Polícia

Delegado faz avaliação sobre crimes registrados na zona rural de Feira de Santana; suspeitos são familiares das vítimas

O delegado Yves Correria enfatizou que muitos casos de violência, são oriundos de pessoas com problemas mentais também relacionados ao consumo de drogas.

Yves Correia
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

O Coordenador Regional de Polícia do Interior (1ª Coorpin), o delegado Yves Silva Correia, fez uma avaliação sobre os crimes registrados desde o último mês em distritos de Feira de Santana e que envolveram familiares.

No último dia 7 de maio, o pedreiro José Amorim Pires, de 50 anos, foi assassinado por golpes de faca e marretadas desferidos pelo seu próprio filho. Já na última segunda-feira (20), um homem foi preso suspeito de espancar e matar a mãe, na zona rural do distrito de Maria Quitéria.

Além dos registros de crimes que envolvem parentescos, outro ponto que a reportagem apurou, são os registros de crimes em que os autores apresentaram surtos psicóticos, como a morte do irmão da presidente da Câmara de Vereadores, que tem como autor, o vizinho da vítima.

Ao Acorda Cidade, o delegado Yves Correria enfatizou que muitos casos de violência são oriundos de pessoas com problemas mentais também relacionados ao consumo de drogas.

“Sem dúvidas é algo que a gente precisa ter cuidado, especialmente a família ficar de olho nessas pessoas, infelizmente alguns se envolvem com drogas, além de um problema ou outro mental e isso potencializa o problema, ou com drogas lícitas, o álcool, ou com drogas ilícitas, como maconha, cocaína, etc. A gente percebe que em alguns casos especificamente a gente tinha uma vítima que era alcoólatra e tinha o autor como alcoólatra, o que não deixa de ser, infelizmente, uma patologia e que acomete algumas pessoas, de modo que é importante a família ter esse cuidado com essas pessoas que estão em estado de vulnerabilidade ou passando por essa situação. É importante procurar ajuda de um profissional da saúde para de algum modo, tentar tirar essa pessoa do envolvimento com as drogas”, disse.

Yves Correria relatou as ações da polícia em relação à violência principalmente relacionados a surtos psicóticos.

Ainda de acordo com ele, caso haja comprovação de pacientes psiquiátricos envolvendo crimes de violência, as medidas de segurança implementadas são os tratamentos ambulatoriais.

“Caso tenha algum transtorno mental é importante procurar ajuda de um psiquiatra para ser medicado ou acompanhado para evitar um mal futuro maior, isso ninguém quer e até porque nós da polícia tratamos desses casos só em último caso se houver um crime, uma violência contra uma outra pessoa e aí, é lógico, essas pessoas quando cometem essas violências se tornam inimputáveis por conta do transtorno mental e para a lei, essas pessoas não aplica-se pena, mas sim medida de segurança que pode ser de internação ou de tratamento ambulatorial. Hoje, há doutrina do STJ, todos defendem medidas antimanicomial, ou seja, que não se coloca esse indivíduos em manicômios porque eles sairiam muito pior do que entraram. Então, de fato atualmente busca-se o tratamento ambulatorial para recuperar essas pessoas para o convívio social”, contou.

Sobre a possibilidade de comprovação de que o principal suspeito de ter espancado e matado a mãe na última semana no distrito de Maria Quitéria (veja aqui) apresenta problemas psicológicos, o delegado contou que a detecção será feita através de uma perícia.

“Isso é apenas a perícia para detectar, a gente não tem como a olho nu detectar isso, até porque tem alguns casos que os indivíduos fingem, então só a perícia para atestar com oitiva de parentes, a perícia específica. O próprio código de processo penal determina em que em casos que você tenha uma aparência de insanidade mental que se instaure judicialmente um incidente de insanidade mental, então, caso tenha sido provado que ele tenha algum problema mental, o Ministério Público vai instaurar esse incidente de problema mental para atestar ou não se ele estava apto ao cometimento do delito sabendo da sua conduta. Tudo vai depender da perícia”.

Yves Correria completou ainda que é de suma importância o acompanhamento de pacientes psiquiátricos com profissionais adequados, além de que não há indícios de que pacientes comprovados com transtornos mentais possam ser perigosos à sociedade.

“Nem todo mundo que tem os transtornos são pessoas perigosas e nem todo mundo que é usuário tem esse tipo de perigo, mas é sempre bom ter um cuidado, uma atenção porque está mais vulnerável, há mudanças de comportamento por conta dos efeitos dos medicamentos, então é importante demais o acompanhamento tanto da família como de um profissional adequado”.

Transferência de detentos

No último dia 12 de maio, quatro líderes de facções criminosas de Feira de Santana foram transferidos do conjunto penal para o Presídio de Segurança Máxima de Serrinha, com o objetivo de isolar os detentos, tirando a possibilidade de comunicação com demais integrantes das facções, o que resultou no aumento de crimes nas últimas semanas no município.

Sobre este assunto, Yves Correria considerou como “positiva” a transferência destes líderes, assim como já houve uma redução significativa no registro de crimes de violência no município.

“Certamente é uma transferência importante de lideranças, de facções que estavam aqui atacando o grupo contrário, então fica o recado, o Ministério Público, Judiciário, a Polícia Militar, como Federal estão de olho em Feira de Santana também para justamente dar a resposta porque ninguém quer esse banho de sangue que infelizmente é promovido por essas organizações, facções que não têm nenhum comprometimento social e que acaba levando um pânico para a sociedade feirense. Então foi muito importante essa transferência, podemos ver uma redução dos crimes, mas independente disso estamos trabalhando fortes porque mesmo nesses casos que ocorreram vários autores já foram identificados e estão nas investigações da Polícia”, concluiu.

Tratamentos psiquiátricos

Roque Morais
Roque Moraes | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ainda sobre o tratamento de pacientes psiquiátricos após o registro de crimes no município, o Acorda Cidade também conversou com o Chefe da Proteção Social Especial da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso), Roque Moraes.

Assim como mencionado pelo delegado, Roque reiterou que é de suma importância o tratamento de pessoas que apresentam sinais de distúrbios junto aos centros especializados para estes atendimentos.

Roque Moraes também reforçou o trabalho da Sedeso no monitoramento de pacientes psiquiátricos no município.

“O encaminhamento básico primeiro dos familiares é ir até o Caps, já que, na verdade, é uma situação de saúde. A gente vê que o Lopes Rodrigues, onde essas pessoas eram internadas não funcionam mais como internamento, mas existem as residências terapêuticas onde esses casos graves passam pelos profissionais capacitados para haver os tratamentos. Cabe a nós darmos assistência social acompanhar essas pessoas a nível de como elas estão sendo tratada em suas residências, crianças, adolescentes e idosos principalmente. A maior dificuldade que eu vejo é não ter a habilidade para tratar sobre essas questões. É um tema mais aprofundado, mas dizer que em Feira de Santana o Caps faz um trabalho de excelência. O número de pacientes está crescendo e tem que ser olhado, estudado as maneiras de como as pessoas ficam em seus lares, citando os dois episódios tristes que aconteceram no município”.

O Chefe de Proteção Social Especial relembrou ainda uma ação em que participou junto a órgãos municipais e estaduais no fechamento de um centro psiquiátrico sem autorização para funcionamento em Feira de Santana e que abrigava pacientes de várias cidades da Bahia.

De acordo com ele, o tratamento de pacientes deve ser feito de forma ambulatorial ou através de residências terapêuticas registradas garantindo que profissionais capacitados realizem o atendimento a este público.

“Abril do ano passado tivemos um trabalho completo a nível da rede, principalmente pública, onde foi fechada uma casa de assistência por não ter um alvará de funcionamento. Foi uma ação conjunta com o Ministério Público, a Sedeso , PRF, Caps e outras secretarias onde, enquanto Secretaria de Assistência Social, coube naquele momento o acompanhamento para onde aquelas pessoas estavam indo e a gente viu que a maioria não era de Feira de Santana, a gente vê que o problema não está só em Feira, está também em outros municípios”, concluiu.

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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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