Violência

Salvador é a capital do país mais perigosa para pessoas LGBTQIAPN+, aponta levantamento

Um dos casos registrados na Bahia foi o assassinato de Neuritânia Pacheco, de 48 anos, ocorrida no final do ano passado.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O número de mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+ no Brasil cresceu 13,2% em 2024, quando comparado com os registros do ano anterior. É o que aponta o Observatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga organização não governamental da causa na América Latina.

O levantamento é feito há 45 anos e leva em conta notícias veiculadas na imprensa e correspondências enviadas à ONG. Foram computados homicídios, latrocínios, suicídios e outras causas.

Segundo os dados, o Brasil teve 291 pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ mortas no ano passado, 34 a mais que em 2023, quando o país registrou 257 casos.

As vítimas eram:

  • gays: 165
  • travestis e mulheres transgêneros: 96
  • lésbicas: 11
  • bissexuais: 7
  • homens trans: 6

Outras 6 pessoas declaradas heterossexuais foram incluídas no levantamento por terem sido confundidas com integrantes da comunidade ou por terem tentado defender vítimas.

A maior parte das mortes foi registrada na região Nordeste (99) e no Sudeste (99). Em relação ao meio utilizado nos crimes, arma branca (65), arma de fogo (63) e espancamento (32) foram os mais apontados na apuração.

Parada LGBT em São Paulo
Foto: Fábio Tito/g1

No ranking de estados, São Paulo, Bahia e Mato Grosso lideram com os maiores números de casos. Confira o ranking completo abaixo:

  • São Paulo: 53
  • Bahia: 31
  • Mato Grosso: 24
  • Minas Gerais: 22
  • Pará: 16
  • Pernambuco: 15
  • Rio de Janeiro: 15
  • Alagoas: 13
  • Ceará: 11
  • Maranhão: 10
  • Paraná: 10
  • Amazonas: 8
  • Goiás: 8
  • Espírito Santo: 7
  • Mato Grosso do Sul: 7
  • Piauí: 6
  • Distrito Federal: 5
  • Paraíba: 5
  • Sergipe: 4
  • Rio Grande do Sul: 4
  • Santa Catarina: 4
  • Tocantins: 4
  • Rondônia: 3
  • Amapá: 2
  • Rio Grande do Norte: 2
  • Acre: 1
  • Roraima: 1

Salvador é a capital mais perigosa para a comunidade, aponta o levantamento. Depois dela, aparecem São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG), em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Veja o ranking abaixo:

  • Salvador (BA): 14
  • São Paulo (SP): 13
  • Belo Horizonte (MG): 7
  • Maceió (AL): 7
  • Fortaleza (CE): 6
  • Manaus (AM): 6
  • Rio de Janeiro (RJ): 6
  • Campo Grande (MS): 5
  • Cuiabá (MT): 5
  • Goiânia (GO): 5
  • Teresina (PI): 5
  • Recife (PE): 4
  • Aracaju (SE): 2
  • Brasília (DF): 2
  • Curitiba (PR): 2

Perfil das vítimas

Brancos formam maioria entre os LGBTs mortos. Segundo a pesquisa, 115 vítimas se identificavam assim. Em seguida, vinham as pessoas com cor não identificada, totalizando 97, e as pretas e pardas, contabilizando 79.

A faixa etária mais atingida foi de 26 a 35 anos, com 66 vítimas. Pessoas de 36 a 45 anos aparecem em seguida, com 52 casos. Depois, surgem as vítimas de 19 a 25 anos, com 43.

Entre os gays mortos em 2024, a profissão de professor liderava, seguida de cabeleireiro, técnico de enfermagem e enfermeiro, médico e instrutor de dança.

Já entre mulheres trans, travestis e transexuais, as profissionais do sexo foram as mais registradas entre os óbitos. Ativistas e cantoras vinham em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Números na Bahia

Em segundo lugar no ranking dos estados mais violentos para a comunidade LGBTQIAPN+, a Bahia é responsável por mais de 10,65% dos números registrados em todo o país.

Um dos casos registrados na Bahia foi o assassinato de Neuritânia Pacheco, de 48 anos, ocorrida no final do ano passado. A mulher trans saiu de casa, em Sobradinho, no norte do estado, para um encontro amoroso e desapareceu. O corpo dela foi encontrado com com sinais de apedrejamento.

 Neuritânia Pacheco, de 48 anos
Neuritânia Pacheco, de 48 anos | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um dos suspeitos de envolvimento no crime é um adolescente de 17 anos. Ele foi apreendido em 9 de janeiro e autuado por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado. A motivação do assassinato seria vingança. No entanto, a Polícia Civil (PC) não divulgou detalhes.

Apesar de ser a capital mais perigosa em números absolutos, Salvador ficou em quarto, quando analisados os dados proporcionalmente, ou seja, levando em consideração o número de habitantes.

Mesmo assim, a cidade superou Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, ficando atrás apenas de Cuiabá, Palmas e Teresina.

O que dizem as autoridades

O g1 questionou o Governo do Estado e o Governo Federal sobre as estatísticas, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Segundo o GGB, as gestões não têm dados específicos de mortes violentas de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+.

Fonte: g1

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