Alunos, professores, pais de alunos e ex-alunos participaram de uma manifestação na tarde desta quarta-feira (21) para solicitar a saída da diretora do Instituto Estadual Gastão Guimarães. A manifestação foi realizada por alunos após uma mãe utilizar as redes sociais para fazer uma denúncia de que o filho de 14 anos de idade, que possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e tem seletividade alimentar, foi proibido pela escola de levar o lanche de casa.
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Alcione Malafaia é mãe de um ex-aluno da instituição. Ela afirmou ao Acorda Cidade que resolveu participar da manifestação, pois quando o filho estudava nessa escola, também sofreu com a falta da garantia de seus direitos.
“A diretora não percebeu a necessidade de garantir os direitos do meu filho e assim eu fiz uma denúncia. Hoje com a repercussão desse caso me senti sensibilizada e vim até aqui para participar da manifestação”, afirmou.
Mona Dantas é mãe de uma criança atípica. Ela também se sentiu solidarizada pelo relato nas redes sociais e se juntou aos manifestantes. Mona ainda relata outras denúncias que ela recebeu relacionadas a escola.
“A partir do vídeo que a mãe da criança do Gastão sofreu, eu recebi mais de 50 denúncias a respeito de abusos da parte dessa escola e estou aqui para me solidarizar. Recebi denúncias de um aluno autista foi proibido de entrar na escola, de aluno que foi agredido fisicamente, inclusive tem a queixa na delegacia. Escola precisa ser um local de acolhimento e por isso estamos aqui”, ressaltou.
Jandira Oliveira, mãe que fez a denúncia nas redes sociais, também estava na manifestação. Ela relatou como foi tratada pela diretora da escola quando esteve na instituição para conversar sobre a situação do filho que, além de autista, tem seletividade alimentar.
“Depois de muita insistência da família, meu filho relatou por que não estava mais se alimentando na escola. Ele informou que a funcionária avisou que não era mais permitido levar o lanche de casa. Ele, enquanto autista, com uma rigidez muito grande, ele parou também de beber água. Então a gente veio na escola para conversar com a diretora e com a gestão pedagógica. A diretora gritava e insistia que lá não era lugar meu e do meu filho, que eu deveria procurar uma escola particular para atender aos meus desejos”, relatou.
Jandira ainda contou ao Acorda Cidade, que após o relato que ela fez nas redes sociais, muita gente começou a denunciar situações semelhantes ocorridas na escola.
Um professor, que não quis se identificar, também participou da manifestação. Segundo ele, os abusos não ocorrem somente com os estudantes, mas também com professores e outros funcionários.
“A diretora é uma pessoa que não tem sensibilidade, maltrata funcionários, professor e aluno. O estudante é a causa da escola. Ela tem mais de 10 anos aqui, mas não tem democracia”, disse.
O estudante e líder de classe, Igor da Silva Teixeira, relatou ao Acorda Cidade que na escola são comuns ocorrerem casos de assédio moral. Ele afirmou que os manifestantes querem a substituição da direção da escola.
“Queremos quem possam olhar por nós, estudantes do Gastão. Aqui vem acontecendo assédio com nossos alunos. A diretora agride pais, alunos e professores. Ela exige coisas que não estão na lei. Ela cria leis que não existem”, afirmou.
A diretora do Instituto Gastão Guimarães, Alfreda Xavier, não estava presente na unidade escolar no momento da manifestação. A produção do Acorda Cidade tentou contato com ela, mas ela não quis se pronunciar.
Em nota, o Núcleo Territorial de Educação do Portal do Sertão (NTE 19), com sede em Feira de Santana, informa que:
- A direção do NTE, a direção do Instituto de Educação de Tempo Integral Gestão Guimarães e sua equipe de nutricionistas reuniram-se, na segunda-feira (19), com os responsáveis pelo aluno. Na reunião, foi verificado o relatório nutricional e esclarecidas as orientações nutricionais. O NTE propôs a elaboração de um cardápio especial a ser produzido na unidade escolar para atender às necessidades específicas de alimentação do estudante.
- A família do estudante, no entanto, optou por disponibilizar a alimentação que o estudante deverá consumir na escola, o que ficou acertado pelas partes envolvidas.
- O NTE 19 destaca que, acatando as orientações técnicas do Programa Nacional de Alimentação Escolar técnicas e seguindo a orientação do Estado para que as unidades escolares ofertem aos estudantes cinco refeições diárias, bem como, considerando que alimentos mal-acondicionados ou pouco resfriados, podem trazer malefícios à saúde dos estudantes, as unidades escolares sinalizam aos mesmos a não levarem lanches e consumirem a alimentação escolar disponibilizada pelo colégio.
O que diz a Secretaria de Educação do Estado da Bahia
Nota
Em relação ao ocorrido no Instituto de Educação de Tempo Integral Gastão Guimarães, em Feira de Santana, envolvendo um estudante autista com seletividade alimentar, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) informa que já adotou as medidas necessárias para o retorno do estudante à sala de aula.
A equipe da escola sempre esteve orientada para acolher o estudante de forma atenta à necessidade especial do mesmo.
A SEC informa, ainda, que já iniciou o processo de apuração das denúncias relacionadas à gestão da unidade escolar.
A SEC reafirma o compromisso do Governo do Estado com a inclusão educacional, parte importante do pilar de ensino e aprendizagem.
Leia também: Mãe de estudante autista diz que filho foi proibido de levar lanche de casa; adolescente tem seletividade alimentar
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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