Polícia

Suspeito de invadir presídio para libertar detentos em Eunápolis morre em confronto com a Polícia Civil

Homem foi identificado como Jaione Santos de Souza, de 33 anos. Agentes apreenderam arma e munições com ele, na Bahia.

Conjunto Penal de Eunápolis
Foto: Taísa Moura/TV Santa Cruz

Um segundo suspeito de libertar 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, morreu em confronto com a Polícia Civil (PC) nesta sexta-feira (13). Jaione Santos de Souza, de 33 anos, foi localizado por equipes da 1ª Delegacia Territorial (DT/Porto Seguro), Catti Depin e DRFR de Eunápolis. Mais cedo, outro suspeito do crime foi preso.

A invasão ao presídio ocorreu na noite de quinta (12), quando oito homens fortemente armados atiraram contra os agentes de segurança para facilitar a saída dos internos. Dezesseis homens fugiram do presídio.

Em meio às buscas pelos fugitivos e comparsas, a polícia recebeu informações de que Jaione teria participado da operação de fuga. Ao chegar à residência do homem, os agentes o encontraram no sofá de casa.

A 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) conta que o suspeito se escondeu nos fundos do imóvel e passou a efetuar disparos de arma de fogo na direção dos policiais. No revide, ele foi atingido.

O homem foi socorrido pelos policiais, mas morreu a caminho do Hospital Regional de Eunápolis. No imóvel onde ele estava, os agentes apreenderam um revólvel calibre .38 — usado no confronto —, 15 munições de fuzil .762, duas munições de calibre .38 intactas e cinco deflagradas. As munições de fuzil são do mesmo calibre das que foram encontradas no Conjunto Penal de Eunápolis.

Fuga foi facilitada por criminosos armados

A fuga foi garantida por uma ação dupla. Segundo o coronel Luís Alberto Paraíso, comandante da Polícia Regional na cidade, os internos perfuraram o teto de uma cela ao mesmo tempo em que um grupo armado invadiu o presídio, atirando nos agentes de plantão.

“Foram duas ações simultâneas”, resumiu o comandante em entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Bahia.

“O grupo criminoso veio de fora do presídio, cortou a grade e começou a atirar nas guaritas. Essa troca de tiro sustentou a fuga dos elementos que desceram por cordas e fugiram pelo matagal”.

As informações passadas pelo coronel, no entanto, não foram confirmadas pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap). Em nota, o órgão informou que um grupo de homens fortemente armado invadiu o Conjunto Penal e, “após intensa troca de tiros com a segurança da unidade, abriram duas celas e 16 internos conseguiram fugir”.

A pasta não soube informar qual a distância entre as celas abertas. A segurança do presídio é feita pela Reviver, empresa que atua na cogestão da unidade.

A TV Bahia apurou que os invasores dispararam contra as muralhas e torres de vigilância, cortaram parte da cerca metálica com um alicate e acessaram uma das torres próximas ao canil e à horta. No pavilhão B, os detentos usaram uma corda artesanal, conhecida como “teresa”, para descer e fugir pela lateral do alambrado.

Durante a ação, os homens mataram um cão de guarda do presídio e abandonaram um fuzil calibre 5.56 — fabricado nos Estados Unidos e sem numeração aparente — no local. Dois carregadores com 57 cartuchos intactos também foram encontrados.

De acordo com o coronel Luís Alberto Paraíso, a Polícia Militar foi acionada por volta das 23h50, tendo chegado ao local 10 minutos depois. Os militares pegaram as fichas dos detentos e de suas visitas e, em seguida, iniciaram as buscas na região. Até o fim da tarde desta sexta (13), nenhum fugitivo foi recapturado.

“Nós estamos ajudando desde que fomos acionados. Vamos ajudar a fazer uma revista dentro do presídio e estamos agora criando um centro de infromações”, relatou o comandante.

A PM acompanha ainda as informações que chegam através do Disque Denúncia para checar a veracidade dos relatos.

Objetivo da ação era libertar líder de facção

Fontes da TV Bahia informaram que a invasão foi realizada por oito homens. O objetivo era resgatar Edinaldo Pereira Souza, conhecido como “Dada”, apontado como chefe da facção criminosa em Eunápolis (PCE), e mais 15 detentos, todos membros da mesma organização.

Os presos cumpriam penas por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas e homicídios qualificados.

Na manhã desta sexta, um homem foi preso suspeito de participar da invasão. Ele confessou que receberia R$ 5 mil pelo envolvimento no crime.

Veja abaixo os nomes dos internos que fugiram do presídio:

  • Ednaldo Pereira Souza, conhecido como Dada (chefe da facção criminosa);
  • Sirlon Risério Dias Silva, conhecido como Saguin (sub líder da facção criminosa);
  • Rubens Lourenço dos Santos, conhecido como Binho Zoião (da facção criminosa);
  • Altieri Amaral de Araújo, conhecido como Leleu (sub líder da facção criminosa);
  • Mateus de Amaral Oliveira;
  • Geifson de Jesus Souza;
  • Anderson de Oliveira Lima;
  • Anailton Souza Santos;
  • Fernandes Pereira Queiroz;
  • Giliard da Silva Moura;
  • Valtinei dos Santos Lima;
  • Romildo Pereira dos Santos;
  • Thiago Almeida Ribeiro;
  • Idário Silva Dias;
  • Isaac Silva Ferreira;
  • William Ferreira Miranda.

Após a fuga, equipes da Cipe-Mata Atlântica iniciaram buscas na vegetação ao redor do presídio, mas não encontraram os suspeitos, nem os foragidos. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado para realizar perícias no local.

Ao longo desta sexta, equipes da Polícia Civil e Militar seguem nas buscas para recapturar os fugitivos.

‘Sem tempo hábil para intervenção’

Em nota, a Seap informou que a Reviver, empresa que atua na cogestão da unidade e também responsável pela segurança do acesso ao local, acionou a polícia, mas não houve tempo hábil para intervenção.

A secretaria afirmou que trabalha com a PC para fornecer informações que ajudem nas investigações e apurar as circunstâncias da fuga.

Também por nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) confirmou que as forças policiais atuam de forma integrada com a Seap, compartilhando informações para recapturar os internos.

O Conjunto Penal de Eunápolis é uma unidade de segurança média destinada a presos do sexo masculino, provisórios e condenados, em regimes fechado e semiaberto. A unidade atende as comarcas de Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Itarantim, Potiraguá, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, além de outras localidades por questões de segurança, quando necessário.

Atualmente, o presídio possui 554 internos, excedendo sua capacidade de 457 vagas. Antes da fuga, a população carcerária era composta por:

269 presos provisórios;
237 no regime fechado;
58 em regime semiaberto interno;
Seis em regime semiaberto com trabalho externo.

Megaoperação prendeu mais de 600 pessoas na Bahia

Um dia antes da fuga de detentos no presídio de Eunápolis, a Polícia Civil prendeu mais de 625 pessoas em cidades da Bahia. As prisões — em flagrante e preventivas — ocorreram na 14ª fase da Operação Unum Corpus, que busca reduzir os índices de criminalidade, tirando de circulação indivíduos considerados de alta periculosidade. Entre os presos, há investigados por homicídios, tráfico de drogas, estupros e mais.

O g1 questionou a Polícia Civil quantos desses detentos foram levados para o Conjunto Penal de Eunápolis, mas não obteve retorno até a última publicação deste texto.

Fonte: g1

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários