O Canal do Sertão Baiano é um projeto que pretende retirar água do Rio São Francisco, a partir da Bacia do Salitre, em Juazeiro, e distribuí-la para a barragem em São José do Jacuípe. A obra deve beneficiar 1 milhão de pessoas. O canal terá no total 300 km de extensão e um custo estimado em R$ 5 bilhões.
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No projeto, o canal corta o semiárido baiano, região caracterizada pelas altas temperaturas e longos períodos de seca. A obra irá beneficiar diversos municípios, proporcionando o fornecimento de água para a agricultura irrigada e a pecuária, atividade que consiste na criação de animais.
Detalhamento do projeto
A água será captada a partir da Bacia do Salitre no município de Juazeiro e transportada por meio de um canal para a barragem João Durval Carneiro em São José do Jacuípe, beneficiando vários municípios ao longo do trajeto. Um deles, será Feira de Santana.
A partir da barragem João Durval Carneiro, a água será transportada através do leito do Rio Jacuípe até Feira de Santana.
A barragem de São José do Jacuípe, acumula cerca de 250 milhões de metros cúbicos de água. O projeto ainda prevê que 22 km de um canal da Bacia do Salitre em Juazeiro sejam incorporados ao Canal do Sertão Baiano.
Cidades beneficiadas
A obra tem como principal objetivo estabelecer a chamada segurança hídrica, fazendo com que agricultores, pecuaristas e consumidores tenham disponível nas propriedades a água.
Segundo uma publicação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional os municípios baianos de Andorinha, Antônio Gonçalves, Caém, Caldeirão Grande, Campo Formoso, Candeal, Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Filadélfia, Gavião, Ichu, Itiúba, Jacobina, Jaguarari, Juazeiro, Mairi, Miguel Calmon, Mirangaba, Morro do Chapéu, Mundo Novo, Nova Fátima, Ourolândia, Pé de Serra, Pindobaçu, Pintadas, Piritiba, Ponto Novo, Queimadas, Quixabeira, Riachão do Jacuípe, Santaluz, São Domingos, São José do Jacuípe, Saúde, Senhor do Bonfim, Serrolândia, Sobradinho, Tapiramutá, Umburanas, Valente, Várzea da Roça, Várzea do Poço, Várzea Nova e Uauá serão beneficiados com a obra.
Um sonho antigo
O ambientalista João Dias é presidente da ONG Viva Feira e faz parte do grupo que idealizou o Canal do Sertão Baiano. Ele contou ao Acorda Cidade que o projeto é fruto do trabalho de uma equipe multidisciplinar.
“Nós fizemos uma avaliação da bacia do Jacuípe e observamos que o rio passa a maioria do ano sem água, é um rio intermitente. Estudamos a possibilidade de trazer água do Lago de Sobradinho, muito próximo a Juazeiro, na Bacia do Saleiro, para perenizar o Jacuípe. Criou-se então o grupo Canal do Sertão Baiano”, disse o ambientalista.
João Dias disse estar muito animado com a possibilidade de levar água para uma das áreas mais secas do estado da Bahia.
“Muitos municípios serão beneficiados direta ou indiretamente. Isso significa que o sertão vai ter um rio perene que muitos problemas relativos a déficit hídrico vão deixar de existir. A gente vai poder ter água para criar peixe, para projetos de agricultura irrigada e até mesmo as fazendas poderão produzir feno, ração para gado a partir da água do São Francisco no Rio Jacuípe”, disse João Dias.
Negociações e governos
João contou que na então gestão Bolsonaro o Governo Federal liberou R$ 12 milhões para a realização de estudos de viabilidade do projeto. As tratativas foram paralisadas por conta das eleições de 2022 e após a posse do governo Lula o diálogo foi restabelecido.
“Nós estamos super felizes porque é um sonho antigo do sertanejo, desde o tempo colonial, que existia esse sonho de trazer água do São Francisco para alguns lugares da Bahia e que nunca foi possível. Nós consideramos como a obra mais importante na área hídrica do estado da Bahia, juntamente com a construção de Pedra do Cavalo”, finalizou João Dias.
Investimento milionário
Segundo o ambientalista, o Governo Federal liberou R$ 126 milhões para a construção dos 10 km iniciais da obra do Canal do Sertão Baiano. João Dias declarou que recebeu a informação após prefeitos de municípios que serão beneficiados com a obra do canal se reunirem com representantes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf).
A previsão é que a conclusão da obra ocorra em 2035.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves
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