35 classificados no concurso da PRF são eliminados por suspeita de fraude

Cerca de 35 candidatos que haviam sido classificados na lista preliminar do concurso da Polícia Rodoviária Federal foram eliminados.

Cerca de 35 candidatos que haviam sido classificados na lista preliminar do concurso da Polícia Rodoviária Federal foram eliminados no resultado final divulgado na madrugada desta quinta-feira (12) pela Funrio, organizadora da seleção. As eliminações ocorreram por irregularidades nos cartões de resposta e suspeita de fraude. A maioria dos eliminados tinha as melhores notas. A lista com o resultado final do concurso está no site da Funrio (www.funrio.org.br).
Entre os eliminados estão os 13 candidatos com melhores notas do Rio de Janeiro, os três primeiros de São Paulo e os dois primeiros de Minas Gerais. Os demais eliminados são de diversos estados, disse a Funrio. Apesar da suspeita de fraude, a Funrio diz que não há indícios de vazamento de prova nem de gabarito e abrirá uma sindicância interna para apurar os motivos das irregularidades. O relatório da sindicância será encaminhado para a Polícia Rodoviária Federal.

No total, 109.793 candidatos se inscreveram para as 750 vagas do concurso, que exige nível superior.

Segundo a organizadora, grande parte dos candidatos eliminados fez a prova em salas extras, usadas para atender candidatos que estavam no prédio errado do local marcado para a realização da prova por algum motivo.
 

Muitos candidatos haviam se inscrito para mais de um estado e tiveram de ficar apenas com a primeira opção após o Ministério Público Federal mudar a regra do concurso. Por conta disso, alguns desses candidatos tiveram o local da prova marcado em estado distante da onde moram e, para não precisar viajar para o exame, fizeram a prova no próprio estado, mas em uma sala extra.

Os cartões irregulares foram preenchidos com letras diferentes e têm índice de acerto superior ao dos demais candidatos. A Funrio disse que a identificação dos cartões irregulares ocorreu graças a um sistema digital, chamado Sherlock, que funciona como uma espécie de pente fino na conferência dos cartões.

Hackers

De acordo com a Funrio, cartões respostas com irregularidades já haviam sido encontrados por candidatos no próprio site da organizadora. A Funrio disse que hackers invadiram seu sistema na internet de uma forma que candidatos conseguiram ver o cartão resposta de outras pessoas. As imagens dos cartões com irregularidades foram amplamente divulgadas por candidatos na internet e em vídeos pelo youtube.

Por conta da divulgação dos cartões de respostas irregulares, a Funrio afirmou que intensificou a conferência dos cartões repostas para a divulgação do resultado final.

Além dos 35 eliminados no resultado final, a Funrio disse que outros 45 candidatos já haviam sido eliminados nas demais etapas do concurso por razões como usar aparelhos eletrônicos nas provas ou preencher o cartão resposta de forma incorreta.

MP encerra investigação

O Ministério Público Federal (MPF) encerrou a investigação de supostas irregularidades ocorridas no concurso.

 

De acordo com a assessoria de imprensa do MPF, a partir dos dados reunidos desde setembro, o procurador da República Edson Abdon Filho concluiu que a possível falta de isonomia dos inscritos foi regularizada e que o incidente ocorrido na aplicação da prova na Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro, não motiva a proposição de ação civil pública na Justiça.

  

Anulação

O professor, juiz e autor de 28 livros sobre técnicas e dicas de preparação para concursos, William Douglas, afirmou que encaminhou as diversas denúncias que recebeu de candidatos do concurso da PRF para o Ministério Público. Para ele, o fato de a Funrio eliminar os candidatos é confirmação inequívoca de que houve fraude. “As denúncias não são despropositadas”, diz.

Para ele, o concurso deve ser anulado. “O que aconteceu tira a credibilidade. Não se pode permitir que se entre na polícia através de fraude. Não haverá dúvida de que esse candidato envolvido em irregularidade será um policial corrupto e usará o cargo para ganhar dinheiro”, diz.

Ele defende que o fato seja devidamente apurado e que quem participou da fraude vá para a cadeia. "Tem que haver inquérito policial porque isso é crime", afirma.

Informações do G1

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