Feira de Santana

Celebrando a cultura afro-brasileira, 1ª edição do Afro Conecta é realizada em Feira de Santana

De acordo com os organizadores do evento, cerca de 300 pessoas estiveram presentes.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Foi realizada nesta terça-feira (5), no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana, a primeira edição do Afro Conecta – Diálogo Cultural, evento promovido pelos comunicadores Frei Cal, Lourdes Rocha e Luiz Santos, da Rádio Sociedade News 102.1 FM.

A programação do evento foi marcada pela presença da professora doutora Bárbara Carine, que compartilhou reflexões e vivências em uma noite de muita conexão e fortalecimento das raízes identitárias.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o radialista Frei Cal detalhou o que motivou realizar um evento como este, justamente no mês de novembro, quando se celebra a Consciência Negra.

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Frei Cal

“A motivação tem a ver com a luta do combate ao racismo que já existe desde quando os nossos primeiros irmãos saíram da África, isso é algo que vem acontecendo e não parou até os dias de hoje. Muitos vieram antes de nós e, por isso que nós estamos aqui dando continuidade. Então neste objetivo, neste sentido, com esta motivação, este momento aqui em Feira de Santana, é para si somar a tantos outros que já vem acontecendo e, continuarão acontecendo. Nós estamos aqui para somar, para nos aquilombarmos, para nos conectarmos na luta de combater o racismo e nesta educação para criar uma nova sociedade”, declarou.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Lourdes Rocha contou que um dia após o lançamento oficial do evento, muita gente já estava buscando informações para participar. Segundo ela, já existem planos para novos projetos.

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Lourdes Rocha

“O primeiro impacto já aconteceu quando nós lançamos o evento dia 27 de agosto ali na Feira do Livro. No dia 28 já não tinha mais vagas e, durante todo este tempo, muita gente tinha nos procurado para participar, então a gente acredita que o impacto vai ser esta reflexão da Bárbara Carine que vai falar sobre o racismo, também vamos homenagear algumas personalidades que tem uma história na luta contra o racismo aqui em Feira de Santana, o secretário Felipe também que vai estar junto com a gente, vai ser homenageado, então acredito que durante este mês de novembro, este evento vai repercutir em cada um em cada uma que participou aqui neste momento. A gente tem conversado muito, esta é a primeira edição, então a gente vai avaliar e sim, pensamos em fazer a segunda edição em Feira de Santana e estender este evento, esta discussão”, afirmou.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Artista e natural de Feira de Santana, Gilsam Souza participou do evento e, em entrevista ao Acorda Cidade, destacou sobre a luta contra o racismo.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Gilsam

“Não é em um dia qualquer que está acontecendo esta primeira edição do Afro Conecta, é no dia da cultura, então é muito importante a valorização da cultura afro-brasileira na construção da sociedade do Brasil. Existe um processo de conscientização de qual situação a população negra se encontra. Existem vários dispositivos que já começam a provocar reflexões, que começam interrogar qual lugar social que a população negra se encontra, qual lugar social que o negro, a negra se encontra, então avanços existem, até leis que institui a obrigatoriedade de trabalhar a história africana e afro-brasileira como também a história dos povos indígenas nas escolas. Se a gente for olhar um parâmetro da desigualdade social racial a gente vê que a população negra ainda continua na pirâmide da sociedade”, explicou.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Convidada da noite, a professora Bárbara Carine apontou que é necessário identificar estratégias para a população negra, principalmente, aprofundando o debate social.

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Bárbara Carine

“O povo de Feira de Santana já é um povo muito aguerrido, um povo muito envolvido na luta antirracista e, eu tenho certeza, inclusive um público onde meus livros circulam muito, então é o público que já tem um letramento racial. Eu acho que o intuito é a gente pensar este Novembro Negro em quais as estratégias emancipatórias que a nossa comunidade ainda precisa, quais os pontos que a comunidade negra ainda precisa pensar em termos de agenda, de agência para a gente aprofundar o debate socialmente e, também, as políticas públicas”, disse.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, a professora também relembrou um pouco da infância.

“Eu sou uma mulher negra, periférica, bisneta de uma mulher que foi escravizada até os 12 anos, filha de uma ex-empregada doméstica, então não tem como minha história não me levar para as reflexões em torno das questões de raça. É isso a minha infância, a minha juventude, a minha emancipação educacional me leva para um lugar de pensar na comunidade negra como um todo, o que é que a gente pode fazer para se emancipar coletivamente”.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Segundo Bárbara Carine, ainda é necessário muitas mudanças para combater o racismo.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O racismo estrutural ele está em todos os setores sociais, mas eu acho que a educação é um complexo social tão estratégico, eu acho que a gente precisa ter um olhar para a educação, a gente precisa olhar para as escolas, a gente precisa olhar para educação básica, para a formação de professores, para produção de literatura afro referenciada, a gente precisa olhar para essa herança africana em um lugar de positivação, a gente precisa educar a juventude para ter uma outra concepção de ser humano”, concluiu.

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Angélica Rodrigues

A artesã Angélica Rodrigues também esteve presente no Afro Conecta. Ao Acorda Cidade ela contou que produz os próprios produtos e, não poderia deixar de participar de um evento como este.

Afro Conecta
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade | Angélica Rodrigues

“Eu já sou artesã há quatro anos. Eu que fabrico meus próprios produtos, são bolsas, artigos decorativos para o Natal, tudo em crochê, vivo do artesanato e sempre estou participando também da Feira que a prefeitura promove na Avenida Getúlio Vargas”.

O evento também contou com uma programação diversificada, ao exemplo das apresentações musicais, rodas de capoeira, performances artísticas, estandes culturais e homenagens a personalidades que se destacam na valorização da cultura afro.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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