Internacional

Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, diz que câncer se agravou

“Estou morrendo”, disse em uma entrevista ao jornal local Búsqueda, publicada em julho. "Estou condenado, irmão. É até aqui que vou.”

Pepe Mujica ex-presidente do Uruguai
Foto: Reprodução / vídeo / BBC

O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica anunciou nesta quinta-feira (9) que o câncer que enfrenta desde abril do ano passado avançou e que decidiu não adotar novos tratamentos.

“Estou morrendo”, disse em uma entrevista ao jornal local Búsqueda, publicada em julho. “Estou condenado, irmão. É até aqui que vou.”

“O câncer no meu esôfago está se espalhando para o meu fígado. Não consigo pará-lo com nada. Por quê? Porque sou um homem velho e porque tenho duas doenças crônicas. Não posso fazer nem um tratamento bioquímico, nem uma cirurgia porque meu o corpo não aguenta”, disse.

Quando descobriu o câncer, Mujica explicou que sofre de uma doença imunológica há mais de 20 anos que afetou, entre outras coisas, seus rins, o que gerava complicações no tratamento.

O ex-presidente, de 89 anos, usou a entrevista para se despedir dos compatriotas e disse que a única coisa que espera nesta etapa final é se dedicar à sua fazenda, localizada nos arredores da capital Montevidéu.

“O que eu quero é me despedir dos meus compatriotas. É fácil ter respeito por aqueles que pensam como você, mas você tem que aprender que a base da democracia é o respeito por aqueles que pensam diferente”, declarou.

Mujica é uma das principais figuras da política uruguaia, que alcançou destaque internacional por seu estilo descontraído e pé no chão.

Ele afirmou que sai “tranquilo e grato” depois de viver uma vida “muito boa”, apesar dos anos que passou na prisão após ser capturado enquanto lutava contra a ditadura.

“A vida é uma bela aventura e um milagre. Estamos muito focados na riqueza e não na felicidade. Estamos focados apenas em fazer as coisas e, antes que você perceba, a vida já passou”, refletiu.

Após ser diagnosticado com câncer de esôfago, Mujica passou por sessões de radioterapia e, desde então, foi internado diversas vezes devido a complicações do tratamento, o que dificultou sua alimentação e hidratação

Em setembro, ele passou por uma cirurgia para garantir que pudesse comer com segurança. Na época, a equipe médica anunciou que a doença estava em remissão.

Apesar de ter se aposentado do Senado e da política em 2020, Mujica nunca deixou de advogar pelas causas que defende e, após alguns meses de reclusão, participou ativamente do processo eleitoral no Uruguai, em outubro e novembro do ano passado, que culminou na eleição de seu partido político, com Yamandú Orsi como o novo presidente.

Nas eleições, Mujica chegou a declarar que talvez se tratasse do seu último voto.

Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, quando passou o cargo para Tabaré Vázquez, seu correligionário. Desde então, ele foi eleito duas vezes para o Senado, mas deixou o cargo definitivamente em 2020. Na época, ele afirmou que a pandemia da Covid-19 influenciou diretamente a sua decisão.

Antes de ingressar na política institucional, ele integrou o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, atuando em operações de guerrilha contra a ditadura que governava o país.

Por sua atuação como guerrilheiro, Mujica foi detido diversas vezes e torturado. Ao todo, ele passou quase 15 anos da sua vida na prisão.

Fonte: g1

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