Entidades culturais de matrizes africanas já podem se inscrever no Edital Ouro Negro 2025, garantindo sua participação na Micareta de Feira de Santana. O edital visa fortalecer essas manifestações culturais e aumentar a visibilidade de blocos afro, afoxés, blocos de samba e reggae, que desempenham um papel vital na cultura afro-brasileira e baiana.
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Com um aumento de 38% no investimento estadual em relação a 2024, o projeto deste ano conta com R$ 15 milhões em investimento e novas faixas de apoio financeiro, buscando democratizar ainda mais a participação das entidades. As inscrições estão abertas até 31 de outubro, por meio do site do Governo da Bahia: www.ba.gov.br/cultura.
Aumento do apoio financeiro
Em entrevista ao Acorda Cidade, o secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, afirmou que o edital de 2025 terá um apoio financeiro significativamente maior, inclusive, para as entidades de Feira de Santana.
“Este ano, estamos ampliando o apoio do Ouro Negro em 38% em valores absolutos e também criando faixas diferenciadas. Na micareta de 2024, tivemos um apoio único de R$ 30 mil para as entidades; este ano, estamos diversificando em faixas de 30, 60 e 100 mil reais, possibilitando também uma maior diversificação das apresentações na Micareta de Feira de Santana”, afirmou.
Além da Micareta de Feira, as entidades culturais de matrizes africanas podem se inscrever para desfilar no Carnaval de Salvador, nos festejos do interior e nas Lavagens do Bonfim, de Itapuã e de Santo Amaro.
Sara Pardo, diretora da Secult, assegurou que entidades de outras cidades também podem participar das festas de Feira de Santana e vice-versa.
“Se um bloco afro ou afoxé de Feira de Santana quiser participar da Lavagem do Bonfim ou da Lavagem de Santo Amaro, ele pode sim participar e inscrever uma proposta para outra festa. Ele não pode inscrever duas propostas para a mesma festa. As entidades de fora também podem se inscrever em Feira”, disse a diretora ao Acorda Cidade.
Ouro Negro da Bahia
O Edital Ouro Negro vai além das festividades. As entidades contempladas desempenham um papel crucial na educação e no fortalecimento da identidade cultural afro-brasileira.
Essas entidades também atuam fora do circuito das festas, promovendo educação antirracista e religiosa em suas comunidades.
“São entidades que realizam um trabalho para muito além, inclusive, do Carnaval e da Micareta. Elas fazem um trabalho de educação antirracista, de liberdade religiosa, de disputa de território e de toda uma movimentação da economia criativa nas comunidades onde existem”, destacou Bruno.
Bruno Monteiro ressaltou que essas entidades trazem um importante discurso político e de representatividade.
“O governo do estado se sente na responsabilidade de apoiar porque essas manifestações trazem muito da nossa raiz e da nossa identidade cultural. Elas não têm um apelo comercial; não são blocos ou grupos que recebem apoio de alguma grande marca de cervejaria ou banco. Elas dependem do apoio do Estado, e o Estado faz a sua parte porque acredita que essas manifestações não trazem apenas beleza e alegria na avenida, elas trazem um discurso político, a representatividade e a nossa identidade cultural”, explicou o secretário ao Acorda Cidade.
Criado em 2008, o programa inicialmente apoiava entidades negras na realização dos desfiles carnavalescos. A partir de 2014, com a Lei nº 13.182, que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia, o Programa Ouro Negro foi ampliado.
Segundo Sara, o governo está comprometido em prestar todo o apoio técnico necessário para garantir que as entidades possam participar do processo de inscrição e estejam aptas a receber os recursos.
“A Secretaria de Cultura presta todo o assessoramento técnico, sempre que procurada, para poder ajudar as entidades no seu processo de prestação de contas, para garantir que no momento da finalização e da assinatura do termo de fomento, as entidades estejam aptas com o governo para recepcionar o recurso. Qualquer entidade que tenha qualquer tipo de dificuldade pode procurar a secretaria e, dentro do que estiver ao nosso alcance, conseguiremos dar esse suporte”, afirmou Sara.
Qualidade e visibilidade na Micareta 2025
O secretário também destacou a importância de garantir que as entidades tenham o apoio necessário para realizar suas apresentações com mais qualidade e visibilidade.
“Esse apoio é fundamental. Nós vimos na Micareta de 2024 que as entidades foram para a avenida com uma outra apresentação, com mais preparo, com mais qualidade e também com maior visibilidade. Quando a gente investe nessas entidades, não estamos só proporcionando um desfile bonito, mas também uma cobertura da imprensa mais diferenciada. A população vai se envolvendo de outra forma”, afirmou ao Acorda Cidade.
Complexo Carro de Boi
Durante o anúncio do edital, Bruno Monteiro também falou ao Acorda Cidade sobre a reforma do Complexo Carro de Boi, localizado no Centro de Cultura Amélio Amorim. A reforma do local foi avaliada em até R$ 6 milhões.
“Foi anunciada no mês passado a licitação para a reforma do complexo Carro de Boi, incluindo a Boate Jerimum, ampliando o trabalho do Centro de Cultura Amélio Amorim, esse equipamento cultural tão importante para Feira e para o estado da Bahia, que daqui a algumas semanas vai ganhar companhia de um novo teatro e de um novo Centro de Convenções”, explicou Monteiro.
A obra, que está programada para ser concluída em 2025, pode trazer novos usos para o espaço. “A Abóbora, por exemplo, uma obra simbólica de Amélio Amorim, poderia ser transformada em um memorial dele, mas isso ainda são projeções a partir da obra. Vamos identificar e discutir com a comunidade, porque não fazemos nada sem dialogar com os fazedores de cultura”, concluiu o secretário.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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