Dia Mundial da Bengala Branca

Você sabia que a cor das bengalas usadas por deficientes visuais indica o grau da deficiência?

Em 2024, foi sancionada a Lei 14.951, que estabelece que o SUS deve fornecer bengalas com as cores solicitadas pelo usuário.

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Foto: Reprodução/TV Brasil

Nesta terça-feira, 15 de outubro, além do Dia do Professor, também é Dia Mundial da Bengala Branca. A data busca conscientizar a sociedade sobre o significado das diferentes cores de bengalas e como elas auxiliam na mobilidade e independência das pessoas com deficiência visual.

Segundo Reinaldo Maia, presidente da Associação Feirense das Pessoas com Deficiência Visual, poucas pessoas conhecem essa diferenciação, o que reforça a necessidade de conscientizar todas as pessoas, principalmente para ajudar no reconhecimento quando uma pessoa com deficiência está no espaço, público ou privado.

Reinaldo informou em entrevista ao Acorda Cidade, que a história da bengala branca remonta à década de 1930, quando um americano teve a ideia de alterar a cor da bengala preta usada por uma pessoa cega ao perceber que não havia visibilidade suficiente para os motoristas. O Lions Club Peoria Illinois (EUA), apresentou uma proposta de lei que após ser aprovada foi chamada Lei da Bengala Branca. Ela dava prioridade no trânsito ao deficiente visual que portasse o instrumento.

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Reinaldo Maia | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Ele estava passando com seu carro e viu um deficiente tentando atravessar a rua com uma bengala preta, mas não conseguiu enxergar a bengala. Foi então que teve a ideia de pintá-la de branco, para chamar mais atenção”, contou Reinaldo Maia.

A partir dessa iniciativa, a bengala branca passou a ser amplamente utilizada para sinalizar a presença de deficientes visuais. Anos depois, o Dia Mundial da Bengala Branca foi instituído em 1970 pela Federação Internacional de Pessoas com Deficiência Visuais.

As cores das bengalas utilizadas por pessoas com deficiência visual possuem significados específicos

  • A bengala branca é usada por pessoas cegas, que não conseguem identificar obstáculos, luz ou movimentos. A cegueira pode ser adquirida ou congênita (desde o nascimento).
  • Já a bengala verde é destinada às pessoas com baixa visão, que podem identificar luz, vultos e, em alguns casos, reconhecer pessoas e objetos. O comprometimento visual pode variar entre os graus leve, moderado e profundo.
  • A bengala vermelha e branca é utilizada por pessoas surdocegas, que têm tanto a visão quanto a audição comprometidas.

Em 2024, foi sancionada a Lei 14.951, que estabelece que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve fornecer bengalas com as cores solicitadas pelo usuário. Além disso, a lei prevê que o poder público divulgue o significado das cores das bengalas, promovendo o conhecimento e os direitos das pessoas com deficiência visual. A nova legislação começa a valer em fevereiro de 2025.

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Foto: Reprodução/Ministério sa Saúde

Reinaldo Maia destacou a importância de educar a população sobre o uso correto das bengalas, enfatizando que muitas vezes as pessoas cometem equívocos ao tentar ajudar.

“Cuidado na hora que encontrar um deficiente visual e não querer pegar pela bengala. Quando faz isso, ele tira do deficiente sua mobilidade. A bengala é a ferramenta de mobilidade da pessoa com deficiência visual. Sem a bengala, ele pode cair em um buraco, torcer o pé, pisar em falso ou se bater com obstáculos. A bengala é o seu guia, então não pode pegar na bengala dos deficientes. Ele tem que dar o braço para você pegar no antebraço, próximo ao cotovelo, para que ele possa atravessá-lo ou encaminhá-lo para algum lugar”, orientou.

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Foto: Freepik

Além das bengalas, os cães-guia também têm se tornado companheiros fundamentais que auxiliam na mobilidade dos deficientes visuais. “No Sul e no Sudeste, já se vê mais gente usando o cão-guia, que é adestrado para guiar a pessoa cega de forma segura. É uma alternativa muito confiável”, explicou Maia.

A inclusão de pessoas com deficiência visual ultrapassa a conscientização sobre as bengalas. Reinaldo também destacou os desafios sociais enfrentados pelos deficientes visuais, citando a falta de compreensão e o preconceito da sociedade.

“As pessoas, às vezes, não ajudam nem a atravessar a rua, e quando ajudam, muitas vezes fazem errado, pegam na gente como se fôssemos um objeto. Não têm paciência para parar e perguntar: ‘Você quer ajuda? De que forma eu posso lhe ajudar?’. É preciso uma abordagem mais natural”, relatou.

Para enfrentar esse problema social, o presidente reforça que é necessário vencer as barreiras arquitetônicas e a falta de acessibilidade, principalmente em lugares públicos.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Muitas escadas em curva, pequenas, degraus que não cabem o pé da pessoa, colunas fora de lugar, não têm um sinalizador, e há falta de piso tátil para sabermos onde estamos pisando. É necessário que os prédios e as novas construções venham atender às necessidades das pessoas com deficiência”, afirmou.

O uso de bengalas, embora fundamental para a mobilidade, ainda é visto com receio por algumas pessoas que perdem a visão ao longo da vida. Em entrevista ao Acorda Cidade, o presidente deixou uma mensagem de encorajamento para aqueles que estão começando a usar a bengala como ferramenta de mobilidade.

“Os cegos que já nasceram não têm problema, mas os que estão ficando cegos, às vezes por um acidente ou por perderem a visão, têm vergonha de usar a bengala. E a bengala é o porto seguro deles. Se não usarem a bengala, podem sofrer um acidente. É confiável usar a bengala, tem que aprender a técnica para usar com segurança. Não tenha vergonha. Use sua bengala porque é o seu instrumento de trabalho, que vai lhe dar a condição de andar com segurança. É seu instrumento de mobilidade”, alertou o presidente.

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Reinaldo Maia, presidente da Associação Feirense de pessoas com deficiência visual | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Reinaldo, que também é deficiente visual, afirmou que é difícil ter uma estimativa precisa do número de pessoas com deficiência visual em Feira de Santana. A falta de tratamento adequado leva a diagnósticos tardios, especialmente em casos de doenças como glaucoma, que podem resultar em cegueira irreversível.

“Há muitas perdas de visão constantemente. Não conseguimos atualizar os números de pessoas com deficiência visual. Temos a retinopatia diabética, diabetes comum, doença falciforme, e vários problemas que fazem as pessoas perderem a visão. Se não tomarmos cuidado com esses problemas, podemos acabar com uma cegueira irreversível. Então, todo cuidado é pouco. Vamos cuidar da visão que é importante”, declarou Reinaldo.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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