Responsável pela execução das atividades mais simples do dia a dia até as mais complexas, o cérebro é um dos órgãos mais intrigantes do corpo humano. Ele garante que as ações, voluntárias ou involuntárias, como andar, falar, ler, escrever, sentir ou planejar, sejam realizadas. Ainda cercado de alguns mistérios em seu funcionamento, o cérebro tem um dia dedicado para lembrar da sua importância.
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Nesta segunda, dia 22 de julho, é comemorado o Dia Mundial do Cérebro. O Acorda Cidade conversou com o médico neurologista, Rui Nei Santana, que contou algumas particularidades desse órgão, além de trazer dicas de como manter o cérebro em pleno funcionamento.
O médico lembra que sem o cérebro o ser humano não é capaz de desenvolver nem mesmo as tarefas simples e que até mesmo quando ocorre o diagnóstico de morte cerebral, o corpo continua funcionando, mas sem o cérebro o paciente não tem como continuar a viver.
Rui Nei Santana destaca que nos últimos 20 anos, os estudos vêm mostrando o impacto do pensamento, da consciência e das emoções. Segundo ele, antes o cérebro só era estudando na doença e agora está sendo estudado as emoções, o que é algo extremamente inovador e que certamente trará mais conhecimento sobre esse órgão.
Saúde do cérebro
O médico destacou dicas importantes para estimular o cérebro e manter a saúde do órgão em dia. Uma das principais dicas é a hidratação. “A gasolina do nosso corpo é a água. O sangue vai carregar essa água, que é essencial para o cérebro trabalhar. Quando a gente bebe menos água, o sangue fica mais lento e o cérebro recebe menos gasolina e fica irritado, desse modo podem ser desencadeadas uma série de doenças”, explicou.
A segunda dica do médico é manter uma boa noite de sono. “A memória é formada durante o sono de boa qualidade. Então a dica é: durma bem, pois o cérebro que dorme bem se desenvolve melhor”.
Em terceiro lugar na busca pela manutenção da saúde do cérebro, a dica é manter uma alimentação saudável. O médico destacou que as pessoas devem procurar uma alimentação colorida, com frutas, verduras, além de ter cuidado com os excessos.
A espiritualidade também está no pilar da manutenção da saúde do cérebro. De acordo com Rui, o fortalecimento da espiritualidade é comprovado cientificamente, como um dos principais cuidados com o órgão. “A pessoa que se desenvolve em um relacionamento com algo transcendental, de espiritualidade, uma conexão com algo além da sua vida material, o cérebro apresenta mudanças nas conexões, desse modo, o cérebro se torna mais jovem”, afirmou.
Os exercícios físicos também são poderosos para a saúde do cérebro. Segundo o médico, quem faz atividade física tem o cérebro mais jovem. “É como se fosse uma bomba, a atividade empurra o sangue para o cérebro, assim o cérebro vai receber uma qualidade de nutrientes para ele entregar o melhor para o corpo. Dê preferência a uma atividade que você goste porque é importante manter a frequência”, destacou.
Os sentimentos também impactam no bom funcionamento do cérebro. De acordo com o neurologista, o amor é o primeiro sentimento da lista. “As pessoas reagem bem a carinho, amor e atenção. Quer cuidar mais do seu cérebro? Então fique perto de pessoas que cuidam bem de você”.
Outro sentimento citado pelo médico é o perdão. “A mágoa causa o chamado looping negativo no cérebro, que é a produção de substâncias que te matam aos poucos e causam inclusive o câncer. Isso é cientificamente comprovado. Nem sempre perdoar é fácil, mas é possível”, salientou.
A empatia, a gratidão e o auto perdão também devem ser sentimentos cultivados pelo ser humano. “Busque ser empático e entender o sofrimento dos outros. Agradeça até mesmo por coisas difíceis. A ciência comprova que quem agradece têm cérebros mais robustos. Além disso, tenha piedade de você. As pessoas se culpam demais por algo ruim que fizeram. A dica é se perdoar e tentar mudar”, aconselhou o médico.
Envelhecendo com saúde
Para manter o cérebro ativo, mesmo com o passar dos anos, o neurologista Rui destaca a importância de cultivar bons relacionamentos, além de sempre buscar novos estímulos através da busca por aprender novas atividades.
“Tenha amigos e busque manter convivências harmônicas para ter o cérebro mais saudável na velhice. Pessoas que fazem isso até os 50 anos, geralmente chegam aos 80 anos com o cérebro mais saudável. Busque sempre aprender uma coisa nova, mesmo na velhice. Se você tem netos, fica perto do neto que você vai aprender muita coisa diferente. Relacione-se com as pessoas. Uma pesquisa de Harvard comprovou que o principal fator que impacta o cérebro saudável na velhice é cultivar bons relacionamentos”, afirmou.
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Com relação aos esquecimentos, o médico disse que eles ocorrem especialmente para aquelas pessoas que têm algum tipo de doença que afeta a memória ou quando a pessoa entra em uma vida mais acomodada, fazendo todos os dias as mesmas coisas. “Essa pessoa não conversa coisas diferentes, não aprende nada novo. Quando as pessoas param de usar o cérebro, ele atrofia e aumenta a chance até mesmo de Alzheimer”.
Impactos da tecnologia
Segundo Rui Santana, a tecnologia favorece novas conexões cerebrais. Ele cita como exemplo a inteligência artificial e destaca que apesar das tecnologias que chegam para facilitar nosso dia a dia, nós não podemos nos acomodar.
“Nenhum de nós sabíamos utilizar a inteligência artificial. Estamos aprendendo e na medida que a gente vai aprendendo, o cérebro faz novas conexões. Isso nos torna mais inteligentes. O que não podemos é nos acomodar, como por exemplo, só fazer contas com auxílio de uma calculadora. Sempre busque aprender algo novo e trabalhar o cérebro”, disse.
A importância dos estímulos
O médico neurologista falou ainda sobre a importância de manter o cérebro ativo através de estímulos positivos.
“Quanto mais estímulo a criança tiver, mais ela se desenvolve. O estímulo que mais impacta o desenvolvimento da criança é o amor. Estudos comprovam que em todas as fases do aprendizado, de 0 aos 18 anos, o único fator que impacta em todas elas é o carinho, o amor e a atenção. Se eles recebem palavras duras, se apanham, se vivem situações de conflitos familiares, onde não há amor, a tendência é que o cérebro tenha menos desenvolvimento ou desenvolva coisas que não são tão positivas. Do contrário, quando recebem amor e atenção, o cérebro se desenvolve mais, as crianças se tornam mais inteligentes e se tornam adultos mais empoderados, maduros e capazes”, destacou.
E o que são os neurônios?
O médico explicou que os neurônios são as células do cérebro. Segundo ele, o cérebro é uma massa que tem eletricidade e quem conduz essa eletricidade para tudo funcionar no corpo, são as células, que são chamadas de neurônios. “Eles que conduzem todas as informações que o cérebro cria para o corpo e daí o corpo faz o que o cérebro quer. Também são eles que recebem as informações do corpo para dizer para o cérebro como nós estamos”.
Rui falou ainda sobre a perda de neurônios. De acordo com ele, as crianças de até dois anos têm mais ou menos 2 bilhões a mais de neurônios que os adultos. Após os dois anos de idade, o ser humano perde todo ano uma certa porcentagem de neurônios. Mas o que fazer para repor? “Aprender coisas desafiadoras como uma nova atividade física, um novo idioma, por exemplo”, disse o médico.
Cérebro superdotado
O médico Rui Nei Santana ainda falou sobre os cérebros superdotados, que segundo ele, tem algumas áreas que funcionam em ultra velocidade. “Por exemplo, pacientes autistas têm cérebros superdotados e conseguem fazer coisas que outras crianças não conseguem. Mas isso não quer dizer que o superdotado seja mais inteligente em tudo. Não existe cérebro perfeito, tudo pode ser trabalhado”, destacou.
Ouça a entrevista na íntegra:
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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