Dia Mundial de Luta contra a Raiva

Coordenadora do Centro de Zoonoses alerta sobre importância da vacina contra a raiva em Feira de Santana

Feira de Santana não registra casos de raiva humana desde 2001 e, em animais, o último caso ocorreu em 2017.

vacinação contra a raiva
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O Centro de Controle de Zoonoses de Feira de Santana (CCZ) segue empenhado na vacinação de cães e gatos contra a raiva, uma zoonose que, apesar de controlada no município, ainda representa um risco para a saúde pública.

Neste 28 de setembro, Dia Mundial de Luta contra a Raiva, a coordenadora do CCZ, Mirza Cordeiro, destacou que Feira de Santana não registra casos de raiva humana desde 2001 e, em animais, o último caso ocorreu em 2017. Entretanto, ela alertou a população sobre a necessidade contínua de vacinação e vigilância.

Mirza Cordeiro
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“No Dia Mundial da Raiva, solicitamos uma sensibilização das pessoas para que levem seus animais para serem vacinados, porque é através da vacinação que evitamos que essa doença seja transmitida para os seres humanos. Mostramos à população a eficácia dessa vacina. Então, vacinando o pet, o cão e o gato, podemos controlar essa zoonose, que é a raiva”, afirmou Mirza Cordeiro.

Ao Acorda Cidade a coordenadora informou que Feira de Santana já vacinou mais de 45 mil animais este ano, mas o número ainda precisa ser ampliado. Segundo os dados divulgados pela prefeitura da cidade, no último dia 19 de setembro, o CCZ já recolheu 1.500 animais para passar por rastreio de doenças.

“A campanha acabou, porém, a gente continua vacinando. É bom ressaltar que o Centro de Zoonoses é um posto de vacinação durante o ano inteiro, de segunda a sexta, das 8h às 15h e, além disso, estamos nos condomínios do Papagaio, Mangabeira fazendo vacinação e também estamos na zona rural que é extensa”, informou. 

Mirza Cordeiro também destacou a importância de monitorar morcegos, que podem ser portadores da raiva. Este ano, pelo menos quatro animais foram encontrados infectados.

“Tivemos no ano passado um surto de raiva em morcegos, então precisamos ficar atentos a essa situação. A raiva não é só de cães e gatos, é de todo mamífero, e a gente precisa ter esse alerta. Não que a gente vá espantar ou matar o morcego, porque ele faz parte da nossa fauna e tem o papel dele na natureza, que é a disseminação de sementes. Porém, quando a gente vê um animal com comportamento diferente, durante o dia, voo baixo ou encontrado caído no chão, é necessário ligar para o Centro de Zoonoses, para que possamos recolher esse animal e fazer o exame para detectar se ele está positivo ou não para a raiva”.

Sobre a resposta da população à campanha de vacinação, a coordenadora relatou alguns desafios como a adesão da população, em especial da zona rural. 

“Às vezes, na zona rural, as pessoas querem que a gente vá de porta em porta, e a gente vai com o carro volante, marcamos alguns pontos e contamos com a ajuda dos agentes comunitários. Mas precisamos que as pessoas levem seus animais. Na zona urbana, as pessoas, às vezes, não têm essa conscientização. Elas ficam esperando que a doença aconteça, mas não precisam disso. A gente trabalha com vigilância, que é estar atento. Se existe um tratamento de prevenção, que é a vacina, por que não vacinar o animal todos os anos?”, questionou.

campanha de vacinação cães e gatos centro de zoonoses
Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Assim como durante todo o ano, o CCZ é um espaço para vacinação dos animais, a coordenadora reforçou que datas como o Dia Mundial Contra a Raiva são necessárias para aumentar a conscientização. Mesmo sem casos recentes de raiva, a vacinação anual é fundamental. 

“A gente precisa ter esse tripé que dá certo: vacinação, vigilância dos casos de animais que morrem com sintomatologia neurológica, enviamos o tecido nervoso para saber se o vírus está circulando e o tratamento das pessoas que são agredidas. Temos um programa bem compacto e com todas as possibilidades de se atentar”, alertou ao Acorda Cidade. 

A coordenadora também falou sobre os desafios enfrentados pelo Centro de Zoonoses devido ao crescimento da cidade e à expansão dos condomínios. Ela também destacou a irresponsabilidade dos tutores diante a vida do animal.

“Temos muitos condomínios e muitas pessoas deixando os animais soltos, o que não pode. Quando adquirimos um animal, precisamos ter a guarda responsável desse animal, cuidar dos seus dejetos, da sua urina, e não deixar o animal solto nos condomínios. Isso é um problema sério. Nos condomínios do Minha Casa Minha Vida, as pessoas acham que podem deixar o animal solto, e isso é uma prática errada. O animal precisa ficar preso, domiciliado. Um animal solto além de transmitir doenças, pode causar uma agressão”, destacou Mirza. 

Os riscos de deixar animais soltos, principalmente, sem supervisão ou animais que acabam fugindo de seus tutores já foi mostrado este ano no Portal Acorda Cidade, quando cães da raça pitbull atacaram moradores em condomínios da cidade.

ataques de cães
Jovem mordido em condomínio de Feira de Santana | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em casos de pessoas que sejam atacadas por animais, a coordenadora orienta que procurem o Centro de Saúde Especializado (CSE) imediatamente para realizar o acompanhamento.

Os principais sintomas de um animal infectado são: perda de apetite do animal, mudança de comportamento, pode ficar mais agressivo, paralisia, salivação abundante; no caso de cães, o latido pode ficar mais rouco, como explicou a coordenadora. Ela também explicou como as pessoas podem perceber quando um animal está infectado. 

“Para que o animal contraia a raiva, ele precisa ser agredido por outro animal infectado, como uma raposa, um cão ou gato, então o animal doente morde uma pessoa ou outro animal, e a partir daí é necessário tomar os devidos cuidados. Se uma pessoa é agredida por um animal de rua, ela deve se dirigir ao CSE para observação e orientação. Se o seu animal foi mordido por um cão desconhecido, leve-o ao Centro de Zoonoses para que fique em observação por 10 dias. Se o animal estiver com raiva, ele não sobrevive mais de 10 dias”, explicou. 

Mirza também explicou que o Centro de Zoonoses não funciona como hospital, mas é responsável pelo controle de doenças zoonóticas: “Nosso papel é observar os animais suspeitos de raiva. Não somos hospitais ou clínicas, mas realizamos os programas de controle de zoonoses. Se o animal for suspeito de raiva, ele pode ser internado no Centro para o período de observação”.

Na oportunidade, Mirza voltou a destacar a função do Centro de Zoonoses. Durante entrevista ao Podcast Escuto Cá Entre Nós, a coordenadora falou que as pessoas confundem bastante o serviço.

Mirza Cordeiro - medica veterinária
Foto: Rafaela Paim Almeida/Acorda Cidade

“Nós não somos nem hospital, nem clínica. Nós realizamos programas de doenças zoonóticas. Então se o animal tem suspeita de raiva, esse animal pode ser internado no CCZ para o período de observação”. 

Nos casos de captação de animais abandonados, essa não é uma responsabilidade do CCZ. 

“Não capturamos mais esses animais, conforme portaria do Ministério da Saúde. A gente só remove animais de rua tiver suspeita de raiva ou se o animal for positivo para leishmaniose. É preciso pensar em soluções para os animais de rua. Muitas pessoas, protetores independentes ajudam fazem um papel excelente trabalho e elas podem procurar a gente se tiver algum animal para ser vacinado”.

Além das campanhas de vacinação, o Centro de Zoonoses realiza ações de conscientização como feiras de saúde para orientar tecnicamente e explicar as funções do CCZ. Mirza ainda reforça a importância da responsabilidade dos tutores e do compromisso com a vacinação.

“A gente precisa que as pessoas fiquem atentas. Não é porque não temos casos de raiva em cães que não vamos vacinar. A vacina é uma medida de prevenção necessária todos os anos”, alerta. 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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