Feira de Santana

Projeto de capoeira para crianças é interrompido por falta de segurança

No último dia 8, um jovem de 25 anos foi assassinado próximo à Igreja da Matriz. Antes disso, no dia 4, uma mulher foi encontrada morta.

Projeto de Capoeira na Praça da Matriz
Foto: Arquivo Pessoal

As aulas de capoeira da Escola Maranata, que aconteciam duas vezes por semana, na Praça da Matriz, no centro de Feira de Santana, foram suspensas devido à crescente insegurança da localidade, gerando grande apreensão entre os organizadores.

A violência tem assustado a comunidade. No último dia 8 de outubro, um jovem, que completaria 25 anos de idade na quinta-feira (17), foi assassinado próximo à Igreja da Matriz. Antes disso, no dia 4, uma mulher foi encontrada morta na Rua Conselheiro Franco com perfurações no rosto.

Toda essa onda de violência tem prejudicado a promoção da educação, do esporte e do lazer para crianças entre 3 e 12 anos de idade. Ao Acorda Cidade, Camila Primo, idealizadora do projeto, contou que a iniciativa surgiu ao perceber muitas crianças sem opções de esporte e lazer nas ruas, muitas já com baixa autoestima por falta de oportunidades.

Hoje, o projeto atende a 27 alunos, todos da comunidade do entorno. As aulas aconteciam no coreto da praça, um espaço culturalmente significativo que recebe anualmente o Festival Literário (Flifs) entre outras manifestações culturais.

Projeto de Capoeira na Praça da Matriz
Camila Primo | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Sem nenhum valor de custo, apenas com relação ao fardamento, porque a gente não tem como arcar, mas fora isso, as aulas são totalmente gratuitas para que essas crianças tenham a sociabilidade, a autoestima com a capoeira na infância”, relatou.

As aulas são gratuitas, com um valor apenas para custear o fardamento e o berimbau, no valor de R$ 200.

O principal propósito do projeto é “tirar as crianças da rua” e dar a elas oportunidades de esporte e lazer através da comunhão com outras crianças. “O objetivo é que tirem essas crianças do meio da rua. Porque é muito triste hoje, a gente vê que essas crianças podem ser levadas ao caminho do crime”, explicou Camila ao Acorda Cidade, ressaltando o impacto positivo que a capoeira tem tido no desenvolvimento dos pequenos.

No entanto, a falta de segurança tornou-se o maior obstáculo para a continuidade das atividades. A praça, que já abrigava projetos culturais, foi palco de dois homicídios recentes, o que deixou a comunidade em alerta.

“A maior dificuldade é a segurança pública. Tiveram duas mortes aqui na praça, justamente onde a gente passa as aulas, de uma moradora de rua e de um outro cidadão que a gente não soube quem era, e é a maior dificuldade, porque a gente consegue dar aula em um lugar que não tem segurança. Mesmo que tenha o posto de Guarda Municipal, eles dão apoio de vigilância, mas não é a mesma coisa de uma Polícia Militar estar junto com a gente, trazendo aquela segurança”, disse.

Projeto de Capoeira na Praça da Matriz
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Segundo Camila, a insegurança já afastou os alunos, e muitos pais optaram por não permitir que as crianças retornem às aulas enquanto não houver garantias de segurança. “Alguns pais, inclusive, não permitem mais que as crianças vão enquanto a gente não arranjar um lugar para dar aula que seja fechado, que seja com segurança. E assim, se tivesse o apoio da Polícia Militar, eu acredito que eles trariam novamente essas crianças junto a nós”.

Camila e os organizadores do projeto encaminharam um ofício à 64ª Companhia Independente de Polícia Militar, solicitando apoio e presença na área durante as aulas. Além disso, um pedido formal também será feito à prefeitura em busca de um espaço alternativo para as aulas.

“Tudo é uma questão de direcionamento, que ainda estamos à procura, mas já está tudo feito de ofício, com documentações prontas para serem encaminhadas para o município e para a Polícia. Tudo isso por conta do espaço, porque temos aqui o Sesc, o Cuca e uma escola que tem um espaço enorme e que poderíamos utilizar para essas aulas”, acrescentou.

O que diz a Polícia Militar?

Em resposta à reportagem, o major Fernando, da 64ª Companhia Independente da Polícia Militar, falou sobre a importância da capoeira e ressaltou a disposição da PM em apoiar esses projetos.

“Esse projeto que ocorre na Matriz com as crianças é importante para a cidade de Feira e para aquela comunidade ali próxima do Horto, porque dá um outro norte para essas crianças, para esses adolescentes. A Polícia Militar, a 64ª CIPM, está de portas abertas e à disposição para apoiar todos esses projetos que contribuem para que as pessoas tenham engajamento ou tenham outra perspectiva de vida, focando no esporte, no respeito ao ser humano e não partindo para viver à margem da lei”, declarou ao Acorda Cidade.

10 anos da Base Comunitária da Rua Nova
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O major Fernando afirmou que os responsáveis pelo projeto podem procurar a sede da 64ª CIPM para informar o horário, os dias da prática de capoeira, para que os agentes possam apoiar com as viaturas, fazendo a segurança.

Além disso, o major destacou a importância da comunicação entre a instituição e a comunidade.

“É importante que haja essa informação sobre o projeto em si, para que a 64ª CIPM possa dar todo o suporte necessário. Estamos de portas abertas para apoiar todos esses projetos que venham a fortalecer o laço entre a Polícia Militar da Bahia (PMBA), as comunidades e a sociedade feirense”, acrescentou.

Confira a nota encaminhada pela PM

Nos últimos dias, ocorrências de crimes letais intencionais foram registradas no centro da cidade de Feira de Santana, desta forma, as ações do policiamento foram adequadas e intensificadas.

Além do efetivo disposto e atuante da 64ª CIPM, responsável pelo policiamento da área, um esforço sinérgico do Governo do Estado, SSP e CPR-L, direcionaram equipes do Bpatamo Cipe Leste, Rondesp Leste, Esquadrão Asa Branca e Cavalaria para ampliar a prevenção e repressão qualificada das forças de segurança.

Ainda durante a semana, foram apreendidos três armas de fogo e entorpecentes, culminando na localização de dois suspeitos de autoria nos crimes contra vida. Desta ocorrência, infelizmente, resultou nos óbitos dos suspeitos que confrontaram com guarnições da PMBA durante buscas na rua Comandante Almiro.

Todas as apreensões e informações preliminares foram apresentadas à autoridade policial na central de flagrantes, onde os procedimentos iniciais de investigação e apuração de autoria e motivação são realizados.

Até o presente momento a 64ª CIPM não recebeu solicitação de policiamento, no entanto, reafirmamos que o policiamento preventivo na Praça da Matriz, bem como, em toda área de atuação, segue sem interrupções e resultando em conduções de criminosos, apreensões de materiais ilícitos e estabelecimento da sensação de segurança.

A PMBA segue firme na missão de servir e proteger a população baiana, diuturnamente.

Com informações dos repórteres Ed Santos do Acorda Cidade

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