Caso Patrícia Neves

"Ser delegada não a reveste de colete à prova de machismo ou de maldade", declara titular da Deam sobre morte de Patrícia Neves

Clécia Vasconcelos ressaltou que o o fato de uma mulher ser delega ou estar em uma posição de poder não a torna imune a violência.

Delegada Patrícia Neves Jackes Aires
Delegada Patrícia Neves Jackes | Foto: Redes Sociais

O assassinato da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, de 39 anos, na madrugada do último domingo (11), segue gerando reações de indignação. Em entrevista ao Acorda Cidade, a delegada Clécia Vasconcelos, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Feira de Santana, revelou como recebeu a notícia de que a colega de profissão foi assassinada pelo ex-companheiro.

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“Com muito pesar, tristeza e indignação. E muitos podem falar: ‘Mas era uma delegada!’ Não, é uma mulher e essa condição de mulher torna todas nós vulneráveis. Independente de ser delegada, juíza, médica ou faxineira. Não importa a conjectura ou o contexto. Eu poderia falar do machismo ou dos valores do patriarcado, mas eu prefiro neste momento falar da covardia de um homem”, disse a delegada.

Clécia Vasconcelos, titular da Deam de Feira de Santana
Delegada Clécia Vasconcelos, titular da Deam de Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Os colegas policiais descrevem Patricia Neves como uma delegada que era experiente e que trabalhou por muito tempo combatendo todo o tipo de violência contra a mulher no Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher da Deam de Santo Antônio de Jesus. Clécia Vasconcelos ressaltou que este fato não garantiu que Patrícia estivesse imune à violência.

“Isso [ser delegada] não a reveste de um colete à prova de machismo ou à prova de maldade. O fato dela ser uma delegada de polícia e trabalhar numa delegacia da mulher não a privilegia em encontrar um homem decente, companheiro, um homem que tenha abril, que tenha valores, que não seja um animal. Podem dizer ‘Ah, mas ela sabia! Ou ‘Ah, uma delegada!’, esse julgamento não nos pertence. Era uma mulher que amou e foi morta por esse indivíduo”, declarou.

Para Clécia, o assassinato de uma mulher, que era mãe, delegada que atuava no combate à violência de gênero e neste mês dedicado à lei Maria da Penha, é um símbolo do quanto se precisa avançar quando o assunto é violência contra a mulher, seja ela de qualquer tipo.

“Um sentimento que deve nortear todos os cidadãos, inclusive os homens: Como um indivíduo pode matar uma mulher? É uma questão de empatia. Uma família foi destruída. Ela tinha um filho, ela tinha uma mãe, ela tinha amigos. Então, não é pelo fato de ser tão somente mulher. É pelo fato de uma vida que se foi. A gente tem que privilegiar, e visualizar a pessoa. É um ser humano”, disse a titular da Deam de Feira de Santana, Clécia Vasconcelos, ao Acorda Cidade.

A delegada destacou formas de combate. “A denúncia é importante e principalmente se reconhecer como uma vítima que está num relacionamento abusivo. Às vezes é difícil dessa mulher se desvencilhar, se sair de um relacionamento abusivo. A gente sabe quando uma coisa não é boa. Mas a gente às vezes insiste. Esta é a importância de um apoio psicológico para se fortalecer e sair desse embate, dessa coisa da violência”, finalizou Clécia Vasconcelos.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Andrea Trindade

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