Feira de Santana

Motoristas protestam contra adiamento de projeto que impede micro-ônibus de rodar sem cobradores

De autoria do vereador petista Alberto Nery, a votação do projeto foi adiada por 5 sessões, a pedido dos vereadores Isaias de Diogo (PPS) e David Neto (PTN)

Roberta Costa

Na manhã desta quarta-feira (8), a Câmara Municipal discutiu a aprovação do projeto que altera o dispositivo da Lei 2.397/2003, que organiza o sistema do transporte coletivo urbano e impede que o motorista acumule a função de cobrador nos micro-ônibus da cidade.

 
De autoria do vereador petista Alberto Nery, a votação do projeto foi adiada por cinco sessões, a pedido dos vereadores Isaias de Diogo (PPS) e David Neto (PTN).
 
Durante a votação, dezenas de motoristas e cobradores estavam presentes na Casa e, após o adiamento da votação, eles realizaram uma manifestação de cerca de uma hora, em frente àmara Municipal.

 
 
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Feira de Santana (Sintrafs), Antonio Carlos Araujo Lima, que esteve à frente da manifestação, disse que é inconcebível que o “motorista fale ao celular, embarque cadeirantes e dirija o ônibus ao mesmo tempo”.
 
O presidente do Sintrafs, Alberto Nery comentou o adiamento da votação.
 
“Os rodoviários vieram ouvir e participar da votação e os vereadores utilizaram uma manobra para  desmobilizar a categoria e não votar o projeto. São vereadores que se dizem defensores da classe trabalhadora e, nesse momento, pedem o adiamento”.
 
Nery também disse que não ordenou a manifestação e se posicionou contra o movimento.
 
“Estamos em processo de campanha salarial e não existe a necessidade de fazer uma paralisação, que eu considero ser precipitada. As pessoas estão voltando para casa, ordenei que ela seja suspensa imediatamente. Não existe razão para isso, temos que ter habilidade e no chão para não cometer erros. Ao invés de ganhar a simpatia do povo, estamos colocando eles contra a gente com o movimento”.
 
 
O motorista Adson Carlos pontuou que acumular a função de cobrador aumenta o risco de acidentes envolvendo ônibus. “Não pode acontecer isso numa cidade de porte tão grande como Feira de Santana, pois causa muito transtorno para os usuários.”
 
Em resposta, o presidente damara Municipal, Justiniano França (DEM) afirmou que o movimento é justo, mas afoito.
 
“O projeto não foi rejeitado. Houve um pedido de adiamento , que está dentro do processo legislativo”.
 
PassageirosPegos de surpresa pelo movimento, os passageiros tiveram duas escolhas: ou aguardavam o final do manifesto ou desciam do ônibus e buscavam outras alternativas para chegarem ao destino.
 
Ernandes Barbosa, 30 anos, optou por esperar. “Sou a favor da paralisação, mas eles não tiveram respeito pelos passageiros. Tinha gente indo para o médico, uma senhora passou mal dentro do ônibus. Eles simplesmente pararam e não avisaram”.

 
 

O mesmo pensamento foi compartilhado pelo passageiro Fábio Gomes Medeiros. “O ônibus estava cheio e muita gente perdeu o valor pago pela passagem. Tem que reclamar mesmo, o motorista não pode ser cobrador também. Mas, nós também temos nossos direitos”, disse.
 
Terminal Central – Além da rua Visconde do Rio Branco, os motoristas que estavam no Terminal Central do município também pararam as atividades e os passageiros ficaram mais de uma hora aguardando.
 
‘Tive que sair, não posso pagar pelos erros dos outros. Teve tumulto, todo mundo desceu dos ônibus e não devolveram a nossa passagem”, reclamou Márcia Almeida.

 
 
 
Outras manifestaçõesO diretor de imprensa do sindicato, Adelino Neto, disse que é possível que aconteçam mais cinco paralisações de motoristas e cobradores essa semana, com a primeira agendada para a manhã desta quinta-feira (09).
 
*Essa matéria teve a contribuição do repórter Paulo José, do Acorda Cidade.
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