Seca

Produtores rurais cobram aplicação das medidas anunciadas pelo governo há 2 anos

Carlos Henrique Rodrigues, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana diz que as medidas anunciadas pelo governo há dois anos, até o momento, não foram implementadas e, por conta disso, a situação de Feira e demais municípios da Bahia é de calamidade.

Laiane Cruz

Haverá nesta terça-feira (26), a partir das 9h, um encontro na sede da Federação de Agricultura e Agropecuária do Estado da Bahia (FAEB) com a participação de pecuaristas, produtores e sindicatos rurais da Bahia. O objetivo é chamar a atenção das autoridades para o estado de calamidade em que se encontram os municípios baianos em virtude da seca que 2 anos assola a região.


(Foto: Roberta Costa/Acorda Cidade)


De acordo com Carlos Henrique Rodrigues, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana, as medidas anunciadas pelo governo há dois anos, até o momento, não foram implementadas e, por conta disso, a situação de Feira e demais municípios da Bahia é grave.

“Farão parte da reunião ao menos 40 sindicatos, juntamente com pecuaristas, para cobrar das autoridades a aplicação dessas medidas, uma vez que os problemas do campo não se restringem a ele, mas têm reflexos na cidade”, afirmou Carlos Henrique Rodrigues.

Ele lembrou que um informe da FAEB, de julho de 2012, trazia uma entrevista com o secretário de agricultura da Bahia, Eduardo Sales, que dizia que, como medida emergencial, seriam distribuídas sacas de milho para os produtores rurais, mas, segundo Carlos Henrique, esse milho nunca chegou, pois, nas palavras do governo, um problema logístico no transporte do grão.

“Foi prometido, também, que 1.300 barragens subterrâneas seriam construídas nos mais de 240 municípios em estado de calamidade. Na semana passada um informativo da FAEB questionou onde estão estas barragens e o milho, e nós corroboramos com este questionamento”, disparou Carlos Henrique.

O próprio governo admitiu um prejuízo de mais de 95% de caprinos e ovinos no estado, sendo que para o bovino é de aproximadamente 65%. “Quanto aos bancos, continuaremos perguntando: quando esses recursos estarão disponíveis?”, questionou.

Reflexos

De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), os prejuízos na produção leiteira são de 1,5 milhão de litros/dia. Nesta mesma situação encontra-se 55% da produção de café, 90% da de cebola, 80% da de sorgo (grão aproveitado na ração animal), 50% da de milho, e 70% da de sisal. Uma perda calculada pelo Governo do Estado de 8 bilhões até o final da seca, considerada a pior dos últimos 30 anos, segundo o secretário da Casa Civil da Bahia, Rui Costa.

Tais reflexos podem ser vistos por meio do êxodo rural; a falta de alimentos para as famílias e os animais; falta de adubo para as plantações; completo abandono de alguns municípios; cancelamento dos festejos juninosalém da falência de muitos produtores.

Para Luiz Alberto Falcão (Beto Falcão), diretor do Sindicato dos Produtores Rurais, o comércio de Feira também já começou a sentir alguns destes reflexos. Juntamente com o presidente do sindicato, ele estima que mais de 1 milhão de animais morreram com a seca, causando o desemprego e falência de grandes, médios e pequenos produtores, e como consequência, o exôdo rural no município.

O professor e médio pecuarista, Evangivaldo Figueiredo, diz que nos distritos de Anguera e Serra Preta a situação é crítica. “Muitos chegaram numa situação pré-falimentar e estão vendendo seus rebanhos por um preço baixo, para salvar o restante”, revelou.

O líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Zé Neto, afirmou que por diversas vezes se reuniu com os produtores e continua aberto a novas reuniões. Ele informou que o governo está com dificuldades de transportar o milho de Goiânia e Tocantins para cá, e por isso estão discutindo a possibilidade de transportá-lo de navio.
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