Brasil
Polícia encontra par de luvas em carro de família de PMs mortos em SP
Material será periciado para ver se há vestígio de pólvora. Garoto de 13 anos é suspeito de assassinar pais, avó e tia e se matar
Acorda Cidade
A perícia realizada pela Polícia Técnico-Científica no veículo da família do garoto Marcelo Pesseghini, de 13 anos, suspeito de se matar após assassinar os pais policiais militares, a avó e a tia, encontrou um par de luvas no banco de trás do veículo. As peças foram mandadas para análise, que vai mostrar se havia vestígios de pólvora. O carro, segundo a a polícia, foi usado por Marcelo após o crime para ir até a escola, que fica a cerca de 5 km da casa da família, na Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo.
As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (7) pelo delegado Itagiba Franco, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O exame nas luvas será mais uma ferramenta para indicar a autoria do crime, já que o exame residuográfico feito na mão de Marcelo deu negativo para vestígios de pólvora.
A policial militar Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, o sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, a mãe da policial militar, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, a tia da policial, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos, e o filho do casal foram encontrados mortos em duas casas da família que ficam no mesmo terreno.
A polícia acredita que Marcelo matou os familiares entre a noite de domingo (4) e a madrugada de segunda (5). Para isso usou arma que pertencia à mãe. Em seguida, dirigiu o veículo Classic também da mãe até a escola, estacionou por volta da 1h15 de segunda-feira e ficou por cinco horas no veiculo, saindo para a aula às 6h30. Câmeras de segurança mostram ele se dirigindo ao colégio.
Segundo Franco, na segunda perícia feita na casa na noite desta terça-feira (6) foram recolhidas novas armas. "Foram encontradas duas armas que pertenciam ao policial e que estavam guardadas na casa". Além dessas duas novas armas, já haviam sido apreendidas a pistola .40, que pertencia à Andréia e teria sido usada no crime, e uma outra arma que era de um avó de Marcelo.
O delegado afimrou que novos depoimentos são esperados nesta quarta-feira no DHPP, no Centro de São Paulo, mas não informou quem foi convocado pela Polícia Civil.
Nesta terça-feira, Franco havia dito que um amigo de escola, cujo nome não foi revelado, contou em depoimento à polícia que o garoto Marcelo Pesseghini, de 13 anos, já tinha manifestado o desejo de matar os pais e que queria ser "matador de aluguel".
"Esse amigo (do Marcelo) nos disse hoje: 'desejo manifestado pelo Marcelo: ele sempre me chamou para fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um local abandonado'", relatou Franco.
Diante das evidências obtidas pela polícia nesta terça-feira, o delegado afirmou que tudo "leva a crer que o Marcelo matou os pais" e os parentes. "Ele já tinha esse desejo que, na minha opinião, veio a concretizar. Foi uma tragédia familiar. De uma forma silenciosa, ele vinha se preparando para alguma coisa", completou.
De acordo com o delegado do DHPP, havia uma dúvida ainda em relação a quem havia estacionado o carro da cabo Andréia Regina Bovo Pesseghini em frente à escola onde Marcelo estudava, na manhã de segunda-feira. "Quem teria tirado o carro de lá? Qual a razão desse carro estar na proximidade da escola do garoto? A chave (do carro) ainda não havia sido encontrada. De início, nós acreditávamos que um garoto de 13 anos não teria condições de tirá-lo de lá. Mas um perito me informou que a chave estava no bolso da jaqueta do menino que estava na sala. Tudo vai se encaixando", disse.
Segundo Itagiba Franco, a imagem de uma câmera que fica próxima ao ponto onde o carro da família foi estacionado mostra que um jovem desce do banco do motorista e atravessa a rua. O amigo de escola teria reconhecido Marcelo como a pessoa que aparece nas imagens. Ainda de acordo com as investigações, o estudante comentou com uma professora do colégio que já tinha dirigido um buggy uma vez.
As testemunhas começaram a ser ouvidas pela polícia já na madrugada desta terça-feira, de acordo com o delegado. Uma das professoras de Marcelo relatou à polícia que teve uma conversa com o menino, onde foi indagada por ele se ela já havia dirigido um carro e se ela já havia atingido, de alguma forma, os pais. "Ela achou estranho aquela conversa, mas respondeu de uma forma, assim, profissional, e manteve aquela linha de raciocínio."
O pai do melhor amigo de Marcelo informou que deu carona ao menino na volta da escola. O suspeito, então, teria pedido para o homem parar o carro para ele ir até o Corsa prata da mãe, que já estava estacionado próximo à escola.
"Ele saiu do banco do carona, se dirigiu até lá, abriu o carro, pegou alguma coisa, voltou, entrou e foi até a casa dele. Na casa, o pai do amigo teria perguntado a ele queria que buzinasse, alguma coisa assim. O menino disse que não, porque os pais, a avó e a tia-avó estariam dormindo. Então, ele procurou descartar qualquer tipo de aproximação de estranhos da casa", relatou o delegado.
Suspeito
A Polícia Militar acredita que o garoto Marcelo Pesseghini foi à escola pela manhã após já ter assassinado os parentes. O comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, afirmou em entrevista ao SPTV que câmeras de segurança mostram uma pessoa, que seria Marcelo, estacionando o veículo da policial à 1h15 de segunda próximo ao Colégio Stella Rodrigues, na Rua João Machado.
A pessoa sai após as 6h30, com uma mochila nas costas e entra na escola. Esse primeiro vídeo, no entanto, não permitia confirmar com exatidão que a pessoa é o garoto, o que teria ocorrido com a localização de um segundo vídeo.
Para a Polícia Militar, as mortes dos parentes de Marcelo, em duas casas que ficam num mesmo terreno na Rua Dom Sebastião, na Vila Brasilândia, aconteceram entre a noite de domingo (4) e a madrugada de segunda-feira.
O coronel Benedito Meira afirmou que está descartada a possibilidade de vingança. “Nós descartamos possibilidade de retaliação por parte de facção. A casa não estava revirada, não há sinais de arrombamento", afirmou.
Menino canhoto
Segundo o coronel Benedito Meira, "o menino era canhoto, o disparo foi feito do lado esquerdo da cabeça dele e a arma estava debaixo do corpo do adolescente". No entanto, ele ressaltou que a polícia não descarta que outras linhas de investigação possam aparecer nos próximos dias. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil consta que o adolescente encontrado morto "empunhava a arma na mão esquerda, debaixo do corpo".
Nesta terça-feira, Fábio Luiz Pesheghini, irmão de Luís Marcelo, afirmou que o sobrinho não era canhoto. "Pelo que eu sei ele era destro. Eu tenho quase certeza que ele era destro”, disse. Segundo Fabio, o sobrinho era “tranquilo, uma criança normal, que não dava trabalho para os pais, mal saía de casa”. Ele disse desconhecer se o irmão e a cunhada recebiam ameaças. As informações são do G1.
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