Política

Deltan Dallagnol diz que “corrupção é uma assassina silenciosa” e que impunidade é o maior desafio da justiça

O ex-procurador esteve em Feira de Santana para promover uma palestra sobre a Lava Jato e a corrupção no Brasil.

Deltan Dallagnol
Foto: Iasmim Santos/Acorda Cidade

O ex-deputado federal e ex-procurador da República, Deltan Dallagnol, de 44 anos, esteve em Feira de Santana na última quinta-feira (15), onde ministrou palestra “Lava Jato e a Corrupção no Brasil”. Ele também esteve no programa Acorda Cidade e contou sobre sua trajetória na política.

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Deltan apresentou experiências dos seus 18 anos de carreira dentro do Ministério Público que ajudam a relatar sobre o problema da corrupção no país, mas também as soluções para isso. Ele revelou que decidiu ser procurador da República para contribuir com a sociedade e para trazer direitos à população através da área criminal, mas também para punir os criminosos na perspectiva de proteger suas vítimas e à sociedade. Com apenas 22 anos, ele adentrou o MP.

“A corrupção é uma assassina silenciosa que mata disfarçada de buracos em ruas, de falta de policiamento, de educação e saúde, disfarçada de estradas esburacadas e filas em hospitais”.

Após passar um ano na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ele retornou ao país e foi convidado a entrar na Operação Lava Jato. Deltan disse que passou por muitas frustrações no ramo jurídico.

“Eu entrei no Ministério Público pensando que meus casos seriam diferentes. Eu vou trabalhar duro, vou dar o meu melhor e vou alcançar a justiça e, quando eu entrei, passei a ter um caso atrás do outro em uma série de frustrações, vendo que o sistema de justiça é ajustado para não funcionar contra os poderosos. Decidindo não desistir, mas mudar de trincheira, decidi estudar em Harvard, que ampliou meus horizontes e me permitiu conhecer um sistema de justiça que funcionava, estratégias, técnicas, instrumentos para a gente alcançar e fazer a justiça no Brasil”.

As brechas na justiça que privilegiam políticos de alta patente são a morosidade, o foro privilegiado, anulação de casos, entre outros pontos citados por Dallagnol. Para ele, muitas pessoas vivem com a ideia de que a impunidade estimula o crime, mas o contrário também tem funcionado na justiça brasileira.

“A grande corrupção gera a impunidade, porque se você tem uma corrupção alastrada no Congresso, o que você acha? Que eles vão roubar para serem punidos ou vão roubar e fazer brechas na lei para garantir a própria impunidade?”, questionou.

Dallagnol comentou sobre emendas constitucionais afirmando que são um escândalo. “Muitas delas são desviadas com uma série de ilegalidades”.

O político se destacou nacionalmente ao coordenar a força-tarefa da Operação Lava Jato. Em maio de 2023, ele teve seu mandato de deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para ele, o maior desafio na operação foi romper a impunidade. Na época, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, entendeu que Dallagnol deixou o cargo para “burlar” a inelegibilidade e disputar as eleições de 2022.

Deltan Dallagnol
Foto: Iasmim Santos/Acorda Cidade

“O nosso desafio foi vencer a impunidade quando você tinha pessoas poderosas no Brasil investigadas e iam fazer de tudo para se livrar e para retaliar os agentes da lei que lutavam para fazer justiça”.

Deltan citou nomes como o de Sérgio Cabral, ex-governador condenado em 23 processos, que somadas, as penas chegam a mais de 400 anos de prisão, mas permanece liberado do sistema prisional em prisão domiciliar. 

Na opinião de Dallagnol, o ex-ministro da justiça, Sérgio Moro, não foi cassado porque em “um outro momento da história, o Supremo Tribunal resolveu recuar, mas logo em seguida, eles começaram a criar processos criminais contra o Sérgio Moro para manter ele na coleira”, declarou. 

Sair do MP para entrar na política foi a decisão mais difícil de sua vida, disse Deltan em entrevista ao Acorda Cidade. Segundo ele, o Ministério possibilitou estabilidade tanto na progressão de carreira, quanto financeira.

Ele ainda destacou que para tornar a política melhor é preciso colocar pessoas técnicas e competentes que lutem por honestidade e integridade. “Ou seja, não é toma lá dá cá, não é politicagem”. 

Nas próximas eleições de 2026, ele confirmou que há a possibilidade de retornar para concorrer a algum cargo político. Atualmente, Dallagnol é embaixador do Partido Novo.

Para acompanhar a entrevista completa, ouça agora:

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