementado pela Secretaria de Educação do Estado.

“A questão não é proibir o celular, é o uso do celular. É você estar dando uma aula e o menino jogando na sala. É isso que a gente está falando. O governo do estado está dando um tablet com chip para o aluno assistir à aula e produzir conhecimento. Mas é diferente do celular, que você utiliza para outros fins”, disse o diretor.

Ginho complementou a fala lembrando que o celular é um componente relativamente novo na sala de aula e que toda a equipe da escola vai precisar muito do apoio da sociedade para solucionar a situação.

“A gente vai precisar do apoio dos pais, do apoio da mídia, para desmistificar as fake news que aparecem, pois há pessoas que têm o prazer de deturpar as notícias. A mídia vai ter um papel muito importante em conscientizar os meninos de que é necessário que eles tenham tempo. Antes, eles jogavam futebol, empinavam pipa, jogavam gude. Hoje, não fazem isso, jogam apenas no celular”, concluiu o diretor.

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