R$ 15 milhões serão usados para reforma do Espaço do Museu de Arte Moderna

Em quatro séculos, o complexo arquitetônico do Solar do Unhão já teve várias faces: casa-grande, trapiche, depósito de combustíveis e até quartel de fuzileiros navais, durante a 2ª Guerra Mundial.

 

A partir de 1963, o Solar virou praticamente sinônimo do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Agora, passará por uma reforma, no valor de R$ 15,6 milhões, cuja ordem de serviço foi assinada ontem pelo governador Jaques Wagner. 

 

“Estamos no cinquentenário do MAM, é um presente mais do que merecido. Essa obra serve para revisitar todo o museu, dar outra funcionalidade”, disse Wagner. O prazo do serviço é de 12 meses e o objetivo é que o museu já possa receber os turistas da Copa do Mundo 2014 de cara nova.

 

As obras serão realizadas em quase todo o complexo: casarão principal, capela, oficinas, cinema, galpão, café e Parque das Esculturas – incluindo os arcos da Avenida Contorno e a passarela à beira-mar. 

 

“Nós estaremos com este conjunto em obras e, ao mesmo tempo, o museu e suas atividades continuarão. O grande desafio é combinar isso”, explicou o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Frederico Mendonça. 

 

Entre os novos espaços que surgirão estão uma área de recepção do cinema, alojamentos e refeitório para os funcionários, além de novos ateliês para os artistas, agregado a um apartamento para residências artísticas. 

 

“O MAM, além de ser um belo museu, é um espaço cultural fantástico. É um dos centros culturais mais importantes que a cidade dispõe”, ressaltou o secretário estadual da Cultura, Albino Rubim. A Secretaria Estadual da Cultura (Secult) e o Ipac dividem a execução das ações.

 

Segundo Frederico Mendonça, o píer está fora do pacote de obras. “Ele precisa de informações específicas, que são o teste de sondagem e batimetria, para saber como está o comportamento da base. Não vai poder ser o píer singelo de antes. Precisa de uma estrutura compatível com o movimento das marés, que mudou. Todos os tradicionais pescadores e a vivência que temos mostram isso”, disse. 

 

O museu, um dos mais conhecidos e visitados do estado, terá sua biblioteca reformulada e transferida para onde existe hoje a Galeria 1. 

 

O MAM vai ganhar ainda uma reserva técnica, espaço para guardar as obras do acervo. Atualmente, o acervo fica abrigado no Palacete das Artes, na Graça, e é composto por cerca de 2 mil obras, incluindo a tela O Touro, de Tarsila do Amaral. Segundo o diretor do museu, Marcelo Rezende, o valor da obra é estimado em R$ 5 milhões.

 

Mudanças

 

“Além da reforma, a gente vai ter uma reequipação do museu, que ganha novas possibilidades. O museu vai ganhar uma biblioteca aberta ao público, no qual as pessoas vão poder fazer suas pesquisas sobre a história da Bahia e da história da arte na Bahia. Hoje isso não é possível”, adianta Rezende.

 

Segundo ele, com o acervo no próprio MAM, facilita a exibição ao público. “Também poderemos trabalhar com muitas linguagens artísticas, que hoje não é possível, porque não temos adequação ao tipo de produção”, explicou o diretor. 

 

Marcelo Rezende diz que, com a reforma, serão criados espaços que protejam as obras também do salitre, que incide bastante no solar devido à proximidade do mar. “Temos cerca de seis mil peças de Lina Bo Bardi, entre documentos, cartas… Mas, como as pessoas vão olhar esse material, sem que ele se degrade?”.

 

Bienal

 

O centenário da arquiteta italiana Lina Bo Bardi, autora do projeto arquitetônico do museu, será um dos motes da Bienal Internacional de Arte da Bahia, prevista para ser retomada em 2014. 

 

A última bienal, ainda de caráter nacional, foi realizada em 1968. O evento não foi bem aceito pela Ditadura Militar iniciada quatro anos antes no Brasil. 

 

A Bienal foi fechada um dia após a inauguração e assim ficou durante um mês, com obras de arte confiscadas e prisão do artista plástico e professor Juarez Paraíso e do professor Luís Henrique Dias Tavares. 

 

“Vai acontecer. A abertura foi na última semana de maio e o encerramento será na última semana de agosto. Temos aí uns cem dias de Bienal. Não vai ter uma sede física, e sim diferentes projetos, exposições e linguagens que vão se expandir por todo o estado da Bahia”, garante Marcelo Rezende. Para ele, o MAM vai ser uma espécie de espaço central que vai conduzir todo esse projeto.

 

O tema central da Bienal de 2014 será a ideia de um Nordeste universal. “Será que alguém que vive no Oriente Médio, na Palestina, pode ter uma experiência parecida com alguém que mora na Bahia? A gente acha que pode”, diz o diretor do MAM.

 

Serviços em outros monumentos terão custo de R$ 3,3 milhões

 

Além da reforma no Solar do Unhão, o governo estadual vai investir mais R$ 3,3 milhões para realizar serviços em outros imóveis históricos. Será feita a segunda etapa da recuperação do complexo do Pilar, que inclui a Igreja Nossa Senhora do Pilar e o cemitério da Irmandade do Pilar, no Comércio. O espaço foi construído no século XVII e desde 1938 é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional (Iphan).

 

A primeira etapa de restauração foi inaugurada em abril de 2012. Só para a execução da segunda etapa, que custará R$ 1,8 milhão, já foram retiradas 2,5 toneladas de lixo e entulho que soterravam o cemitério. Entre os serviços previstos está a restauração dos painéis de azulejos do altar principal da igreja. Ainda em Salvador, será feita a iluminação cenotécnica do Oratório da Cruz do Pascoal e das Igrejas de Santo Antônio Além do Carmo, do Boqueirão e da Ordem Terceira do Carmo.

 

No interior, o trabalho será de manutenção do Palácio Episcopal Cristo Rei e da Catedral de São Francisco das Chagas, em Barra, no Oeste baiano. Os dois monumentos são do século XIX. Ali, serão feitos serviços nas paredes, coberturas, alojamentos, refeitório e cozinha, capela e residência episcopal.  As informações são do Correio.