Você já imaginou participar de uma “Noite dos Morcegos”? Animais temidos pela maioria das pessoas, eles são os protagonistas de um evento, que será realizado em Feira de Santana e, que visa a popularização e divulgação científica, além de buscar oferecer uma nova perspectiva sobre os morcegos, promovendo o conhecimento e a conservação desses animais.
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Se você se interessou por esse evento, saiba que ele é gratuito e aberto a população, qualquer pessoa pode participar. Ele será realizado na próxima segunda-feira (11) com um ciclo de palestras, durante o dia, no auditório da pós-graduação em modelagem, no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), e com uma trilha guiada no Observatório Antares, no Jardim Cruzeiro, a partir das 19h. As inscrições podem ser feitas no site da Zoonoses Uefs, www.zoonoses.uefs.br.
A bióloga Priscylla Marcelly Vilanova Oliveira do Nascimento, destacou que o evento segue entre os dias 12 e 14 de novembro, porém nesses dias será nas cidades de Andaraí e Barra. De acordo com ela, vários palestrantes vão participar do evento.
“O evento é aberto ao público e dentro dessas atividades vamos ter as palestras durante o dia, que será pela manhã e pela tarde. Nessas palestras também vamos ter algumas exposições de atividades que fizemos com os alunos da educação básica, onde eles vão expor os resultados. Nessas atividades eles fizeram um mapeamento colaborativo com algumas informações que encontramos ao redor da escola. Os palestrantes serão de algumas universidades, como Uesc, Ufob, Unesp e uma professora da Universidade de Washington, que vai fazer uma palestra falando um pouquinho sobre a saúde única”.
Segundo a bióloga, essa é a segunda edição do evento, que é organizado pelo Grupo de Pesquisa em Zoonoses e Saúde Pública da Uefs, com o suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, a Fapesb, pelo edital Proficiência. Segundo ela, no primeiro ano do evento os resultados foram muitos positivos.
“Foi uma experiência muito boa. Muitos alunos vieram participar da trilha guiada, por exemplo, e ganhamos um pouco de fama sobre esse evento. Esse ano estamos fazendo muitas divulgações da segunda edição e todos estão muito interessados em participar”, disse.
O professor e médico veterinário Aristeu Vieira da Silva, destacou, ao Acorda Cidade, porque é importante desmistificar crenças populares negativas sobre os morcegos. Segundo ele, esses animais são importantes para a saúde dos ecossistemas urbanos, rurais e naturais, além de promover seu papel fundamental no equilíbrio ambiental e no bem-estar humano.
“Algumas pessoas dizem que o morcego é um rato com asa, que é um animal feio, sujo, que bebe sangue. Mas na verdade não é bem assim. Acho que a gente teme aquilo que não conhece. Então, um dos grandes objetivos do evento é trazer para as pessoas informações sobre a variedade e o papel dos morcegos”, afirmou.
De acordo com o professor, na Bahia são mais de 100 espécies de morcegos e no mundo, são mais de 1.400. Dessas, conforme destacou, apenas três se alimentam de sangue.
“Essas três espécies existem no Brasil, mas em menor proporção. Em Feira de Santana, os mais comuns, na área urbana, são os morcegos que se alimentam de insetos. Isso tem uma importância tremenda, porque eles ajudam, inclusive, a controlar as populações de insetos. Então, a gente poderia ter questões muito mais graves com relação a dengue, por exemplo, porque um morceguinho desse chega a comer 100, 200, 300 mosquitos por noite. Com isso, eles acabam fazendo o controle dessas populações e isso nos ajuda”, ressaltou.
Com relação a região de Feira de Santana, Aristeu Vieira da Silva disse que existem algumas especeis de morcegos que se alimentam de sangue, porém eles estão mais presentes na zona rural.
“Tem um morcego que a gente chama de vampiro comum, ele se alimenta, principalmente, de sangue de mamíferos de animais como bois e cavalos. Normalmente, isso acontece mais na zona rural. Eles são morcegos relativamente grandes e precisam também de animais de um determinado porte. Aqui em Feira a gente tem notícia deles na região do distrito de Jaguara”.
Com relação as doenças que são transmitidas pelos morcegos, o médico veterinário chamou atenção para a raiva. Como existem morcegos que se alimentam de sangue, eles acabam tendo um contato mais íntimo e podem transmitir doenças.
“Por isso é importante a gente frisar que a raiva é uma doença prevenível pela vacinação, e onde ocorrem ataques aos animais de produção, como cavalos, bois, é necessário que esses animais sejam vacinados para não permitir que eles sofram dessas doenças”.
O professor Aristeu ainda chamou atenção para situações em que os morcegos são vistos em situações incomuns, como por exemplo, voando durante o dia, às vezes mortos ou se debatendo no chão, ou pendurados em cortinas. Ele afirma que essas situações chamam a atenção, porque esses morcegos podem estar doentes.
“Os morcegos têm hábitos noturnos, então, a gente tem que ficar muito atento quando encontra essas situações estranhas, por que eles podem estar doentes, e nesse processo, eventualmente, podem transmitir, não só para a gente, mas também para os animais domésticos como cães e gatos. O gato é um animal caçador, mesmo que ele esteja alimentado, ele tem um instinto de predação muito forte, então ele pode caçar esses animais e nesse contato, ocorrer a transmissão de alguma doença. O que nos preocupa muito é a raiva. Então, é extremamente importante vacinar anualmente cães e gatos contra a raiva”.
O professor lembra que o Centro de Controle de Zoonoses de Feira de Santana faz esse trabalho de vacinação de uma forma gratuita.
Para finalizar, ainda destacando a importância desse animal, o professor e médico veterinário lembra que os morcegos são animais silvestres da fauna brasileira, que são protegidos por lei e que prestam serviços ambientais extremamente importantes.
“A gente precisa lembrar que esses animais são protegidos, e é um crime ambiental matar os morcegos, que são animais muito importantes. Eles têm o que a gente chama de papéis ecológicos. Os que se alimentam de insetos, controlam a população de insetos. Os que se alimentam de frutas, espalham as sementes, então, eles são regeneradores de florestas. Tem morcegos que se alimentam de néctar, e, nesse processo, eles fazem a polinização das plantas. Existem plantas que só são polinizadas por morcegos. Então, aquele papel que as abelhas e os beija-flores fazem durante o dia, existem espécies de morcegos que fazem durante a noite. Existem plantas que deixariam de existir se os morcegos também deixassem de existir”, frisou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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