Daniela Cardoso
As denúncias de que está havendo o sucateamento proposital do Hospital Geral Clériston Andrade e a terceirização da unidade, foram assuntos debatidos pelo secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, durante uma entrevista ao Acorda Cidade. Ele defendeu o novo modelo de gestão, citando exemplos que estão dando certo na Bahia, e ressaltou que não se trata de uma privatização.
Acorda Cidade – Alguns vereadores denunciaram que existe um sucateamento proposital para terceirizar o Clériston.
Jorge Solla – Não existe nenhuma proposta de privatização do Clériston Andrade. Ele vai continuar público e gratuito. O que estamos trabalhando é com uma proposta de uma organização social para fazer a gestão da unidade, do funcionamento e de todo processo do dia a dia do hospital. Como é que o governo que já fez diversos investimentos no hospital em vários setores, incluindo novos equipamentos, pode sucatear o hospital? Muito pelo contrário, nós encontramos em janeiro de 2007, a unidade estava completamente sucateada e já reformamos a área física. Agora estamos estudando a reforma de outros ambientes, pois não podemos fechar o hospital para uma reforma. Além disso, fizemos o primeiro concurso para médicos, já contratamos na Bahia 8.700 servidores concursados. No caso do Clériston, todos os médicos aprovados foram convocados e contratados para atuar. Hoje o hospital tem condição de dar uma resposta efetiva muito melhor do que tinha anteriormente.
AC – A privatização seria entregar o hospital para a iniciativa privada como o próprio nome já diz?
Jorge Solla – Privatizar poderia ser transformar o hospital público em uma unidade privada que revende serviços e não é esse o caso. Privatizar seria também a apropriação privada por parte de profissionais para seu beneficio próprio. Então se eu pego uma unidade pública e utilizo basicamente como campo de estágio para unidades privadas de formação de profissionais de saúde, transformo em um hospital universitário privado, e isso poderia ser uma privatização. Nenhuma dessas situações é a do Clériston Andrade. Tem pessoas que não tem interesse que o hospital continue com os investimentos e se modernize. Nós temos feito várias ações, inclusive fiscalização da atuação dos hospitais. Na última que fizemos, infelizmente, metade dos médicos não estavam presentes no plantão para o qual ao remunerados e eu acho que isso é uma associação privada dos recursos públicos que são utilizados para beneficiar a população. Nós vamos trabalhar para que isso deixe de existir.
AC – Esse sistema já deu certo em outras unidades?
Jorge Solla – Todas as avaliações que foram feitas, foram positivas. O fato de ter mudado a gestão do Instituto Sócrates Guanaes para a Organização Social Irmã Dulce no Hospital Estadual da Criança, não quer dizer que o modelo não esteja dando certo, pois a qualidade dos serviços prestados tem sido destaque. Vou lhe dar uma lista de unidades bem sucedidas com gestão direta. Tem o Hospital de Juazeiro, que é destaque na região pala qualidade dos serviços. Tem também o hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, que também tem tido um desempenho muito positivo atendendo a toda a região do recôncavo. O hospital do Subúrbio, que não é gerido por uma organização social, mas que tem uma parceria público-privada, e tem sido destaque nacional e internacional. Ele foi o primeiro do norte e nordeste do Brasil a receber uma certificação de qualidade pelo reconhecimento do seu serviço. Na próxima segunda (4) vamos receber o presidente do Banco Mundial, que vem conhecer o Hospital do Subúrbio.
AC – O governo não vai recuar da proposta de mudar a gestão?
Jorge Solla – Não. Isso já foi aprovado em todas as instâncias. Já estamos com o edital de licitação preparado para ser lançado e em março já deve está saindo. Não há nenhuma proposta de privatização, nenhum servidor efetivo vai precisar sair do seu posto efetivo de trabalho e não haverá perdas salariais, muito pelo contrário.
AC – Como foi a audiência com o prefeito José Ronaldo?
Jorge Solla – Tivemos uma reunião positiva com o prefeito José Ronaldo, com a secretária municipal de Saúde Denise Mascarenhas, com a diretora da Fundação hospitalar municipal e com outras pessoas da secretaria. Foi uma oportunidade de trabalharmos temas importantes para a saúde em Feira de Santana. Conversamos sobre a regionalização do Samu. Vários municípios ao redor de Feira de Santana já receberam as ambulâncias e ainda não estão funcionando porque precisa que a central do Samu de Feira passe a funcionar regionalmente. Conversamos sobre a necessidade da ampliação de recursos financeiros que vai acontecer com essa regionalização. Conversamos também sobre o projeto da construção das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e sobre a obstetrícia em Feira de Santana, que é um projeto para reforçar o Hospital da mulher, ampliar a assistência obstétrica, viabilizando a ampliação de leitos da unidade intensiva com uma parceria entre o Hospital da Mulher e o Hospital da Criança. Com certeza teremos desdobramentos importantes para a área de saúde em Feira de Santana.