Reduzir casos prováveis e óbitos por dengue, chikungunya, zika e febre do oropouche, além de preparar a rede de atenção à saúde com a máxima antecedência, são os objetivos principais do plano de ação 2024/2025 apresentado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e pelo Ministério da Saúde.
Autoridades de saúde, gestores e especialistas discutiram as estratégias para enfrentar essas doenças e reorganizar os serviços assistenciais durante o “Seminário de Combate às Arboviroses: Desafios e Ações para Reduzir a Mortalidade”, realizado neste sábado (14) em Salvador.
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Reconhecendo que o enfrentamento das arboviroses não é uma tarefa exclusiva da área da saúde, o secretário adjunto da Vigilância do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio, destacou a necessidade de ações intersetoriais e do engajamento de toda a sociedade. “Não se combate a dengue apenas nos hospitais ou em campanhas de vacinação. O controle das arboviroses depende da mobilização das comunidades, do saneamento básico, da educação e do meio ambiente. É uma missão compartilhada”, afirmou Venâncio.
O subsecretário da Saúde do Estado, Paulo Barbosa, destacou que, ao longo de 2024, o Governo da Bahia investiu mais de R$ 23 milhões em ações intersetoriais. “As operações foram reforçadas com a aquisição de kits para agentes de combate às endemias, realização de mutirões de limpeza e operações conjuntas com o Corpo de Bombeiros para alcançar áreas de difícil acesso. Isso além da capacitação de profissionais da assistência e a disponibilização de equipamentos e medicamentos para os municípios mais afetados pelas arboviroses”.
O diretor de Atenção Básica da Bahia, Marcus Prates, reforçou a importância do fortalecimento do atendimento primário como base para o enfrentamento das epidemias. “A Atenção Básica é a porta de entrada do sistema de saúde. É nela que conseguimos realizar o primeiro atendimento e identificar precocemente casos suspeitos para evitar o agravamento das doenças e aliviar a pressão sobre os hospitais e UPAs”, declarou.
Já a diretora de Gestão de Serviços de Saúde, Zaine Lima, destacou a necessidade de uma rede assistencial robusta e bem estruturada. “Ter uma rede preparada significa salvar vidas. Isso envolve desde a reorganização das Unidades Básicas de Saúde até a ampliação das emergências hospitalares e a qualificação das equipes de saúde. Nossa resposta deve ser rápida e integrada para evitar complicações graves”, afirmou a diretora.
O plano de ação 2024/2025 para o combate às arboviroses na Bahia é guiado por seis eixos estratégicos. O primeiro é a prevenção, que prevê o fortalecimento de campanhas educativas e a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. O segundo eixo, vigilância, foca no monitoramento contínuo dos casos e na aplicação de novas tecnologias para o mapeamento de focos. Já o controle vetorial reforça as ações de campo e o uso de soluções inovadoras para conter a proliferação do mosquito.
Outro ponto central do plano é a reorganização da rede assistencial, que visa à expansão das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e à modernização dos hospitais. A preparação e resposta a emergências prevê uma mobilização rápida durante surtos e a ampliação da infraestrutura hospitalar. Por fim, o eixo de comunicação busca engajar a população na prevenção e disseminação de informações corretas para minimizar os riscos das doenças transmitidas pelo vetor.
Dados atualizados mostram 232.623 casos prováveis de dengue em 2024 na Bahia, um aumento de 395% em relação ao ano anterior. O estado também registrou 16.491 casos de chikungunya e 1.166 de zika, além de 1.077 casos de febre do oropouche.
A diretora de Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro, ressaltou que, embora os números exijam atenção, a resposta coordenada já trouxe resultados. “Conseguimos estabilizar algumas regiões com ações rápidas e integração de equipes. Mas precisamos avançar ainda mais no fortalecimento da rede assistencial e na atuação preventiva”, explicou.
O médico infectologista Antônio Bandeira, representante da Sociedade Brasileira de Infectologia e servidor da Sesab, reforçou a necessidade de reduzir a mortalidade causada pelas arboviroses, destacando a importância da preparação antecipada e do atendimento imediato. “A medida mais importante para evitar complicações graves de dengue é a hidratação vigorosa já nos primeiros atendimentos. Com uma triagem eficiente e identificação precoce dos sinais de alarme, podemos salvar vidas e evitar internações em estado crítico”, alertou.
Mobilização nacional
O secretário adjunto da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio, reforçou o compromisso do governo federal em apoiar os estados. “Nosso papel é fornecer recursos e apoio técnico para que estados e municípios possam agir de forma integrada. O desafio é grande, mas o esforço precisa ser ainda maior”, destacou.
Com o lançamento do plano de ação 2024/2025, o subsecretário Paulo Barbosa concluiu com um apelo à sociedade: “Não podemos esperar que o próximo surto nos surpreenda. Precisamos agir agora, com integração, estratégia e a colaboração de todos. O combate às arboviroses depende de cada um de nós”, ressaltou.
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