Logo na entrada, emoldurando as figuras dos atenciosos recepcionistas, um magnífico painel de Juraci Dórea é um irrecusável convite ao visitante para que entre na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), uma das mais representativas entidades da classe empresarial de Feira de Santana. Mais do que um espaço de reuniões e atendimento aos associados, o prédio que compõe o cenário da Praça da Matriz (hoje Catedral de Santana) é um equipamento cultural.
A parede do corredor que leva ao teatro, passando ao lado do foyer da casa de espetáculos, é uma verdadeira galeria de arte. As telas assinadas por 30 artistas feirenses chamam a atenção pela beleza e também pela história contada por cada uma delas. A primeira, na ordem de exposição, é “Crucificação”, de Raimundo de Oliveira, a única reprodução. O quadro original pertence ao colecionador José da Costa Falcão, que concedeu à CDL o direito do uso da imagem.
A Pinacoteca é resultado de um projeto idealizado pelo então presidente da entidade, Alfredinho, como chamado por seus amigos, com a coordenação de Gil Mário, um dos artistas que participam da coleção, e curadoria de Lygia Mota. A instalação dos quadros ocorreu em 2007 e surpreende as condições de preservação das peças, dentre as quais sobressai “Operários”, de Carlo Barbosa, artista plástico que dá nome a uma fundação voltada para as artes plásticas, e a famosa “Faixa Emblemática”, de César Romero.
Conhecido pelos belíssimos poemas que compõe, Antônio Brasileiro tem participação de destaque na galeria, com a sugestiva tela “Diálogo com Mulher e Cabaças”. Não menos interessante a figura apresentada por Gil Mário, “Em Defesa do afro descendente”, onde mistura todas as cores. Graça Ramos retrata figuras típicas da “Praia de Piatã”, tela produzida em 2006, recheada de graça e beleza da mulher baiana.
E o que dizer do argentino-feirense Jorge Galeano e a sua “Despedida”? Uma outra obra, assinada por Leonice Barbosa não tem título. Nem precisa. Ela mostra um ambiente interno (com todos os detalhes) de uma casa do interior, com portas e janelas abertas, dando a ideia de profundidade do quadro. Vivaldo Lima também está lá, com suas “Memórias Ancestrais”, bem como Nanja e sua arte sem título que desperta olhares pela forma e a variedade de cores.
Maristela Ribeiro brinca com o infantil por meio do lúdico “Cadê Leonardo”, enquanto Marcus Moraes reverencia a “Bahia Negra”.
A beleza das “moringas de Maragojipinho” estampam a tela de Luiz Humberto e as “Cenas Brasileiras” de Juraci Dórea “pintam” de azul Feira de Santana e todas as suas figuras emblemáticas, como o vaqueiro, o touro do sertão e animais que fazem da pecuária uma das principais forças da economia do Município. As observações foram registradas durante uma breve apreciação do rico corredor, com a devida supervisão do diretor institucional da CDL, Rui Santana.
Também fazem parte da Pinacoteca obras dos artistas Guache Marques, Luís Gomes, Caetano Dias, Eduardo Carvalho, Washington Falcão e Nailson Chaves. “É um acervo belíssimo e muito rico”, define Juscelino Brito, presidente da entidade, que assegura a manutenção do espaço, com os devidos cuidados. “É uma forma de preservar a memória e a identidade da cidade”, diz, ao convidar a sociedade para conhecer o espaço. Preservar é a proposta para fortalecimento da identidade cultural também em outros segmentos da arte, como a requalificação do teatro da CDL, que será feita em breve”.
Texto: Madalena de Jesus
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