Alta complexidade

Estudante faz testes de linguagem e leitura de artigos enquanto passa por neurocirurgia no Hospital Clériston Andrade

A jovem passou por cirurgia para a retirada de um tumor no cérebro. A técnica usada chama-se Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória.

Estudante de Direito Passa por Neurocirurgia Acordada para Retirada de Tumor Cerebral no Hospital Clériston Andrade
Foto: Ascom/HGCA/Sesab

Uma estudante de direito de 21 anos, residente na cidade de Itiúba, a cerca de 380 km de Salvador, passou por uma neurocirurgia inovadora no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana. O procedimento, realizado na última segunda-feira (16), consistiu na remoção de um tumor cerebral em uma área de alta complexidade, com a paciente acordada e interagindo com a equipe de profissionais.

Durante o procedimento ela foi submetida a testes de linguagem, incluindo nomeação de palavras e leitura de trechos de artigos jurídicos, através de uma técnica chamada Monitorização Neurofisiológica Intraoperatória, realizada pelo médico Neurofisiologista Dr. Felipe Magalhães. O HGCA é um dos poucos hospitais públicos do Nordeste que possui o recurso.

Estudante de Direito Passa por Neurocirurgia Acordada para Retirada de Tumor Cerebral no Hospital Clériston Andrade
Foto: Ascom/HGCA/Sesab

O diagnóstico inicial apontava para uma lesão intracraniana expansiva, localizada em uma região cerebral considerada delicada, responsável por funções importantes como fala e movimentos. O coordenador de neurocirurgia do HGCA, Márcio Brandão, destacou a complexidade do caso, explicando que uma abordagem tradicional poderia resultar em sérias sequelas. “Se optássemos pelas técnicas normais, havia grande risco de paralisia ou dificuldades de fala para a paciente”, afirmou.|

Procedimento de alta complexidade

A cirurgia foi conduzida pelos neurocirurgiões Dra. Camila Moura e Dr. Douglas Travassos e com o apoio de uma equipe multiprofissional composta por cerca de dez profissionais, incluindo anestesistas, enfermeiros e instrumentadores. Segundo Dra. Camila, o preparo para o procedimento começou às 10h, com a realização de monitoramentos anestésicos e outras medidas preliminares. A cirurgia em si teve início ao meio-dia e se estendeu até as 18h.

Durante o procedimento, conhecido como cirurgia awake (ou acordada), a paciente foi mantida desperta enquanto os neurocirurgiões utilizavam ferramentas avançadas como neuronavegação e monitorização neurofisiológica. “Essa abordagem permitiu que os neurocirurgiões identificassem com precisão as áreas do cérebro afetadas pelo tumor, enquanto preservavam regiões críticas para funções motoras e cognitivas. Trata-se de um método desafiador, mas necessário em casos como este”, explicou Dra. Camila.

Tecnologia de Ponta

Estudante de Direito Passa por Neurocirurgia Acordada para Retirada de Tumor Cerebral no Hospital Clériston Andrade
Foto: Ascom/HGCA/Sesab

O uso da neuronavegação foi essencial para o sucesso da cirurgia. “Essa tecnologia nos permite navegar pelo crânio do paciente de forma precisa, reduzindo a necessidade de grandes incisões e localizando a lesão com exatidão”, destacou Dr. Douglas Travassos. A combinação de neuronavegação e monitorização contínua garantiu que as áreas nobres do cérebro fossem preservadas.

Apesar da complexidade, os resultados foram promissores. A paciente apresentou uma leve dificuldade de nomeação de palavras no pós-operatório imediato, atribuída ao edema causado pela proximidade do tumor com áreas cerebrais saudáveis. “Essa dificuldade é temporária e tende a melhorar com acompanhamento especializado, como sessões de fonoaudiologia”, explicou Dra. Camila.

Recuperação e Perspectivas

Após a cirurgia, a estudante permaneceu internada em observação, mas consciente e sem necessidade de sedação. No dia seguinte, foi transferida para a enfermaria e já apresentava sinais de recuperação satisfatória. A previsão é de que receba alta nos próximos dias.

Este foi o segundo procedimento desse tipo realizado no HGCA, reafirmando a excelência do hospital em neurocirurgias de alta complexidade. “Estamos elevando o padrão do atendimento neurológico no interior da Bahia, proporcionando aos pacientes tratamentos que antes eram acessíveis apenas em grandes centros”, concluiu Dr. Márcio Brandão.

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