Costa do Sauipe

Empresa responsável por Arena que desabou diz que seguiu normas

Dez operários se equilibravam a 25 metros de altura; outros 70, no solo. Um operário morreu e outros 30 ficaram feridos.

Acorda Cidade

Dez operários se equilibravam a 25 metros de altura; outros 70, no solo, finalizavam a arena montada para um evento do banco Bradesco no Complexo Hoteleiro de Costa do Sauipe, quando a estrutura cedeu nesta quarta-feira (13) pela manhã. Um operário morreu e outros 30 ficaram feridos.

 
Tudo veio abaixo: metal, madeira e lona que cobriam quase 6 mil m² de área. A obra estava sob responsabilidade da empresa paulista TV1 Eventos. A empresa confirmou que a vítima fatal foi o operário Zilmar Neves dos Santos, 32 anos. De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), ele teria ficado preso embaixo da estrutura e morreu durante o resgate.
 
O acidente foi na área verde do complexodestinada para a montagem de estruturas provisórias para eventos —, a pouco mais de três quilômetros da portaria principal.
 
“Foi uma tragédia. Nunca vi nada assim, na televisão. Ver seus colegas feridos, gritando de dor ”, contou o operário José Santana Santos, 41, que trabalhava na climatização e iluminação do local, e levou 15 pontos na testa. “Teve gente que fraturou as pernas, quebrou os braços. Estou traumatizado”, disse José após ser atendido no Hospital Geral de Camaçari (HGC).
 
A estrutura era montada cerca de um mês para uma festa em comemoração aos 70 anos do banco, que aconteceria para os gerentes no fim de semana. Testemunhas afirmam que a obra para a montagem da arena parou no recesso de Carnaval e foi retomada às pressas ontem.
 
Pronta, a arena teria capacidade para abrigar 3.500 pessoas, de acordo com a TV1. A perícia vai determinar a causa do acidente. “Estavam montando tudo rápido. Tinham que correr porque o evento do banco era no final de semana”, contou a auxiliar de limpeza Raiane Oliveira.
 
Com a cabeça enfaixada e o braço engessado, o montador Altair Ribeiro, 24, trabalhava na colocação da lona. “Só na parte de cima da tenda, tinha umas dez pessoas. A gente colocou a última peça, que devia amarrar a lona, quando tudo caiu. Meus colegas caíram e eu saí rolando”, contou antes de ser transferido do HGC para o Hospital Português.
 
Socorro
Pelo menos 10 ambulâncias fizeram o deslocamento das vítimas para os hospitais. De acordo com a Sesab, duas vítimas estavam em estado grave — mas não foi informado para onde essas vítimas foram socorridas.
 
Segundo a administração do HGC, dos 18 feridos encaminhados à instituição, três foram transferidos para o Hospital Português. Outras duas vítimas para o Hospital Geral do Estado (posteriormente encaminhadas para a Clínica Ortopédica e Traumatológica) e duas para o Hospital do Subúrbio. Onze permanecem na unidade.
 
Oito vítimas ainda foram encaminhadas ao Hospital Menandro de Faria, em Lauro de Freitas. Dessas, uma teve alta, outra foi encaminhada ao Hospital Roberto Santos e seis para o Hospital do Aeroporto —  sendo uma em estado grave. Enquanto o CORREIO estava no Menandro de Farias, três novas vítimas chegaram com escoriações leves. No início da noite de ontem, a TV1 declarou que 27 pessoas foram hospitalizadas em seis hospitais. Dessas, 11 já foram liberadas.
 
Desaparecido 
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil, Montagem e Manutenções (Sinditiccc), Antônio Ubirajara, afirmou nesta quarta à noite que há, pelo menos, um trabalhador desaparecido na obra. A informação não foi confirmada pela TV1.
 
“Fomos informados que não localizaram o colega conhecido por Galego. Por isso, achamos que pode ter alguém soterrado”, afirmou. Hoje, o sindicato deve fazer uma assembleia em frente à obra.
 
Um fiscal do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) também esteve na área do acidente. Uma avaliação completa será feita, hoje, pela assessoria técnica do órgão.
 
Cancelado 
Através da assessoria de comunicação, o banco Bradesco lamentou o acidente e informou que está prestando assistência aos feridos. O banco também declarou que vai aguardar a apuração das causas do acidente e cancelou o evento que ocorreria no Litoral Norte.
 
Segundo o Bradesco, a responsabilidade das obras é da TV1. O grupo, por sua vez, informou que “empresas de infraestrutura subcontratadas” trabalhavam nas obras para o evento, e que a obra estava sendo realizada dentro de todas as especificações e normas de segurança exigidas por lei.
 
De acordo com a nota, a empresa diz estar focada no apoio integral às vítimas e seus familiares. O presidente da TV1, Sérgio Mota Mello, viajou ontem para o local do acidente.
 
Hóspedes assistiram a resgate
Hóspedes que estavam no Complexo Hoteleiro da Costa do Sauipe, no momento do desabamento, ficaram assustados com o entra e sai de ambulâncias. Apesar de área onde era construída a tenda  ficar afastada dos hotéis, a família da pedagoga Patrícia Tavares acompanhou o trabalho de resgate.
 
“Vi entre 20 e 25 pessoas feridas, com fraturas expostas. No início, as ambulâncias chegavam apenas com equipe de enfermagem. Minhas filhas, que são da área de saúde, ajudaram no atendimento aos feridos”, contou Patrícia, quando deixava o complexo, no final da manhã.
 
O administrador Flávio Nogueira também foi abordado para tentar ajudar os feridos. “Funcionários do complexo me perguntaram se eu era médico para ajudar no resgate”, relatou pouco depois de cruzar a saída. O contabilista Gilson Alves de Souza também testemunhou o desespero das vítimas.
 
“Todo mundo estava preocupado. Havia muitas pessoas feridas”, disse. Em nota, a diretoria da Costa do Sauipe diz lamentar o ocorrido e informa que a área do acidente não interfere na operação dos hotéis, “não havendo portanto risco para os hóspedes”. Entre os feridos não estavam hóspedes ou funcionários do complexo. As informações são do Correio.
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