Um grupo de empresários de Feira de Santana e outras regiões da Bahia está em Guangzhou, na China, participando de uma missão empresarial, explorando oportunidades de negócios e inovação na maior feira multisetorial de negócios do mundo, a Canton Fair (China Import and Export Fair), que acontece duas vezes ao ano: uma em abril e outra em outubro.
Entre os participantes estão Antônio Carlos Borges Júnior, gerente da Unidade de Projetos Especiais e Mercados de Internacionalização do Sebrae; Clóvis Cedraz, presidente da Faceb (Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia); Sandro Santana, presidente da Associação Comercial dos Lojistas do Feiraguay, Dilton Coutinho Júnior, proprietário da Agência Um Propaganda, e Geraldo Moraes, presidente do Centro das Indústrias de Feira de Santana.
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A Canton Fair é uma das maiores e mais antigas feiras de comércio do mundo. Ela foi inaugurada em 1957 com o objetivo de facilitar o comércio internacional, reunindo expositores e compradores de diferentes partes do planeta. É uma verdadeira vitrine para a inovação industrial e tecnológica na China.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Antônio Carlos Borges Júnior destacou a importância dessa missão para a internacionalização de empresas baianas e as oportunidades de acesso a novos mercados.
Durante a primeira fase do evento, voltada para equipamentos, os empresários tiveram a oportunidade de identificar as necessidades tecnológicas para as indústrias locais. Na segunda fase, o foco foi a comercialização e distribuição de produtos.
“Estamos acompanhando empresários de Feira de Santana, Juazeiro e Porto Seguro. Estamos aqui para aproximar empresas baianas dos mercados globais e criar novas oportunidades de desenvolvimento para a região metropolitana de Feira de Santana”, disse Borges Júnior.
Além de visitar a feira, a comitiva participou de reuniões em uma associação de pequenas e médias empresas, discutindo patentes e propriedade industrial. Borges destacou a eficiência do processo de patentes na China.
“Uma patente aqui demanda 15 dias para ser liberada pelo governo, e conhecemos uma fábrica de drones com 150 patentes registradas, vendendo para o mundo todo. Esses drones têm usos diversos, como entregas e combate a incêndios em grandes edifícios”.
A missão empresarial conta com a participação de 10 empresários e três profissionais de apoio, incluindo um tradutor brasileiro que mora em Xangai.
Durante entrevista ao Programa Acorda Cidade, o tradutor falou em mandarim e contou detalhes da viagem. Thales mora na China desde o início de janeiro deste ano e é natural de São Paulo. Uma das curiosidades da viagem que ele contou em entrevista foi como o grupo tem se adaptado à alimentação no país.
“O pessoal está estranhando, mas para mim é tudo normal. Eles gostam de muito tempero e pouco sal na comida. Aqui é mais agridoce. Aqui também o pessoal só serve água morna, pode fazer 46ºC, água gelada é uma raridade”, contou o tradutor ao Acorda Cidade.
Antônio Carlos ainda mencionou que a feira é um importante evento para impulsionar a entrada de empresas baianas no mercado chinês e global. “Estamos trabalhando para viabilizar essas ações em conjunto com as federações da indústria e do comércio. Queremos despertar os empresários para novos mercados”, explicou.
A experiência de imersão na cultura chinesa também foi ressaltada por ele. “Essa é uma grande oportunidade de conhecer não só o mercado chinês, mas também como os chineses fazem negócios”.
Apesar das grandes distâncias e longas horas de voo, o gerente falou que é importante participar de um evento dessa magnitude, com caravanas empresariais vindas de várias partes do Brasil. São pelo menos 24 horas do Brasil, com escalas na Etiópia ou em Dubai, além de mais de 12h até chegar à China.
Em sua sexta visita ao país, Clóvis Cedraz, presidente da Faceb, compartilhou suas reflexões sobre a modernização e as oportunidades que a China oferece. Durante a entrevista ao Acorda Cidade, Cedraz destacou as disparidades entre a realidade brasileira e chinesa, além de falar sobre a experiência em uma feira internacional que atrai visitantes de todo o mundo. Segundo ele, são pelo menos 600 mil por dia.
“Posso lhe assegurar que, para quem está conosco hoje, a oportunidade é surreal. O nível de encantamento é muito alto com o que vê na China, no campo das novidades que o país apresenta. O que há de novo aqui em modernização e em um sistema de capitalismo para evoluir, fazer a economia prosperar, é impressionante”.
O presidente também falou sobre o funcionamento da relação entre o governo e os pequenos negócios no país. A burocracia não é vista como um empecilho ao desenvolvimento, como acontece no Brasil.
“O governo quer que a gente produza e cria a facilidade necessária para que a gente possa produzir mais para ele poder arrecadar mais. Aqui, o prazo para o registro no INPI é de 15 dias, enquanto no Brasil isso pode passar de um ano para uma empresa pequena registrar sua marca”, afirmou.
Além disso, ele destacou a grandeza da população local e do país desenvolvido.
“Em Guangzhou, onde estamos, a população é de 17 milhões, muito acima da população da Bahia. A mobilidade aqui é em altíssimo nível, com um sistema de metrôs e trens funcionando divinamente bem”, pontuou. A segurança foi outro ponto que impressionou o presidente. Com uma cidade que não dorme, o grupo aproveitou para caminhar pelas ruas mais de 01h da madrugada.
“Você pode transitar à noite com o que quiser, com valor, telefone na mão. Isso nos impressiona e deixa o pessoal daqui encantado”.
O grupo já identificou boas oportunidades de negócios que, segundo Clóvis Cedraz, podem se aplicar muito bem à região de Feira de Santana, como os robôs/drones que realizam entrega por aplicativo. Para ele, o recurso pode diminuir os problemas que muitos consumidores e trabalhadores, principalmente em condomínios, enfrentam quando precisam realizar ou receber uma entrega.
“Por uma questão de segurança. Você coloca a entrega no robô, ele entrega na recepção. Ele mesmo vai para o elevador, se alguém o interceptar no caminho, ele pede licença e chama o elevador automaticamente para o andar do seu apartamento. Quando chega, ele liga para o seu telefone cadastrado ou para o seu interfone”, revelou.
Sandro Santana também conversou com o Acorda Cidade para falar sobre como tem sido a experiência na China e qual o objetivo deles na feira. Ele está representando 450 empresários do Feiraguay.
Segundo Sandro Santana, 95% dos produtos que estão no Feiraguay atualmente são do mercado chinês. Criar uma central de compras integrada com o país vai facilitar a competitividade dos empresários de Feira de Santana com o mercado digital.
“Viemos com a missão de criar uma central de compras, onde podemos reunir os empresários do Feiraguay e sua zona comercial que tenham interesse em produtos e fazer todo o levantamento e a estrutura para que esse produto possa chegar em Feira de Santana e ser distribuído para toda a Bahia. Com isso, melhorar a competitividade, porque o mercado digital tem fragilizado o comércio físico. Precisamos defender esse comércio que é o Feiraguay, porque geramos mais de dois mil empregos diretos para Feira de Santana hoje”, destacou.
Sandro ainda orientou que todo empresário deveria conhecer a Canton Fair, pois saem com perspectivas diferentes de como desenvolver o seu negócio.
“Ele volta diferente, de uma maneira que vai mudar sua forma de negociar. Vai querer entender que o mundo gira em torno da China, comercialmente”, declarou.
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