Em 13 de dezembro é celebrado o Dia Nacional do Forró, um ritmo que carrega a identidade cultural do Nordeste e que, ao longo do tempo, tem conquistado espaço em outras regiões do Brasil. Carlos Matheus, Coordenador Municipal do Fórum Nacional do Forró, conversou com o Acorda Cidade, e explicou a importância dessa data.
“Esse é um dia ápice para o forrozeiro; comemoramos o aniversário de Luiz Gonzaga, que, se estivesse vivo, estaria completando 112 anos. Também celebramos o Dia Nacional do Forró e os três anos desde que a lei que reconhece o forró como patrimônio imaterial cultural do país entrou em vigor. Então, é uma data a ser comemorada, e ficamos muito felizes”, afirmou.
O coordenador falou sobre a importância do artista Luiz Gonzaga para a disseminação da cultura nordestina e o surgimento do forró como música e dança. Segundo ele, o Rei do Baião não só divulgou o forró, mas também toda a cultura nordestina, incluindo música, dança, artesanato e vestuário, levando a identidade da região para o mundo todo.
“Luiz Gonzaga criou esse ritmo em uma época em que o Brasil nem música própria tinha. Ele foi um dos artistas mais completos que existiu; ele criou esse gênero musical, inovou e empreendeu. Ficamos muito felizes em ser nordestinos e ver nosso ritmo ser tocado em outros lugares. O que precisamos mais é, como detentores dessa cultura, valorizar mais o que é nosso”, afirmou.
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De acordo com Carlos Matheus, algumas barreiras precisam ser quebradas. Ele acredita que falta incentivo do poder público, mas destaca que, como os forrozeiros amam o que fazem, eles seguem em frente quebrando essas barreiras.
“Temos desafios com quem faz a cultura e com a questão política. Temos uma importância muito grande para levar nossa cultura para outros lugares, mas, às vezes, esses lugares não aceitam. Gostaríamos muito de adentrar nas escolas, por exemplo, para mostrar nossa identidade cultural para as crianças, mas, às vezes, acabamos enfrentando barreiras”, lamentou em entrevista ao Acorda Cidade.
São João e mistura de ritmos
Questionado sobre o polêmico assunto da mistura de ritmos que vem ocorrendo em festas juninas pelo Nordeste, Carlos Matheus afirmou que isso gera impactos e lembra que o São João é uma festa cultural, diferente do Carnaval, que é uma festa multicultural, onde cabe a mistura de ritmos.
“No São João, temos comida e bebida próprias, além de uma vestimenta característica. O São João foi criado para festejar a colheita, e Luiz Gonzaga musicou essa festa. Temos o maior festival de inverno do mundo, que é o São João, mas com a invasão de outros gêneros musicais, se torna um pouco complicado trabalhar com o forró, que perdeu espaço nas praças públicas. Enquanto não entendermos, como fazedores de cultura, e também quem contrata, que esse ritmo é nosso, que foi um dos primeiros ritmos brasileiros criados e que até hoje sobrevive, e que o mundo lá fora está tocando, só o Nordeste que não se apropria, fica complicado”, declarou.
Enquanto o Nordeste não valoriza tanto quanto deveria suas raízes musicais, o forró tem seu destaque mundo afora, conforme afirmou o coordenador Municipal do Fórum Nacional do Forró. Ele afirma que festivais de forró são realizados em outros países e cita que o maior festival de forró do Brasil acontece fora da região Nordeste.
“Participei desse grande festival em Itaúna, no estado do Espírito Santo, que fica na região Sudeste do país. Lá, a maior preocupação dos organizadores é saber se o que eles estão fazendo está correto, pois têm medo de se apropriar do que é nosso, enquanto nós não temos essa preocupação”, disse.
Trabalho do Fórum Nacional do Forró para fortalecer a música nordestina
Diante de todos os desafios citados por Carlos Matheus para enaltecer e valorizar o ritmo nordestino, ele afirma que o Fórum Nacional do Forró tem trabalhado para criar leis que ajudem a fortalecer e promover o ritmo.
“Aqui em Feira, temos a lei de novembro de 2018 que instituiu o forró, a literatura de cordel, os contos populares e a capoeira como patrimônio imaterial cultural do país. Em 2021, foi instituído o forró como patrimônio imaterial cultural do país. Em 2022, fizemos a abertura do plano de salvaguarda do forró na cidade de Cachoeira. No ano passado, o deputado federal Zé Neto fez o projeto de lei que foi aprovado para que o forró virasse manifestação cultural do país, e este ano o presidente Lula sancionou uma lei que instituiu o nome de Luiz Gonzaga no livro de heróis e heroínas da pátria. Tudo isso são conquistas, mas precisamos tirar do papel e colocar em prática”, salientou.
Carlos Matheus lembrou ainda que em Feira de Santana há uma lei dos mestres que se chama Baio do Acordeon, que instituiu uma aposentadoria para os mestres da cultura popular do município, de qualquer segmento.
O coordenador destaca que é preciso mais incentivo do poder público para valorizar a cultura do forró e afirmou que, apesar dos desafios, nesta data há muito o que se comemorar.
“Este ano foi um sucesso para o forró; puxamos um trio na micareta de Feira com 25 quadrilhas que temos catalogadas hoje na cidade. Isso impacta muito positivamente em Feira de Santana. Colocamos o forró pela primeira vez no Bando Anunciar e fizemos no distrito de São José o primeiro Festival de Forró de Feira de Santana. São conquistas importantes”, afirmou.
Viva Gonzagão
E como aniversário se comemora com festa, neste sábado, dia 14, a Cidade da Cultura vai receber mais uma edição do Viva Gonzagão, uma homenagem aos 112 anos de Luiz Gonzaga, com apresentação das bandas Os Bambas do Nordeste e Neném do Acordean. A festa tem início as 21h e o valor da mesa custa R$ 120. Informações 75 9 8137-1751
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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