Desde a última terça-feira (1º), está ocorrendo em Feira de Santana, o 16º Festival Nacional de Teatro Infantil (Fenatifs), no Teatro Margarida Ribeiro. O evento, que acontece anualmente, tem como objetivo promover a cultura teatral para crianças e adolescentes, expandindo a acessibilidade e incluindo pessoas com diferentes necessidades especiais. Nesta edição serão mais de 40 apresentações de artistas de todo o país. (Veja a programação aqui).
O acesso é gratuito para estudantes da rede pública de ensino e instituições sociais. Já para a rede privada e o público em geral, os ingressos serão vendidos a preços populares, com o valor de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
O Fenatifs, que segue até o dia 12 de outubro, conta com o apoio do edital do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. A iniciativa é uma realização da Cia Cuca de Teatro, com apoio cultural da Prefeitura de Feira de Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) e Centro de Cultura Amélio Amorim.
As apresentações acontecem em diversos locais, incluindo o Teatro Margarida Ribeiro, Teatro do Amélio Amorim, Teatro do Cuca, além de escolas municipais. Confira a programação completa aqui.
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Na quinta-feira (3), a reportagem do Acorda Cidade esteve no Amélio Amorim acompanhando as apresentações.
Segundo Elizabeth Botti, coordenadora do Fenatifs, o festival visa ampliar o acesso à cultura na cidade e na região. “O objetivo desse evento é expandir a cultura para a infância em toda a Feira de Santana, não só para esse território, mas também para os distritos, cidades circunvizinhas e, acima de tudo, trazer acessibilidade também, que é o que a gente tem levantado de bandeira nesses Fenatifs”, afirmou ao Acorda Cidade.
A coordenadora enfatizou a importância da inclusão de diferentes públicos no festival, desde os telespectadores até os artistas que realizam as atividades. Ela destacou o grupo Ramarias, de São Paulo, que trouxe ao palco o espetáculo “Contos de Voz e de Ver”.
“A gente nunca teve tanta expansão da acessibilidade, e hoje no Fenatifs a gente está recebendo com bastante alegria, prazer, a presença do grupo Ramarias de São Paulo, que traz um espetáculo onde nós temos também no palco duas atrizes surdas e duas que são ouvintes, e que trazem pra nós, para o público, várias histórias delas mesmas, de todas as coisas que elas já passaram na vida para poder hoje estar contando as suas histórias, não só delas, mas de toda uma ancestralidade de pessoas que já vieram antes delas”.
Nas últimas edições, o Fenatifs já atingiu mais de 15 mil espectadores. Além de grande participação, o festival também é uma vitrine para grupos teatrais de todo o Brasil, como explicou Elizabeth Botti.
“A gente é quase como o grupo Ramarias, a gente vai ramando o Fenatifs pelo Brasil inteiro, tentando encontrar um grupo que a gente não conhece, que está fazendo coisas legais. Então, no momento da inscrição, a gente fica torcendo pra vim propostas diferenciadas, pessoas que a gente também não conhece, obras que a gente não conhece, pra trazer para Feira de Santana o que a gente sempre buscou desde a primeira edição, que é o referencial do teatro para a infância e juventude no Brasil”, disse ao Acorda Cidade.
Amanda Leoli, uma das integrantes do Ramarias, falou sobre a importância do evento para elas. Esta é a primeira vez que o grupo se apresenta em outro estado.
“Foi muito emocionante, um momento de partilha, de conquista, de uma conquista que a gente queria há muito tempo, que é poder trazer as nossas histórias, ramificar a nossa história, nossa identidade, essa troca em outros lugares e com outras pessoas. A gente vem aqui para a Bahia conhecer vocês e fazer essa troca. Estamos muito orgulhosas e muito felizes”.
Sobre o espetáculo e a inclusão de diferentes linguagens, Amanda explicou que o título “Contos de Voz e de Ver” se deve ao fato de o grupo Ramarias ser composto por mulheres negras, brancas, surdas e ouvintes.
“É um grupo que trabalha com o português e a língua brasileira de sinais em equidade de beleza, de criação, de poesia, de potência. Então a gente sempre traz as duas línguas num mesmo momento de criação e de contação de história, e por isso que nós temos as artistas surdas narradoras junto com as artistas ouvintes”.
A apresentação foi desafiadora e, ao mesmo tempo, gratificante, como destacou Amanda ao falar da receptividade do público.
“Foi um desafio para a gente por conta da quantidade de público cego, atípicos também. Foi um desafio enorme, mas foi maravilhoso, porque a gente descobriu que essas barreiras, a gente consegue transpor, quebrar elas com as histórias, com as narrativas”.
Uma das atrizes, que é surda, também compartilhou sua experiência ao se apresentar para o público feirense. Uma intérprete fez a tradução da entrevista.
“A cultura é algo muito diferente de São Paulo. Lá são muitos ouvintes, e aqui eu sinto uma mistura muito mais leve, a deficiência coexiste um pouco melhor no cotidiano. Eu fiquei num momento de tensão para lidar com os cegos na plateia, alguns autistas que estavam na plateia, de não poder tocar, de não poder chegar muito perto por conta da alta sensibilidade, mas no Fenatifs, em Feira de Santana, estou achando tudo muito maravilhoso. Me deu realmente uma inspiração, uma energia muito forte, é a primeira vez que eu consigo chorar, e eu estou chorando de emoção. É uma emoção muito grande e por isso eu quero agradecer demais o convite, e eu espero que a gente venha de novo e mais vezes”, declarou ao Acorda Cidade.
O evento também contou com a participação de espectadores que destacaram a inclusão e a interação entre atores e público. Mesmo sendo destinado ao público infanto-juvenil, o festival atrai pessoas de todas as idades. Quem veio pela primeira vez confirmou que vai voltar nas próximas edições.
Cristiane Carvalho, uma das presentes, achou muito interessante a participação do público e a interação dos atores e atrizes. “Deixou todo mundo realmente muito interessado na peça”, disse.
Alana Brito, outra espectadora, elogiou a peça e o envolvimento das crianças. “Achei bastante legal, as atrizes interagiram com o pessoal, teve a parte que interagiu com a plateia, com as crianças. Achei importante que as crianças acabam se sentindo participantes da peça também”, destacou.
Márcia Iglesias, que também estava presente salientou a importância da inclusão no evento. “O evento é muito bom, sempre muito importante, essa participação, eles dão oportunidade de inclusão, de podermos participar, um evento organizado e de muita importância na vida de todos, principalmente das pessoas neurodivergentes”.
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