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Feira de Santana é a segunda cidade com maior número de favelas na Bahia; Ilhéus é a que tem mais moradores nestas áreas

Em 2010, foram identificadas 280 áreas de favela na Bahia, número que saltou para 572 em 2022, mais do que dobrando em 12 anos.

Coleta em Salvador - Censo 2022
Foto: Divulgação/IBGE

Feira de Santana registrou um aumento significativo no número de favelas e comunidades urbanas nos últimos anos, de acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com 49 áreas identificadas em 2022, o município ocupa a segunda posição no estado da Bahia, ficando atrás apenas da capital, Salvador, que conta com 262 favelas. No Ranking nacional, Feira de Santana está na lista das 20 maiores favelas em área por quilômetro quadrado. Ocupando a 17ª posição, a maior favela chama-se Santa Rita.

Por outro lado, a segunda maior cidade da Bahia em população, perde para uma outra cidade em número de pessoas que residem em favelas: Ilhéus. São 64.364 pessoas morando em favelas, enquanto em Feira de Santana são 44.699. Os dados foram divulgados na última sexta-feira (8).

Em 2010, foram identificadas 280 áreas de favela na Bahia, número que saltou para 572 em 2022, mais do que dobrando em 12 anos. Esse crescimento, no entanto, fez o estado cair no ranking nacional, passando da 5ª para a 8ª posição, já que o aumento registrado na Bahia foi o 6º menor do país.

Expansão das áreas urbanas precárias no estado

De acordo com o IBGE, o aumento generalizado no número de favelas no Brasil se deveu, em parte, a melhorias metodológicas e tecnológicas, que permitiram uma identificação mais precisa dessas áreas. No Brasil, o total de favelas quase dobrou de 6.329 em 2010 para 12.289 em 2022. Goiás, Mato Grosso e Tocantins lideraram o crescimento percentual de novas favelas nesse período.

Na Bahia, além de Feira de Santana e Salvador, outras cidades que se destacaram no aumento de áreas consideradas favelas foram Camaçari (47) e Lauro de Freitas (35). Camaçari, inclusive, registrou o maior crescimento numérico entre 2010 e 2022, com um acréscimo de 37 novas favelas, seguida por Itabuna (+33) e Lauro de Freitas (+28). Já Salvador, que possui a maior quantidade absoluta, teve um crescimento de apenas 20 novas áreas no período.

Segundo o IBGE, Salvador tinha, em 2022, o 5º maior número de favelas entre os 656 municípios brasileiros onde foram identificadas essas áreas. São Paulo/SP (1.359), Rio de Janeiro/RJ (813), Fortaleza/CE (503) e Recife/PE (295) lideravam o ranking, cujos nove primeiros lugares eram ocupados por capitais, com Guarulhos/SP em 10º (170 favelas).

número de favelas na Bahia segundo o IBGE
Fonte: IBGE

Para o IBGE, conforme divulgado pela assessoria de comunicação do órgão, “as favelas e comunidades urbanas são territórios populares originados das diversas estratégias utilizadas pela população para atender, geralmente de forma autônoma e coletiva, às suas necessidades de moradia e usos associados (comércio, serviços, lazer, cultura etc.), diante da insuficiência e inadequação das políticas públicas e investimentos privados dirigidos à garantia do direito à cidade.” 

O instituto destaca que “em muitos casos, devido à sua origem compartilhada, relações de vizinhança, engajamento comunitário e intenso uso de espaços comuns, as favelas constituem identidade e representação comunitária.”

Para identificar favelas e comunidades urbanas, o IBGE considera a predominância de domicílios com graus diferenciados de insegurança jurídica da posse e pelo menos um dos demais critérios abaixo:

  • ii. Ausência ou oferta incompleta e/ou precária de serviços públicos (iluminação, saneamento, drenagem etc.); e/ou
  • iii. Predomínio de edificações, arruamento e infraestrutura usualmente autoproduzidos e/ou orientados por parâmetros urbanísticos e construtivos distintos dos definidos pelos órgãos públicos; e/ou
  • iv. Localização em áreas com restrição à ocupação definidas pela legislação ambiental ou urbanística, como faixas de domínio de rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e áreas protegidas; ou em áreas de risco.

Segundo o IBGE, Salvador teve um crescimento de 17,1% na população em favelas, entre 2010 e 2022, o que representou mais 151.054 pessoas, em 12 anos. Foi o 4º maior crescimento absoluto, mas o 3º menor aumento percentual. Por isso, a capital, assim como o estado, caiu uma posição no ranking de proporção de pessoas em favelas – ficava no 2º lugar em 2010, com 33,0% da população em favelas.

O instituto explica que, “assim como ocorre com as diferenças nos números de favelas e comunidades urbanas identificadas em 2010 e 2022, as variações nas populações residentes nesses locais também são, em parte, consequência das mudanças e melhorias na precisão e qualidade da investigação censitária, não podendo ser atribuídas exclusivamente a fatores demográficos.”

Coleta em Salvador - Censo 2022
Foto: Divulgação/IBGE

Salvador concentra a maioria das favelas baianas

Salvador, a capital do estado, abriga 75,4% dos moradores de favelas na Bahia, o que representa mais de 1 milhão de pessoas. Em termos proporcionais, 42,7% da população de Salvador vive em áreas de favela, colocando a cidade em 3º lugar entre as capitais brasileiras, atrás apenas de Belém (57,2%) e Manaus (55,8%).

Dentre as favelas mais populosas do Brasil, Salvador tem duas que se destacam: Beiru/Tancredo Neves, com 38.871 moradores, é a 10ª maior do país, e Pernambués, com 35.110 moradores, ocupa a 11ª posição nacional. Na Bahia, essas são as duas áreas com maior concentração populacional em favelas, seguidas por Valéria (21.635), Bairro da Paz (20.509) e Santa Cruz (19.833). Fora de Salvador, a única favela entre as 20 mais populosas do estado é Teotônio Vilela, em Ilhéus, com 12.788 moradores.

Crescimento da população em favelas

Em comparação a 2010, a população vivendo em favelas na Bahia aumentou em 41,1%, com mais 399.322 pessoas em 12 anos. No entanto, esse crescimento foi o 8º mais baixo entre os estados brasileiros, o que fez a Bahia cair uma posição no ranking nacional de proporção de habitantes vivendo em favelas, de 6º para 7º lugar.

Condições de saneamento em favelas superam média estadual

Saneamento básico nas favelas
Fonte: IBGE

Curiosamente, os moradores de favelas na Bahia têm melhores condições de acesso a serviços de saneamento básico do que a média da população do estado. Segundo o IBGE, 98,1% das pessoas que vivem em favelas na Bahia têm abastecimento de água por rede geral, enquanto, para a população geral, essa proporção é de 82,7%.

Além disso, 88,8% dos moradores de favelas têm acesso a sistemas de coleta de esgoto por rede ou fossa séptica ligada à rede, comparado a apenas 52,2% da população baiana em geral. Salvador se destaca, com 94,1% dos moradores de favelas atendidos por coleta de esgoto, um índice próximo ao da população geral da cidade (94,7%).

Quanto à coleta de lixo, 96,6% dos domicílios em favelas na Bahia têm esse serviço, superando os 82,7% da população em geral do estado. Salvador mantém uma alta cobertura, com 97,1% dos moradores de favelas beneficiados por coleta de lixo, quase equivalente aos 98,1% da população da cidade.

Contexto nacional e crescimento das favelas

número de favelas por UF

Em nível nacional, o Brasil contabilizava, em 2022, um total de 16.390.815 pessoas vivendo em favelas, equivalente a 8,1% da população. O aumento foi de 43,5% em comparação a 2010. Unidades da Federação como Roraima, Goiás e Tocantins registraram os maiores aumentos proporcionais no número de moradores em favelas.

Por outro lado, algumas capitais como Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro viram a população residente em áreas de favela diminuir nesse período.

crescimento das favelas no Brasil
Fonte: IBGE

Detalhamento feito pelo IBGE

O censo IBGE apontou que com um aumento relativamente menor, a Bahia caiu uma posição no ranking nacional de proporção de população em favela, de 6ª para 7ª, em 12 anos.

“Em 2022, 3 de cada 4 pessoas que viviam em favelas e comunidades urbanas na Bahia estavam em Salvador, onde havia 1.033.258 moradores nessas áreas, 75,4% do total do estado. A população em favelas representava 42,7% ou 4 em cada 10 habitantes do município”, informou instituto.

Embora fosse a 5ª capital em população total, Salvador tinha o 4º maior número absoluto de pessoas moradoras de favelas, abaixo de São Paulo/SP (1.728.265, 15,1% do total da população), Rio de Janeiro/RJ (1.349.942, 21,7% do total) e Manaus/AM (1.151.828, 55,8% da população).

percentual de pessoas que residem em favelas no Brasil
Fonte: IBGE/Censo 2022

Proporcionalmente, Salvador (42,7% da população em favelas) ficava em 3º lugar entre as capitais, só abaixo de Belém/PA (57,2% da população em favelas, representando 745.140 pessoas) e Manaus/AM (55,8%, ou 1.151.828 pessoas).

Dentre as 27 capitais brasileiras, 23 viram a população residente em áreas identificadas como favelas aumentar frente a 2010. As exceções foram Curitiba/PR (-24,6%), Porto Alegre/RS (-9,0%), Rio de Janeiro (-3,1%) e Belém (-1,8%), onde esse contingente caiu.
Por sua vez, Palmas/TO, que não havia registrado população em favelas em 2010, Boa Vista/RR (+1.284,3%) e Goiânia/GO (+632,9%) tiveram os maiores aumentos em termos proporcionais.

Em termos de crescimento absoluto, Manaus/AM (+855.918 pessoas em favelas), São Paulo/SP (+447.865) e Fortaleza/CE (+181.701) lideraram.

CARACTERÍSTICAS DOS MORADORES

Quase 9 em cada 10 favelas e comunidades urbanas baianas (87,9% ou 503 das 572) tinham maioria de mulheres na população.

As mais femininas eram Campo do Quingoma I – Lauro de Freitas (58,2% de mulheres), Vila Matos – Salvador (58,0%) e Nova Esperança – Feira de Santana (57,8%). As maiores proporções de homens estavam em Paz e Vida – Salvador (61,4% de população masculina), Padre Aparecido – Teixeira de Freitas (56,5%) e Ponto Certo – Camaçari (53,9%).

Além de mais feminina, a população que morava em favelas, na Bahia, em 2022, também era mais preta do que no total do estado. Quase 4 em cada 10 pessoas que viviam em favelas baianas eram pretas (39,2% ou 537.063), frente a uma participação de 22,4% na população em geral.

A proporção de pretos era ainda maior nas favelas de Salvador (42,2%), acima da já elevada participação na população em geral do município (34,1%). Pouco mais da metade das pessoas pretas que viviam em Salvador moravam em favelas: 435.515 ou 52,8% das 825.509.

No Brasil, as pessoas pretas eram 16,1% das que moravam em favelas e comunidades urbanas e 10,2% da população total.

Em 36,0% das favelas baianas (206 das 572) mais de 40,0% da população era preta. Quebra Bunda/Chácara Santo Antônio – Salvador, com 87,2% da população preta, Jaraguá I – Camaçari (62,1%) e Chácara Taiti – Lauro de Freitas (61,6%) tinham os maiores percentuais.

Por outro lado, a proporção de pessoas idosas, de 60 anos ou mais de idade, nas favelas e comunidades urbanas baianas (12,7% ou 174.406 pessoas) ficava abaixo da população em geral (15,3%), indicando uma menor longevidade nesses locais. No Brasil, essa diferença era ainda maior, com 10,5% de pessoas idosas em favelas, frente a 15,8% na população em geral. Já nas favelas soteropolitanas, 13,3% da população era idosa, frente a uma participação de 16,5% na população em geral.

Em 8 de cada 10 favelas baianas (82,7% ou 473 das 572), a participação de pessoas idosas na população era menor do que a verificada na população em geral do estado, ou seja, abaixo de 15,3%.

Na Bahia, as favelas com maior participação de pessoas idosas na população eram Fortaleza – Salvador (onde 24,9% da população tinha 60 anos ou mais), Invasão de São Lázaro – Salvador (24,3%), e Gantois – Salvador (22,6%). Já as menores participações de pessoas idosas estavam nas populações das favelas Bombinha – Araci (2,5%), Paz e Vida – Salvador (2,9%), e Santa Bárbara – Lauro de Freitas (3,1%).

Acorda Cidade com dados fornecidos pelo IBGE

Leia também: Censo revela quais são as 20 maiores favelas do país; veja a lista

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