Moradores da zona rural de Feira de Santana e região continuam enfrentando graves problemas relacionados à falta de água, com diversas queixas vindas de localidades como Alecrim Miúdo, Ipuaçu, Fazenda Lagoa Grande, Candeia Grossa, Jaguara, entre tantas outras.
Em resposta às reclamações, a Embasa se manifestou através de seu gerente regional, Raimundo Neto, em entrevista ao Acorda Cidade para esclarecer as causas do problema e apresentar as medidas que estão sendo tomadas para frear o desabastecimento.
Segundo Raimundo Neto, “o sistema de abastecimento de Feira de Santana atende totalmente a sede do município e boa parte da zona rural”. No entanto, dificuldades são observadas especialmente na zona rural norte, em localidades mais distantes das sedes dos distritos. Entre os motivos citados, estão o período prolongado de estiagem e o uso indevido da água destinada ao consumo humano para outras finalidades, como irrigação de plantações e abastecimento de animais.
“Com o consumo no caminho, as pressões caem. E nas pontas da rede, localidades como Casa Nova, Pé de Serra, Água Grande e Maria Quitéria, a gente demora um pouco mais a regularizar. Nas sedes que estão um pouco antes, um pouco além desses pontos, temos já um abastecimento regular. E a gente tem expectativa, nos próximos dias, de regularizar”.
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Para mitigar os efeitos da falta de água, a Embasa disponibilizou sete carros-pipa exclusivos para atender a zona rural de Feira de Santana de forma emergencial. No entanto, moradores relatam que a medida tem sido insuficiente, principalmente com o início do verão, quando a demanda aumenta.
A Embasa fez um apelo para que a população utilize a água de forma racional, especialmente nas sedes dos distritos, o que poderia contribuir para o abastecimento nas áreas rurais mais distantes.
Ligações clandestinas
O gerente disse ao Acorda Cidade que novos loteamentos na zona rural também estão consumindo água de forma irregular, o que tem prejudicado o abastecimento.
Raimundo Neto também destacou que a Embasa tem monitoramento 24 horas e equipes técnicas trabalhando para normalizar o abastecimento. Ainda assim, ele reconheceu que as dificuldades se intensificam em regiões de menor pressão na rede de distribuição, como Casa Nova, Pé de Serra e Pó Grande, no distrito de Maria Quitéria.
“Houve um fluxo migratório muito grande da população para a zona rural de forma descontrolada. Catalogamos aproximadamente 70 loteamentos clandestinos na zona rural norte de Feira de Santana. Regularizamos vários, mas, quando a gente regulariza, outros surgem”.
Segundo ele, só a região norte rural de Feira possui mais de 20 mil ligações de água regulares, o que configura o abastecimento de uma cidade de médio porte.
Mais reclamações
Durante a entrevista, ouvintes do Programa Acorda Cidade, pela Rádio Sociedade News 102.1 FM, encaminharam diversas reclamações e questionamentos relacionados à prestação de serviços por parte da Embasa. Nos últimos dias, a produção do Acorda Cidade tem recebido inúmeras reclamações de diversas localidades.
Entre eles, destacaram-se queixas sobre a falta de abastecimento em algumas localidades, contas elevadas sem justificativa aparente e atrasos no atendimento às demandas da população.
“A gente paga pela rede de esgoto, e a gente não vê limpeza. Só vem quando entope, aí eles mandam os carros vindo. Eu queria fazer essa pergunta aí, por que eles não fazem limpeza diariamente?”, questionou um ouvinte.
Sobre o assunto, o gerente esclareceu que existem duas redes: a de esgoto, de competência da Embasa, e a de drenagem fluvial, de responsabilidade da prefeitura.
“A rede de esgoto só tem uma única finalidade: coletar os esgotos das residências, dos seus diversos usos. Essa rede, a Embasa faz a limpeza e a desobstrução. Nós temos a nossa equipe que fica sete dias por semana, 365 dias por ano, fazendo a manutenção. Acontece muitas vezes que, quando temos chuva em Feira de Santana, há um direcionamento indevido das águas de chuva, das águas fluviais, para a rede de esgoto. Isso não pode ocorrer. A rede de esgoto não foi dimensionada para essa finalidade. Já as drenagens de água de chuva, água fluvial, são operadas pelo município”.
Pedra do Cavalo
Questionado sobre a capacidade da Barragem Pedra do Cavalo, o gerente regional destacou que ela é considerada uma das maiores estruturas hídricas da Bahia, atendendo Feira de Santana e região, inclusive a capital.
A Pedra do Cavalo é crucial não só para o abastecimento humano, mas também para a agricultura, preservação ambiental e controle de cheias. Ela garante a segurança hídrica de Salvador, do Recôncavo baiano e do sertão.
“Pedra do Cavalo é um manancial muito robusto, tem um volume armazenado suficiente, atende não apenas a Feira de Santana, mas atende a maior parte do abastecimento de Salvador, atende Santo Estêvão, entre outros sistemas que a Embasa opera”.
Investimentos
O gerente regional ressaltou que investimentos estão sendo realizados para melhorar o sistema de abastecimento. Em 2022, foi entregue o Centro de Reservação do Tomba, e estão na etapa final da ampliação da estação de tratamento de água.
“A adutora já está pronta, fizemos uma série de testes e a expectativa é que, neste mês de janeiro, a gente coloque essa adutora em operação, que vai garantir um incremento do volume, ainda para esse verão”, explicou Neto. Ele também destacou que a nova estação de tratamento deverá garantir o abastecimento por 20 a 30 anos para Feira de Santana e região.
Atendimento ao consumidor
Em relação às cobranças sem a oferta do serviço, o gerente regional informou que há possibilidade de cancelamento do faturamento para consumidores que não recebam abastecimento dentro do ciclo de leitura, mas destacou a importância de registrar as ocorrências nos canais de atendimento, informando a matrícula do imóvel para a devida análise.
“Quando nós não conseguimos atender, no ciclo de leitura, entre uma leitura e outra, que são 15 dias consecutivos ou 25 dias alternados, dentro daquele ciclo de 30 dias de leitura, e não houve realmente um consumo superior a 50%, seriam 3 mil litros de água, a gente pode fazer o cancelamento do faturamento”, explicou ao Acorda Cidade.
O contato pode ser feito pelo aplicativo, pelo telefone 0800 0555 195 ou pelo WhatsApp (71) 9 9971-0999.
Para atendimento presencial em Feira de Santana, o consumidor também pode agendar no SAC ll, da Rodoviária.
O Procon de Feira de Santana também deu orientações aos consumidores para casos de cobranças sem a entrega do serviço. Veja mais aqui.
Leitura das contas de água
O processo de leitura e entrega de contas pela Embasa funciona atualmente de forma simultânea. O leiturista vai até a residência, realiza a leitura do consumo e já emite a conta no mesmo momento, entregando-a ao cliente. Esse método substitui o modelo antigo, em que a leitura era feita, levada ao escritório para processamento e só depois a fatura era emitida e entregue, o que demandava mais tempo.
Agora, o intervalo entre as leituras varia entre 28 e 32 dias, com margem de dois dias a mais ou a menos. O gerente orienta que os usuários verifiquem as informações da conta, como o período de leitura, a leitura atual e a anterior, para acompanhar o consumo. Apesar de receberem a conta ao final do mês, os clientes têm um prazo de cerca de 40 dias para realizarem o pagamento.
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